AUDACIOSO MAS AUTORIZADO, O
CORRUPTO CUNHA, DÀ
ENTREVISTA CLAMOROSA, VIRA CAPA DE REVISTA
HELIO FERNANDES
Para ele,
entrevista GLAMUROSA, diferença de apenas uma letra, que envolve muita coisa. E
provoca repercussão, interrogação, constatação. O jornalismo não está em jogo.
Com o avanço cada vez mais impressionante da tecnologia, o impresso enfrenta
cada vez mais problemas para resistir e existir. Tem que recorrer então para o
antigo "furo" de reportagem.
Só que no
caso, o jornalismo se expressa através de um ex-deputado, cassado, preso,
condenado, perigoso, sem caráter, sem escrúpulos, á espera de duas coisas. Uma
nova condenação, ou a aceitação da delação que ele garantia que não faria.
Essa
entrevista, com chamada na capa, um incentivo para que sua delação se
transforme em realidade. Eventualmente serviria ao MP. Mas não tem autoridade
ou autonomia para autorizar essa espantosa entrevista. Isso é ou teria
sido, área ou alçada exclusiva do juiz Sergio Moro. Que aliás, depois de
condená-lo não tão pesadamente, caminhou favoravelmente a Cunha em dois episódios.
Absolveu
sua mulher, contrariando o MP, que recorreu imediatamente. Surpreendendo a
todos, ha 20 dias autorizou o perigoso ex-presidente da Câmara, a ir fazer um
depoimento em Brasília, Curitiba tinha prioridade total e absoluta.
Publicada
a matéria, me confidenciaram: "A entrevista foi feita em Brasília, tudo
preparado e combinado". Faz sentido. Impossível em Curitiba. Como não perceber
a movimentação dos repórteres. E quem liberaria Cunha a não ser Moro? A
entrevista é importante pela concessão, não pelo conteúdo.
Só se
salva uma frase, combinada, discutida, burilada, colocada na capa junto com a
foto do suposto e pretenso autor: "Moro queria destruir a elite política.
Conseguiu".
Instigante e intrigante, serve a vários objetivos e interpretações. A Cunha,
que daria a impressão de estar contra Moro. A Moro, que poderia considerar como
um recado não explicito, por estar fora de hora: "Posso ser presidenciável
em 2018".
PS- O
Datafolha deu a impressão de encampar essa possibilidade, que aliás não tem
nada de disparatada.
PS2- Na
ultima pesquisa, coloca Lula como vencedor no primeiro e no segundo turno. Em
relação ao segundo turno, faz uma ressalva: "Só perderia para o juiz
Moro".
PS3- O
Datafolha ficou na encruzilhada: ou é muito bem informada. Ou acredita e
divulga INFORME como se fosse INFORMAÇÃO.
AÉCIO: SONATA E FUGA
O Senador
jamais imaginou que aos 57 anos, presidenciável desde que tinha 42, fosse
chegar a um período tão monótono da sua vida. Não pode sair de casa à noite.
Pode sair durante o dia. Mas não pode manter contato ou conversar com
políticos. Dessa maneira, o que lhe restou foi vagar pelas ruas de Brasília,
olhando para o relógio já que as 6 horas da noite, ele tem que estar em
casa.
Hoje, bem
cedo, quer dizer, por volta de 11 horas da manhã, chegou um de seus advogados
com uma notícia do Supremo. Ele havia entrado com um recurso para que o relator
do seu processo fosse substituído. Afastado o Ministro Fachin e sorteado outro.
A Presidente Carmen Lucia, que chega cedo no Supremo, despachou imediatamente
mantendo o Ministro Fachin como Relator.
Seu dia
ainda não terminou. Chegou outro advogado para fazer companhia a ele, e até
obter informações no Senado. No momento, os Senadores estão decidindo, se vão
manter a decisão do Supremo, ou se decidirão confrontar o mais alto tribunal do
país.
Mas
durante a tarde, foi apresentado um requerimento que mudou o caminho dos
debates. Entrava em discussão, um pedido: não entremos em confronto com o
Supremo. Isso era colocado expressamente. Desfile
de discursos, uma parte contra, outra a favor. Todos citando a Constituição.
O mais
arrebatado, Paulo Bauer, ex-governador de Santa Catarina. Foi claro e incisivo:
"Devemos votar imediatamente, não tenho a menor ideia do resultado, temos
que respeitar a Constituição".
Muitos
lembraram que um senador foi cassado pelo Supremo, e o senado ratificou por
unanimidade. Outros disseram que o processo contra Aécio devia ter sido
resolvido pelo Conselho de Ética, recusaram. E o presidente desse Conselho
ficou durante toda a sessão, ao lado do presidente Eunicio.
Não posso
deixar de louvar o discurso da brava e combatente Lidice da Mata. Sugeriu,
pediu, apelou: "Aprovemos imediatamente uma PEC, marcando eleição DIRETA
para um presidente, que exerça o cargo até 2018". Ninguém respondeu, era
uma solução.
Desperdiçaram
horas e horas, desgastaram a paciência geral, cansaram os milhões que em casa, esperavam
uma solução, até que finalmente, fizeram o que deviam ter feito antes, muito
antes: votaram.
Às
8,30 por 50 votos a 21, decidiram adiar para o dia 17. Podiam ter
decidido isso, ás 2 ou 3 da tarde.
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