ANÁLISE & POLÍTICA
“Informação com Liberdade de
Expressão”
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
Palocci
incrimina de vez o ex-presidente Lula
No dia 6 de setembro
(sexta-feira), o ex-ministro Antonio Palocci, em depoimento para o juiz federal
Sergio Moro, confirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu
propinas e que houve um “pacto de sangue” entre o Partido dos Trabalhadores
(PT) e a construtora Odebrecht. Entre os números citados por ele, está uma
quantia de R$ 4 milhões em espécie recebida pelo ex-mandatário.
Segundo o advogado de
Palocci, Adriano Bretas, o ex-ministro teria assumido definitivamente uma
“postura colaborativa e, por isso, revelou detalhes dos bastidores e dos
meandros que permearam as relações de poder na transição do governo de Lula
para o de Dilma”.
O depoimento...
No depoimento
prestado na ação da Operação Lava Jato, Palocci afirmou que o “pacto de sangue”
citado seria, na verdade, um pacto de propinas. "Eu chamei de 'pacto de
sangue'. Porque envolvia um presente pessoal, que era um sítio, envolvia um
prédio de um museu, pago pela empresa, envolvia palestras pagas a R$ 200 mil,
fora impostos, combinadas com a Odebrecht para o próximo ano, e havia uma
reserva de R$ 300 milhões que foram sendo disponibilizado com a planilha
entregue pela empreiteira Odebrecht", revelou o ex-ministro
O pacto...
O ex-ministro contou
a Moro que no final de 2010, Emílio Odebrecht abordou Lula para fazer um
"pacto". Segundo Palocci, a empresa estava "tensa" com a
troca do governo de Lula para Dilma. Questionado pela defesa de Lula,
Palocci diz que não presenciou a conversa entre o empresário e o ex-presidente,
e que foi Lula quem contou para ele, no dia seguinte.
A doação...
Segundo Palocci, a
empresa iria criar uma conta para movimentar os R$ 300 milhões e que as
relações da empresa com os governos de Lula e de Dilma eram "bastante
intensas". Eu diria apenas que os fatos narrados nessa denúncia dizem
respeito apenas a um capítulo de um livro um pouco maior do relacionamento da
empresa em questão, da Odebrecht, com o governo do ex-presidente Lula, com o
governo da ex-presidente Dilma, que foi uma relação bastante intensa, de
bastante vantagens à empresa, propinas pagas à Odebrecht para agentes públicos,
em forma de doação de campanha, em forma de benefícios pessoais, de caixa um,
caixa dois”, afirmou.
Segundo Palocci, o
acordo entre Emílio e Lula ocorreu a pedido de Marcelo Odebrecht, presidente da
empreiteira, que está preso por envolvimento no esquema de corrupção da Lava
Jato.
Instituto Lula
Antonio Palocci afirmou
a Moro que pediu para Marcelo Odebrecht dinheiro para cobrir um buraco nas
contas do instituto. "Em 2012, 2013, eu volto a tratar de alguns recursos
a pedido do ex-presidente Lula. Tem um episódio, que o Marcelo relatou, que é
verdadeiro. É um pedido que eu fiz a ele, de R$ 4 milhões pro Instituto Lula.
Isso é verdade."
Palocci disse também
que teve uma conversa com o ex-presidente sobre um imóvel que a Odebrecht iria
comprar para ser a nova sede do Instituto Lula.
"Eu voltei a
falar com ele (Lula) sobre o prédio do instituto. Falei da minha conversa com o
Bumlai e falei: 'eu não gostaria que fizesse desse jeito. Se o senhor está
fazendo um instituto para receber doações e fazer sua atividade, não sei porque
procurar agora um terreno. Não tem problema nenhum receber uma doação da
Odebrecht, mas que seja formal ou que, pelo menos, seja revestida de
formalidade'", afirmou.
O terreno?
