Lamento pela inconsciência moral.
21.11.15
HELIO FERNANDES
Neste
país de tantos feriados, esse é justíssimo. Só que deveria ser festejado
sem preconceito, com dignidade, credibilidade, lealdade, igualdade. Na véspera,
em Brasília e São Paulo, manifestação defendendo os direitos das mulheres
negras, repressão violenta por parte da policia. Uma pena, embora estejamos
longe do que fazem nos EUA.
Lá,
depois da campanha maravilhosa de Lincoln e apesar do seu assassinato,
promulgaram em 1866 a Emenda Constitucional número 13, acabando com a escravidão.
Agora, depois de 149 anos, continuam assassinando negros, sem que os brancos
assassinos sejam punidos. E pela primeira vez (e vai demorar muito para
repetir) o país tem um presidente negro. A aqui houve o feriado, mas não
o reconhecimento irrevogável dos direitos, o que seria obrigatório.
Quanto á
indignidade moral, é geral,absoluta e irrevogável, nenhum movimento
publico. Hoje, sábado, muitos encontros particulares, para ver se aparavam as
arestas do desconforto dos desencontros dos últimos dias, chegando ao auge
ontem, sexta feira. È inimaginável que consigam se reabilitar da confusão.
E não é
apenas culpa de Eduardo Cunha. Ele é o grande personagem negativo, mas é
protegido ao mesmo tempo pela situação e pela oposição. E matreira, maliciosa e
mercenariamente se aproveita de tudo. A oposição ha meses acaricia o presidente
da Câmara, por causa do impeachment, que está ultrapassado desde o inicio. (E fui
o primeiro a afirmar isso, não a favor de Dona Dilma, mas pela razão incontestável,
que todos são iguais ou pior do que ela).
Para
terminar este sábado vazio, dois exemplos importantes, esclarecendo como as
coisas acontecem. Dona Dilma ao contrario do que informava e afirmava o
"líder" Sibá Machado, ordenou aos representantes do PT, "não
votem contra Eduardo Cunha".
A Comissão
começou a se reunir, o presidente e mais cinco, eram necessarios onze.
Atingido esse número necessário, os três
deputados do PT entraram, Cunha cancelou a reunião. Mais vergonhoso impossível,
a farsa foi transferida para terça feira.
Eduardo
Cunha resolveu aproveitar o feriado para reunir, (Michel Temer prefere a
palavra "reunificar") aproveitou o feriado para verificar o ambiente
guerreiro de sua tropa. Enquanto tem á disposição o palácio presidencial,
mandou fazer almoço para 150 pessoas, acreditava que seus acólitos e
apaniguados ainda atingiam esse numero, O almoço só saiu ás l6 horas por causa
dos protestos gerais.
Estavam
presentes 34 deputados, famintos. Mas mesmos esses míseros 34 inócuos e
inacreditáveis parceiros, não conseguem nem confirmam o numero igual de votos
no plenário, é onde a questão será decidida.
Massacre
total desse sombrio,turvo ,indefensável já quase ex-presidente
da Câmara e logo a seguir, também ex-deputado. Ex - cidadão já ha muito
tempo: "Foi o povo que retumbou em frente á Câmara: " Você não
nos representa".
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Nossos leitores podem fazer comentários e se comunicar com os
colunistas,
Caro Hélio Fernandes, você com vividíssimos 94
anos, eu com parcos 80.
Fui jornaleiro e acabei jornalista. Aos 16 anos, em 1952,
trabalhava para a agência de jornais e revistas Vicente Polano, na hoje
extinta Galeria Pirapitinguy, travessa da rua João Bricola, em São Paulo. Com
um carrinho de mão de varais compridos eu distribuía pelas bancas de jornais do
centro de São Paulo os jornais Correio da Manhã, Tribuna da Imprensa, Diário
Carioca e outro que não me lembro. De madrugada, pegava os jornais na agência
da Vasp na rua José Bonifácio e fazia a minha via-crucis pelas bancas. Em
agosto de 1954, aos 18 anos parei em uma banca de jornal lendo a
morte de Getúlio.
Em 1964 - comecei no jornalismo em 1961 - Carlos Lacerda visitou a
redação do Estadão e estendeu a mão para todos os jornalistas, inclusive para
mim. Uma vez, durante a redentora (perdão) você chegou a ligar para mim na
Agência Estado. Acho que você estava "cheirando" o ambiente. Não me
lembro do tema da breve conversa. Sem querer me apropriar do seu precioso
tempo, mas me apropriando, anexo uma matéria que gostei de escrever sobre 64.
Aliás, quatro. Se você puder, por favor, me mande um ou dois artigos teus
falando sobre a vida espartana de Otávio Mangabeira. Não consegui localizar no
teu blog. O nome Hélio Fernandes sempre me assombrou desde os 16 anos.
abraço,
Apóllo Natali MTB 9559
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