A
especializada estaria a um passo da CPI?
(...) “Apesar de relacionar
itens reconhecidos pelos juízes como existentes, dois deles ficaram de fora: a
ausência de juízes nas varas, cuja freqüência se limita em três dias (terça,
quarta e quinta), conhecida como “TQQ” e o nepotismo camuflado, através de
troca de gabinetes dos parentes e vice versa”.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
Em 2009 o então presidente da Associação dos
Magistrados do Brasil (AMB), Mozart Valadares Pires. Reclamou que seria
necessário o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – responsável pelo planejamento
e aplicação dos recursos da Justiça – voltasse seus olhos para os tribunais de
primeira instância, que são o principal braço de prestação de serviços à
sociedade. “Estamos convencidos de que não há transparência na aplicação dos
recursos da Justiça brasileira”, declarou.
No ano seguinte deu-se inicio a uma das
piores crises do país, e os recursos, apesar de terem sido aumentados para o
judiciário, a morosidade se manteve, o engessamento persiste e a má gestão é o
ponto mais latente e crescente no ramo da justiça.
Maus administradores - Os principais
focos de desperdício apontados pelo presidente da AMB foram o excesso de cargos
comissionados, a falta de controle rígido na concessão de diárias a servidores,
e o uso indiscriminado de carros oficiais. “Esses são três pontos em que há
condições de melhorar e profissionalizar o Judiciário. Basta vontade política e
coragem para que o presidente e as mesas diretores dos tribunais façam
independentemente da legislação e da vontade de outro poder da República”,
afirmou.
No entanto nada aconteceu. Na verdade muitas
medidas administrativas foram determinadas, no entanto nenhuma delas surtiu
efeito, seja pela má gestão ou mesmo pela omissão dos administradores dos
tribunais. Um destacado ícone da advocacia, hoje compondo uma das Cortes do
país, me confidenciou, “aqui é uma ilha isolada do mundo, infelizmente ninguém
se importa com o mundo exterior”.
Na mesma época um levantamento, revelou que 99% dos juízes
desconhecem quanto cada tribunal manda para sua unidade judiciária, mas, ao
mesmo tempo, 2/3 deles dizem que o orçamento é insuficiente. Reclama: “Os
desembargadores de 2º grau se reúnem, mas não convocam a magistratura de 1°
grau para saber das necessidades dessa instância.
Prejuízo? - Apesar de
relacionar itens reconhecidos pelos juízes como existentes, dois deles ficaram
de fora: a ausência de juízes nas varas, cuja freqüência se limita em três dias
(terça, quarta e quinta), conhecida como “TQQ” e o nepotismo camuflado, através
de troca de gabinetes dos parentes e vice versa. Por outro lado, o judiciário
vem se esquivando de todas as formas a dar seguimento a ações. O arquivamento é
a palavra de ordem na justiça.
E o prejuízo? Bem esse pouco importa, desde
que não saia do bolso do julgador. Recente os Juizados Especiais Fazendário do
Tribunal de Justiça do Rio têm utilizado uma justificativa controversa para
negar os pedidos por danos morais a servidores em função do atraso nos salários.
Nos pedidos feitos pelos servidores, o dano
moral era em torno de R$ 12 mil. O caso serviu para uma avaliação linear dessa
questão nos juizados, passando a decidir em todos os casos da mesma forma, abrangendo
inclusive os danos da relação de consumo.
Desmandos - Em manifestação (vide Conjur) a juíza Adriana
Sette da Rocha Raposo, titular da VT de Santa Rita, na Paraíba: “A liberdade de
decisão e a consciência interior situam o juiz dentro do mundo, em um lugar
especial que o converte em um ser absoluto e incomparavelmente superior a
qualquer outro ser material”.
Esse
grau de imponência supera os limites da tolerância causa repulsa da sociedade,
ouvir que juízes pensam que são deuses e juízes que têm. Em 2007 o juiz do Trabalho Bento Luiz de Azambuja Moreira,
da VT de Cascavel/PR suspendeu audiência porque o autor da ação, um trabalhador
rural, usava chinelos, deverá ressarcir à União os R$ 12,4 mil pagos ao
lavrador a título de danos morais.
O magistrado, ao perceber que o
trabalhador calçava chinelos, pediu que ele saísse da sala e disse aos
advogados presentes que a audiência não seria realizada por conta desse motivo.
Os constantes desmandos
tornam essa especializada a ‘bola da vez’ para enfrentar uma CPI, culminando
com sua extinção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário