SEM O GOLPE DE 64, JK, BRIZOLA E LACERDA SERIAM
PRESIDENCIÁVEIS EM 65.
HELIO
FERNANDES
REPRISE
Juscelino
passou o governo a Janio em 1960, e na transmissão, oficialmente lançou sua
candidatura para dentro de cinco anos. Só o ciclo democrático desta República
cheia de interrupções e sem eleições, o “trafego peralta”, já tramava com
militares golpistas e ambiciosos, a denuncia para voltar com “plenos poderes”.
Carlos
Lacerda era candidatissimo, podia não ganhar, mas já estava lançado, tinha um
partido, a UDN, que também queria que fosse candidato.
Os
governadores dos maiores estados eram candidatos, (Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães
Pinto, Mauro Borges, Ney Braga, Brizola) e mais Juscelino, possivelmente
concorreriam. Com a posse de João Goulart, que começo logo a conspirar surgiram
os militares. E deu no que deu, 21 anos perdidos, e até hoje não recuperados, e
um futuro cada vez mais incerto e duvidoso.
.
Sempre
querem saber se sou de esquerda, centro ou de direita. Vou completar 97 anos,
já fiz 80 de jornalismo. Digamos que tenha levado 10 anos de formação, com 254
anos para a Revista “O Cruzeiro”, a cobertura da constituinte que promulgou a
bela Constituição de 1946.
Foi
histórica para o Brasil e para a minha carreira. A partir daí dirigi jornais e
revistas, inovei, atuante, participante, beligerante cassado em 1966 quando era
candidato a deputado pelo MDB da oposição à ditadura.
Com a
volta da suposta democracia, em 1980, Brizola me convidou para candidato a senador,
ele governador. Logo depois, Tancredo Neves, candidato a governador de Minas, também me convidou para senador, aceitei. No
lançamento da minha entrada no seu partido, afirmou e informou com aquele
vozeirão: “Estamos incorporando ao partido o jornalista Hélio Fernandes,
candidato a senador e o maior oposicionista que o Brasil já conheceu”.
Logo
depois Figueiredo extinguia os partidos, o quadro mudou completamente.
Como falei
antes, a Junta Militar assumiu, tentou governar, não havia jeito. Enquanto
Castelo Branco garantia a JK: “Presidente, só quero confirmar e realizar a
eleição de 1965. E não posso fazer isso, sendo o Chefe de Governo Provisório,
como Vargas em 1930”. Já confundiam o golpe de 64 com o de 30.
Castelo
continuou mentindo descaradamente para JK: “O senhor é o mais interessado na
eleição de 1965, já é candidato desde que deixou o cargo em 1961. Preciso ser
aprovado e referendado pelo Congresso”. Juscelino acreditou e aceitou,
surpreendeu o Congresso com a proposta. Os parlamentares não tinham alternativa
nem força concordaram.
Depois das
cassações do “Primeiro de Abril”, JK que era senador, foi o primeiro preso
cassado, perseguido. Até que foi para o exterior. O golpe de 64 se dividiu
entre Castelo apoiado por Golbery e os irmãos Geisel, e a “Junta” de Costa e
Silva.
Separados,
divididos, em pânico com a força de Costa e Silva, o golpe se apossou do Poder.
E a tortura se materializou logo, ainda informal. Mas do plano conhecido de
Castelo, Geisel (Chefe da Casa Militar) e Golbery. Este o “homem fortíssimo” de
tudo, apesar de general da reserva.
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