Descentralização das varas e o caos já eminente
(...) Quando
discutimos isso no ano passado eu publiquei aqui, (textual) “é irreversível, o
projeto da descentralização, compõe o elenco da globalização, preconizado ipisis
litteris no sentido de melhorar a qualidade de vida da população e o meio
ambiente”.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
20.03.15
A primeira instância dos tribunais sempre
esteve e continua estando relegado ao plano secundário nas relações
político-administrativa da justiça, e com isso com o passar do tempo toda sua
estrutura acabou mergulhada no caos total. Falta servidores (mesmo aqueles para
os postos de reposição), o quadro de magistrados e servidores afastados por
doença, licença e aposentadorias contribuem fortemente para ao agravamento.
Inexiste de fato qualquer tipo de relação para que isso se resolva, a não ser
nas questões que tratam de promoções dos juízes e agora por último a
descentralização das varas.
É ruim, péssimo para a sociedade, para o
estado, e propriamente aos seus atores, que são diariamente cobrados pelos que
litigam no judiciário brasileiro. Para somar a isso tudo, a imagem do país, que
já não anda bem no exterior, devido à crise moral e política e
econômico-financeira que atravessa, acrescenta mais este de ordem funcional de
sua justiça.
Afinal quem comanda o judiciário brasileiro?
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ)? Mas estaria ele dotado, ungido e
capacitado para realmente resolver essas questões alarmantes, que redundam por
todas as formas, data maxima venia, em morosidade e má prestação dos serviços
jurídico-jurisdicional aos que litigam na justiça.
Vozes do desespero, em resposta ao clamor
público, a exemplo da ex-corregedora geral do CNJ ministra Eliane Calmon,
cunhando sua frase “bandidos da toga”, ou o “caso” de outro magistrado
insolente, desastrado e inconsequente, que se apropria de um carro de luxo, do
empresário investigado e processado Eike Batista, como se isso fosse absolutamente
normal, e uma boa desculpa resolveria tudo? Na verdade o judiciário brasileiro
sempre navegou em “curso próprio”.
Nunca, em tempo algum, se tem notícia de que
o judiciário, principalmente no primeiro grau ditasse normas administrativas ou
tenha de fato o acesso ou interlocução nas suas mais altas Cortes. Em suma:
fala por si mesmo, e fica por isso mesmo!
A solução poderia vir com a aprovação da participação dos
juízes nas eleições para os tribunais? Mas isso depende de alteração
constitucional, que estabelece: “os tribunais elegerão seus órgãos diretivos”.
Estaria a magistratura através de sua poderosa AMB, em condições de negociar e
alcançar êxito numa empreitada desse porte? Afinal, em meio à crise maior, isso
seria prioridade? Eis que para mudar a Carta, é necessário o voto de 357
parlamentares.
Ainda permanece esse bullying indigesto do Processo judicial Eletrônico, não por sua
natureza e necessidade frente à modernização, mas pelo formato, e a introdução
do projeto, sem oferecer a opção de escolha num período experimental para
adaptação, tanto para o advogado quanto ao próprio judiciário. Mas não! A sua
introdução tinha que ser “dolor”, com todos os danos que pudesse causar ao
jurisdicionado, trazendo enorme e irrecuperável prejuízo aos advogados
autônomos e escritórios.
Na justiça trabalhista não podia ser
diferente, aqui sim, o advogado conheceu o “mundo cão”. No Rio de Janeiro, caos
e catástrofe sem precedente. Dezenas de centenas de vezes ao longo de três anos
a agonia de uma justiça parada, estática, sem resposta, sem acesso e sem
respeito à sociedade. Isso obrigou a
Ordem dos Advogados desembolsar uma fortuna para enfrentar esse desmando em
nome da modernização, enfadonha e frenética. Agora mal, começa ser superado, ou
melhor: (acostumado ao sofrimento), vem à descentralização das varas trabalhistas.
Quando discutimos a matéria no ano passado
eu publiquei aqui, (textual) “é irreversível, o projeto da descentralização,
compõe o elenco da globalização, preconizado ipisis litteris no sentido de melhorar a qualidade de vida da
população e o meio ambiente”. Vale lembrar que o recém-empossado o presidente
do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro desembargador Luiz Fernando Ribeiro
Carvalho sinalizou que perseguirá a meta de melhorar as condições da primeira
instância.
De acordo com ele, a estrutura do primeiro
grau “está em descompasso” com a demanda recebida. “Existe essa defasagem que
agora nos obriga a um esforço redobrado para resgatar o funcionamento da
primeira instância”, disse o presidente do TJ-RJ em entrevista à revista
eletrônica Consultor Jurídico.
De fato esta deve ser a posição do jurisdicionado todo. A base do judiciário
é a primeira instância, da mesma forma que a base da sua estrutura, é os que
alimentam todo aparelho jurisdicional com suas demandas, que chegam diariamente
aos milhares nas varas espalhadas por todo país.
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