Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 17 de outubro de 2017

BRASILEIROS DECLARAM QUE DENUNCIARIAM PROPINA. AGENTES PÚBLICOS SÃO PROPINEIROS POR CULTURA. CARMEN LÚCIA QUEM DIRIA, DERRAPOU. VOTO DA MINISTRA TIROU STF DO SUFOCO. UM VOTO NO SENADO PODE DECIDIR O FUTURO DE AÉCIO. SENADORES CONTABILIZAM 42 VOTOS PARA AÉCIO

ROBERTO MONTEIRO PINHO

Pesquisa da Transparência Internacional, divulgada esta semana, ouviu 22.302 pessoas com idades a partir de 16 anos, em 20 países. A margem de erro é de 2,8% e o nível de confiança, 95%. A pesquisa revelou que 11% dos brasileiros assumiram “pagar propina para ter acesso a serviços públicos, como saúde, educação, serviço de polícia ou emissão de documentos”.

O resultado coloca o Brasil com o segundo menor índice da América Latina e Caribe, atrás apenas de Trinidad e Tobago, onde 6% admitiram pagamento de propina.

Apesar dos números, 81% dos entrevistados brasileiros disseram que, se presenciassem um ato de corrupção, estariam dispostos a denunciá-lo. Entre maio e junho de 2016, período em que a Transparência Internacional ouviu entrevistados do país, 78% achavam que a corrupção tinha aumentado nos 12 meses anteriores.

Se a corrupção galopa e açoda o povo brasileiro, a mais alta corte do país o STF acaba de acrescentar ainda mais esse veneno na veia do brasileiro, sendo protagonista das mais inescrupulosas e surpreendentes decisões, nos processos que envolvem políticos.

No dia 10 de outubro o Supremo revelou mais uma das suas facetas. A festejada ministra Cármen Lúcia mostrou que de escorreita e pura não têm nada. Tão mortal quanto aos demais membros da Corte. Ao votar deixou nítido que levou o voto pronto. Começou dizendo que “imunidade não é sinônimo de impunidade” e que acompanharia “em quase tudo o voto do relator Edson Fachin”.

A decisão por 6 a 5 empurrou o destino de Aécio no colo do Senado. Foi um relato confuso com muitas folhas impressas. Um voto mal redigido, sem consistência, talvez elaborado pela equipe, sem que ela lesse o texto antes de ir a plenário. Para eu que já integrei Turma em Tribunal Superior, o fato não me é estranho, essa tem sido a pratica constante, num judiciário que navega em “águas turvas”.

Esse modelão tupiniquim da mais alta Corte do país é uma réplica grosseira da série “Jogos Vorazes”, onde por mais que sejam os resultados pontuais, no final a mocinha sempre vence. Nesse caso a corja política que se vale da moeda do “favor” do legislativo que constantemente, concede os pleitos do lobby da magistratura naquela casa legislativa.

A saga do corporativismo se estende agira ao Senado Federal. Os senadores intensificaram a articulação por uma votação secreta para deliberar sobre as medidas cautelares e o afastamento impostos ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). O objetivo é diminuir o desgaste de senadores que pretendem reverter a suspensão das funções parlamentares do tucano.

Há muito se discute a maldição do “voto secreto”. Não pouco os votos por procuração, como é o caso das eleições que transcorrem nas Amatras (leia-se Justiça do Trabalho), onde juízes elegem seus dirigentes classistas através de procuração.

De fato o regimento interno do Senado prevê votação secreta para deliberação sobre prisão de parlamentar.
No entanto a doce Constituição Federal, não diz que modelo deve ser adotado. Ou seja, apensar de seu imenso e precioso (entre aspas) texto até 2001, o artigo 53 estabelecia votação secreta - a expressão foi suprimida pela Emenda Constitucional 35.
Bem lembrado em novembro de 2015 no caso da prisão do senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS), o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou realizar a votação de forma sigilosa. Parlamentares, no entanto, reagiram e entraram com um mandado de segurança contra a iniciativa.
O pedido foi deferido pelo ministro Edson Fachin com base na Emenda Constitucional 35. "Não havendo menção no art. 53, § 2.º, da Constituição, à natureza secreta da deliberação ali estabelecida, há de prevalecer o princípio democrático que impõe a indicação nominal do voto dos representantes do povo".
Não se pode duvidar de que o no caso do senador Aécio Neves, o formato seja o preferido pelo próprio parlamentar.

Não muito poderoso, no entanto articulado e por contar com a simpatia de muitos colegas, Aécio, da mesma forma que venceu no STF, vencerá também no Senado Federal.



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