Titular: Helio Fernandes

quarta-feira, 18 de julho de 2018


SEM O GOLPE DE 64, JK, BRIZOLA E LACERDA SERIAM PRESIDENCIÁVEIS EM 65.

HELIO FERNANDES

REPRISE

Juscelino passou o governo a Janio em 1960, e na transmissão, oficialmente lançou sua candidatura para dentro de cinco anos. Só o ciclo democrático desta República cheia de interrupções e sem eleições, o “trafego peralta”, já tramava com militares golpistas e ambiciosos, a denuncia para voltar com “plenos poderes”.

Carlos Lacerda era candidatissimo, podia não ganhar, mas já estava lançado, tinha um partido, a UDN, que também queria que fosse candidato.

Os governadores dos maiores estados eram candidatos, (Lacerda, Ademar de Barros, Magalhães Pinto, Mauro Borges, Ney Braga, Brizola) e mais Juscelino, possivelmente concorreriam. Com a posse de João Goulart, que começo logo a conspirar surgiram os militares. E deu no que deu, 21 anos perdidos, e até hoje não recuperados, e um futuro cada vez mais incerto e duvidoso.
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Sempre querem saber se sou de esquerda, centro ou de direita. Vou completar 97 anos, já fiz 80 de jornalismo. Digamos que tenha levado 10 anos de formação, com 254 anos para a Revista “O Cruzeiro”, a cobertura da constituinte que promulgou a bela Constituição de 1946.

Foi histórica para o Brasil e para a minha carreira. A partir daí dirigi jornais e revistas, inovei, atuante, participante, beligerante cassado em 1966 quando era candidato a deputado pelo MDB da oposição à ditadura.

Com a volta da suposta democracia, em 1980, Brizola me convidou para candidato a senador, ele governador. Logo depois, Tancredo Neves, candidato a governador de Minas,  também me convidou para senador, aceitei. No lançamento da minha entrada no seu partido, afirmou e informou com aquele vozeirão: “Estamos incorporando ao partido o jornalista Hélio Fernandes, candidato a senador e o maior oposicionista que o Brasil já conheceu”.

Logo depois Figueiredo extinguia os partidos, o quadro mudou completamente.

Como falei antes, a Junta Militar assumiu, tentou governar, não havia jeito. Enquanto Castelo Branco garantia a JK: “Presidente, só quero confirmar e realizar a eleição de 1965. E não posso fazer isso, sendo o Chefe de Governo Provisório, como Vargas em 1930”. Já confundiam o golpe de 64 com o de 30.

Castelo continuou mentindo descaradamente para JK: “O senhor é o mais interessado na eleição de 1965, já é candidato desde que deixou o cargo em 1961. Preciso ser aprovado e referendado pelo Congresso”. Juscelino acreditou e aceitou, surpreendeu o Congresso com a proposta. Os parlamentares não tinham alternativa nem força concordaram.

Depois das cassações do “Primeiro de Abril”, JK que era senador, foi o primeiro preso cassado, perseguido. Até que foi para o exterior. O golpe de 64 se dividiu entre Castelo apoiado por Golbery e os irmãos Geisel, e a “Junta” de Costa e Silva.

Separados, divididos, em pânico com a força de Costa e Silva, o golpe se apossou do Poder. E a tortura se materializou logo, ainda informal. Mas do plano conhecido de Castelo, Geisel (Chefe da Casa Militar) e Golbery. Este o “homem fortíssimo” de tudo, apesar de general da reserva.

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