O depoimento se deu
no âmbito da Lava Jato, na ação que investiga a compra de um terreno para o
Instituto Lula e de um apartamento vizinho do qual o ex-presidente mora em São
Bernardo do Campo. Além do ex-ministro e de Lula, também está envolvido o
ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht.
Preso
desde setembro do ano passado na carceragem da Polícia Federal em
Curitiba, Antonio Palocci é acusado de ter atuado de maneira
"intensa e reiterada" na "defesa de interesses da Odebrecht na
administração pública federal envolvendo contratos com a Petrobras". Parte
da propina paga pela construtora teria sido repassada por meio da compra de um
terreno para o Instituto Lula e de um apartamento para o
ex-presidente em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, conforme aponta a
denúncia do Ministério Público Federal.
O ‘laranja’
Demerval...
O
empresário Demerval de Souza Gusmão Filho, proprietário da DAG
Construtora, reconheceu em depoimento ao juiz Sérgio Moro que atuou como
'laranja' da Odebrecht na compra de um terreno na zona sul de São Paulo para
instalação de uma nova sede para o Instituto Lula.
O depoimento
de Demerval se deu no âmbito de ação penal da Lava Jato que apura se a
compra do terreno para o Instituto Lula na Vila Clementino, na capital
paulista, e de um apartamento em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista,
foram contrapartidas pagas pela Odebrecht ao ex-presidente em troca da
atuação de Antonio Plaocci para favorecer a empreiteira junto à Petrobras.
Paulo Ricardo Baqueiro de Melo
O empresário relatou
ao juiz Moro que foi procurado em julho de 2010 por Paulo Ricardo Baqueiro de
Melo, ex-diretor do setor de realizações imobiliárias da Odebrecht que também é
réu nessa ação penal. Paulo, segundo Demerval, disse haver
uma "oportunidade de negócio" pois a Odebrecht havia
identificado um terreno mas "não via com bons olhos" que a própria
construtora aparecesse como compradora da área, argumentando que se tratava de
um terreno pequeno.
O ex-executivo da
Odebrecht então teria convidado Demerval a ser investidor por meio de
sua empresa, a DAG, e depois ele se tornaria sócio no negócio. A prática,
segundo ele, é comum no ramo imobiliário, e ele disse que tinha
interesse.
Posteriormente, ele
disse ter participado de almoço com Marcelo Odebrecht – tido como seu
amigo pessoal. O herdeiro e então presidente da construtora teria
perguntado a Demerval se Paulo de Melo o havia deixado a par da "compra do
terreno para a construção do Instituto Lula".
O advogado Roberto Teixeira
"Eu disse que
ele havia me falado da compra do terreno, não da construção do Instituto Lula.
E aí ele me disse que o Roberto Teixeira (advogado de Lula) estava coordenando
pela parte do instituto a edificação e compra para o instituto e que ele,
Odebrecht, foi chamado para ajudar nisso e viu ali uma oportunidade de negócio
para mim", relatou Demerval.
Segundo o empresário,
após confirmar seu interesse em atuar no negócio ele participou de reunião com
Roberto Teixeira, que teria demonstrado pressa para resolver logo essa questão.
Terreno custou R$ 7,1 milhões
Demerval explicou que
seria necessário pagar R$ 7,1 milhões à vista para comprar o terreno, fato que
o levou a recorrer à Odebrecht para pedir o adiantamento de R$ 8,7 milhões de
um contrato que a DAG tinha firmado com a empreiteira em outro empreendimento.
Demerval diz ter comprado o terreno na Vila Clementino após receber esse
pagamento, em setembro de 2010.
Na semana
passada, análise pericial realizada pela assessoria de Pesquisa e
Análise do Ministério Público Federal indicou que foram gastos R$ 12,4
milhões com a compra do terreno na Vila Clementino. Parte dessa quantia,
segundo a perícia, teria sido "disponibilizada pelo Grupo
Odebrecht com recursos de caixa dois".
