Demissões e pesquisas. Para surpresa de
Dilma
Fernando Camara
11.02.15
Acostumada
a dar ordens e exigir o cumprimento, a presidente foi surpreendida pelo motim
da diretoria da Petrobras. Depois da decisão de Graça Foster em antecipar sua
saída, Dilma teve que improvisar. Mexeu No Banco do Brasil por dois motivos:
primeiro, não tinha em mãos um nome forte que pudesse dispor antes de publicado
o polêmico balanço trimestral em atraso. Além disso, precisava na Petrobras de
alguém disposto a gerir a empresa sem atacar o governo.
Aldemir
Bendine surge no horizonte da Petrobras como alguém obediente. Foi o homem
obrigado a baixar os juros, aumentar o crédito, comprar bancos no exterior.
Desafeito ao setor de petróleo e gás, terminou eleito longe da unanimidade
esperada pelo Planalto, o que é significativo nesse contexto.
Neste
primeiro momento, Bendine não traz esperança de credibilidade aos funcionários,
ao mercado, à classe política e à Nação. Será sempre conhecido pela
generosidade prestada a Val Marchiori. Chegou sem dar uma entrevista que acalme
os interessados. Não disse se tem um plano, ou alguma estratégia para fazer a
empresa retomar a rotina de produção e comercialização. Ele tem algo a dizer
sobre o preço do combustível mais caro do mundo, o praticado pela Petrobras?
Pesquisas
refletem descompasso no Planalto e no PT
Da
mesma forma que ninguém entendeu por que os ministros palacianos assumiram a
campanha de Arlindo Chinaglia a presidente da Câmara expondo o governo à
derrota, ninguém conseguiu explicar a nomeação de Mangabeira Unger para a SAE.
Além de citações folclóricas a respeito do ministro, não se acrescentou nada de
especial à base governista ou ao público em geral.
Dentro
da base, aliás, nem o PT se mostra satisfeito. Na última semana, depois de
derrota de Chinaglia, Dilma trocou o líder do governo na Câmara, abrindo um
espaço à ala do partido que se julga colocada para escanteio. Mas não resolveu
o problema de espaço para todas as tendências. Houve que quem sugerisse que ela
faltasse á festa de aniversário do partido na última sexta-feira, mas a emenda
ficaria pior que o soneto. Ela foi, passou a ideia de estar muito bem com Lula
e obteve o apoio do partido. Pelo menos, em público.
Lula
foi direto ao dizer que o PT deve se voltar às ruas e à base. Significa que
deseja blindar o governo para o pior, ou seja, o avanço de uma proposta que
venha abreviar o mandato de Dilma, o “impeachment”, palavra que eles não
pronunciam enquanto não tiverem a exata extensão dos estragos da Lava Jato.
Uma
Operação do barulho
A
nona etapa da operação policial tornou mais claro os modo operandi dos que
praticavam as irregularidades e crimes, e mostrou que há metástase na BR
Distribuidora. Não foi esclarecido se todos os diretores estão envolvidos, caso
estejam, os parlamentares dos partidos que os indicaram, PTB, PT e PMDB
voltarão às páginas policiais. Aguardamos a apresentação dos nomes dos
parlamentares e quais consequências sofrerão as empresas.
Na
Câmara
A
semana foi de comemoração do PMDB e seus aliados. O ponto quente desta semana
política, que vai de hoje até quarta-feira, será a escolha do líder do PMDB. A
briga virá antes da escolha das comissões técnicas da Casa, o que permitirá ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, compensar os derrotados com espaço de
poder nesses colegiados.
O PT ficou de fora da Mesa e ficará de fora das presidências das principais comissões. O PSDB também perdeu espaço ao ficar fora do bloco peemedebista. Apesar de meio alijada do espaço de poder, o PSDB segue aguerrido. O deputado Bruno Araújo, PSDB/PE, no papel de líder da minoria, ganhou os seus 15 minutos de fama, ao levar para o plenário a gravação da presidente Dilma anunciando a redução de preços da energia elétrica, no ano passado e declarando que o país jamais passaria por racionamento de energia novamente.
O PT ficou de fora da Mesa e ficará de fora das presidências das principais comissões. O PSDB também perdeu espaço ao ficar fora do bloco peemedebista. Apesar de meio alijada do espaço de poder, o PSDB segue aguerrido. O deputado Bruno Araújo, PSDB/PE, no papel de líder da minoria, ganhou os seus 15 minutos de fama, ao levar para o plenário a gravação da presidente Dilma anunciando a redução de preços da energia elétrica, no ano passado e declarando que o país jamais passaria por racionamento de energia novamente.
No
Senado
Se o
PSDB, embora minoria, dá trabalho na Câmara, imagine no Senado, onde estão hoje
os grandes quadros do partido. Aécio Neves, José Serra, Tasso Jereissati,
Aloysio Nunes Ferreira. O debates virão fortes e fazem parte do jogo. Essa
semana, inclusive, devem prosseguir com as definições dos presidentes das
comissões técnicas da Casa. Será uma prévia da definição na Câmara, que ficará
para depois do carnaval.
No
mérito
Quanto
aos projetos, nessa fase da vida parlamentar, todos aqueles apresentados por parlamentares
que tiveram o seu mandato interrompido na legislatura passada serão arquivados.
Importantes propostas, entretanto, deverão ser retomadas, como o da Comissão
Especial da Regulamentação dos artigos da Constituição, o Código Comercial, O
dos Resíduos Sólidos. Vamos acompanhar a evolução dos fatos políticos em torno
destes temas.
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