No Senado, sessão-show-espetáculo.
26.11.15
HELIO
FERNANDES
Convocada com
pauta única para examinar se o Supremo podia prender um senador, começou ás 17,
terminou ás 21,30. Quatro horas e meia que poderiam ter resolvido em 60
minutos, o que não estava nos planos dos atores que "brilharam" o
tempo todo: Renan Calheiros e Jader Barbalho. Os dois com experiência nesse
tipo de espetáculo.
Renan em
2007, presidente da Casa, renunciou á presidência para manter o mandato.
Jader não
teve a mesma competência, precisou renunciar para não ser cassado. Voltou anos
depois, enquadrado na "ficha limpa", ia perdendo novamente, um voto
providencial levou o resultado para 5 a 5. O Presidente do Supremo estava
obrigado a desempatar, não existe mais voto de Minerva, deixou a questão assim.
Logo
depois, a cúpula do PMDB foi ao gabinete, liderada por Renan, o presidente, estarrecedoramente
deu a vitoria a Jader por 6 a 5. Fez quarentena uns tempos, ficou nos subterrâneos,
elegeu a mulher deputada, fez o filho Ministro.
Esses
dois personagens dominaram a sessão, Renan foi aplaudido de pé, falou o tempo
todo, Jader discursou com arrogância, por varias vezes. Quase todos levaram a lição
feita em casa, tiveram a intuição ou a certeza do que aconteceria. Mas o
vitorioso foi sem duvida Cássio Cunha Lima, líder do PSDB. Assim que Renan abriu
a sessão, foi para a tribuna, liquidou o assunto.
Colocou
magistralmente o problema, sabia tudo de cor, provou que a votação teria que
ser aberta e não secreta, isso estava na Constituição. Desesperado mas
arrogante como sempre, Jader foi para a tribuna, tentou afirmar que o voto
teria que ser secreto, "está no Regimento" interno. Todos riram, o
Regimento acima da Constituição.
Sabendo
que estava derrotado, Renan foi dando a palavra a quase todo, mas repetiam
Cunha Lima, com raras exceções, protestos gerais, queriam saber o tipo de voto
que haveria.
Depois
de quase 2 horas Renan decidiu pelo secreto, mas espertíssimo, recorreu para o plenário,
sabia que vários senadores o fariam. Aplaudido, consagrado como grande
democrata, votaram confirmando a decisão do Supremo. Estava encerrada a sessão,
na memória de todos, a pergunta sem resposta: o que teria acontecido com o
senador Delcídio?
Em março,
seu nome apareceu numa lista de investigados. Apesar de ter sido diretor da
Petrobras, era citado pela primeira vez, ficou revoltado. Não demorou muito
surgiu o desmentido, não havia nada contra ele, festejou. Feito líder do
governo, passou a atuar com seu jeito afável, amigável, simpaticíssimo, obtendo
ótimos resultados para o governo.
Agora
surgem as gravações escabrosas, enlouquecidas, inacreditáveis, inaceitáveis, incompreensíveis,
até que os fatos sejam separados das versões.
Os fatos
e as gravações são tão assombrosas e estarrecedoras que só podem ser examinadas
ou analisadas com duas conclusões: ou são FALSAS ou VERDADEIRAS. Isso só a investigação
poderá esclarecer, como é rotina, Delcídio já disse que está sendo injustiçado.
Temos que esperar o resultado da investigação, mas podemos adiantar sem especular:
o Supremo foi tão categórico, 5 Ministros votaram, 5 a 0, é quase impossível
que tenham errado.
Mas admitindo
que tenham errado então quem é ou quem será esse "novo" Delcídio?
Usou um dicionário inteiro de maluquice, desde a tentativa de silenciar o
ex-diretor Cerveró, a proposta de obter sua liberdade provisória
"usando"! a intimidade que apregoava com vários Ministros do Supremo
com quem jamais falou.
Em
liberdade, fugiria pela Paraguai e pela Espanha, garantiu até que tinha um
jatinho para transporta-lo. Generoso, prometeu até a mesada de 50 mil reais
mensais para a família.
Tudo isso
com a participação e recursos do banqueiro André Esteves, do Pactual, que eu
disse ontem, vive entre os holofotes e as aparições. Preso, já surgem de vários
lados, defesa apaixonada desse triliardario. Já passou a presidência para um
amigo, sabe que liberdade agora, só com muito mais arrojo do que utilizou para
aos 36 anos construir a fortuna colossal.
Muita
coisa acontecerá, realmente nunca se viu nada parecido com isso, jamais o
Supremo prendeu um senador com mandato. Mas confirmada a gravação, o Supremo
fez justiça e respeitou a Constituição. Outra confirmação: aumentou o pânico
geral dos parlamentares. (E não melhorou, até piorou a situação de Eduardo
Cunha. O Procurador Geral que pediu ao Supremo a prisão do senador, pode
requerer o afastamento do Presidente da Câmara).
Não posso
concluir por agora esta analise sem dar uma RETUMBANTE nota 0 para a publicação
oficial do PT, assinada pelo seu presidente. Textual: “Não temos nada que
prestar solidariedade ao senador preso fora da atividade política, parlamentar
ou partidária". Foi chamado inúmeras vezes de covarde, não existe palavra
mais humilhante e condenatória para quem redige e publica um texto vergonhoso
como esse intitulado de "nota oficial do PT?".
Para quem
não viu ou não leu essa condenação a um membro do partido, ela está assinada
pelo deputado estadual, Ruy Falcão. Sabem quem é?
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Sr Jornalista
Tenho grande satisfação em retomar a leitura de suas publicações neste blog político. Peço na medida do possível que fale sobre a Coluna Prestes. Imagino que tenha informações importantes, que podem me ajudar num trabalho que faço para uma Universidade dos EUA.
Com meus sinceros votos de estima e consideração
Cicero Marino de Pádia - Niterói-RJ
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