Os crimes de Lula
Lula é acusado
de ter cometido crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro nos episódios
referentes à compra do terreno para o Instituto Lula e do apartamento no
ABC Paulista – apontados como contrapartidas ao ex-presidente em decorrência da
atuação de Antonio Palocci em favor da Odebrecht. Lula prestará depoimento a
Moro no âmbito dessa ação penal na quarta-feira (13).
Os altos salários dos tribunais
Levantamento realizado
pelo jornal O Estado de S. Paulo revela que no mês de julho 1,6 mil magistrados
mineiros (ou 97,5% do total) receberam pagamentos acima do teto no mês passado,
quatro deles — e 12 servidores — faturaram mais de R$ 100 mil líquidos. Os
valores pagos pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais estão acima do
teto constitucional, (O limite, de R$ 33.763, equivale ao salário de um
ministro do STF). O fastio pecuniário beneficiou 98% dos magistrados. Um juiz
de entrância especial recebeu o valor de R$ 461,1 mil líquidos em julho. Outros
dois juízes pela ordem receberam R$ 408,6 mil e R$ 362,2 mil respectivamente.
Na Justiça Estadual de São
Paulo, mais da metade dos magistrados (56%) recebeu em julho vencimentos
líquidos acima do teto. O limite é ultrapassado porque, além dos salários, os
servidores costumam receber outras vantagens em dinheiro, e estas não são
consideradas no cálculo do teto. Para Juliana Sakai, diretora de operações da
ONG Transparência Brasil, tribunais de Justiça tentam “burlar o teto constitucional ao usar
penduricalhos com benefícios”.
Negociata
na justiça trabalhista
A compra de créditos
trabalhistas por advogados nas negociações judiciais será objeto de exame na
próxima reunião do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, que está
marcada para pó dia 18 de setembro, na sede dado Conselho em Brasília. O
assunto chegou na Ordem por iniciativa do TST que enviou consulta ao CF-OAB
para saber se “a prática
infringe algum mandamento ético da categoria, e/ou se há alguma obrigação de
transparência sobre o negócio”, informou um conselheiro da OAB
Federal.
Segundo informações a compra
dos créditos tem se tornado um negócio rentável. Um dos pontos que os juros
incidentes sobre os créditos trabalhistas são de 12% ao ano. A Orientação
Jurisprudencial (OJ) nº 400 da Subseção de Dissídios Individuais do TST, esse
dinheiro não compõe a base de cálculo do Imposto de Renda. O investimento que
rende mais do que qualquer aplicação de renda fixa, que usam os juros da Selic,
de 9,5% ao ano, fora o desconto de Imposto de Renda e IOF, o que deixa a taxa
de juros próxima dos 7%.
Agora os tribunais de contas
Síntese de matéria assinada
pelo jornalista Ilimar Franco, na revista IstoÉ, afirma que “Os Tribunais de Contas da União e dos
Estados se transformaram em casas muito unidas: pai nomeia filho, marido indica
a mulher. E isso não é comédia: os apaniguados recebem salários milionários”.
Os ministros do TCU ganham o mesmo que os colegas do STJ: 95,25% dos salários
dos ministros do STF (R$ 33.700), o que lhes dá a bagatela de R$ 32 mil. Não
estão computados os penduricalhos individuais habituais: auxílio-moradia,
gratificação por função, duas férias de 30 dias (ambas com 33,33% de
acréscimo), etc.
Parentes,
gente ociosa e a conta vai para o...
Os conselheiros dos
Tribunais de Contas Estaduais recebem o mesmo que os desembargadores dos
Tribunais de Justiça dos Estados: 90,25%, dos R$ 33.700 dos ministros do STF:
exatos R$ 30.414.A Transparência Brasil fez um levantamento, em 2015, e
constatou que entre os 233 conselheiros dos Tribunais de Contas, 73 deles
tinham ´chegado lá´ pelo
parentesco com pesos pesados da política: governadores, senadores, ministros de
governo, secretários de estado, ministros de tribunais superiores e deputados.
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