Não podemos esquecer de Mariana
18.11.15
HELIO FERNANDES
O terrorismo dos terroristas tirou
da preocupaçao geral, incluindo a midia, o terrorismo que aconteceu em inumeras
cidades de Minas. Calamidade, catastrofe, desastre ambiental, que atingiu
centenas de milhares de pessoas. Foram poucos os mortos, talvez por isso a
preocupaçao nao tenha atingido o auge da comoçao. A propria Presidente Dilma
levou 6 dias para sobrevoar de helicopetero os locais de dezenas e dezenas de
quilometros, cobertos de lama.
Nao teve
nem tempo para descer e conversar com os moradores, saber de suas necessidades.
Considerou que passar por cima sem se contaminar no lamaçal, já era o
suficiente, ficou na imaginação da presidente.
Comoçao
como aconteceu em Paris, custou a atingir a proporçao gigantesca, assustadora e
irreversível que tem hoje.
No
principio era tal o desinteresse e a desatençao com o que acontecia, que a
propria Dilma levou 6 dias para se dignar tomar conhecimento do assunto e ir
pessoalmente visitar as cidades atingidas. Ficou assombrada quando lhe falaram
que 3 milhoes de pessoas haviam sido atingidas, as populaçoes de varias cidades
estavam vivendo em pleno lamaçal, nao tendo nem agua para o minimo de
existencia.
A
presidente foi de helicopetero, sobrevoou algumas cidades, nao teve paciencia
nem capacidade para compreender que no auge da impopularidade, devia descer,
parar, conversar com as pessoas, sentir de perto o sofrimento, ficar pelo menos
um dia convivendo com a dor, o abandono. Sem saber o que iria acontecer, ninguém
tomava providencias.
Dona
Dilma foi logo para o Espirito Santo, o terrorismo ambiental se encaminhava
para esse estado, mas a lama ainda nao atravessara a fronteira. Podia descer do
seu confortavel meio de transporte, ficar alguns minutos, considerava que tinha
mais o que fazer. E foi embora para a sua amada Brasília.
Agora os
dados tenebrosos, agravados pelas "providencias" do Planalto e dela
mesma, como sempre equivocados e agindo aos trancos e barrancos, marca
registrada no primeiro mandato e que se agrava ainda mais no segundo.
No
Planalto, enquanto se preparava para viajar até a Turquia e encontrar os
lideres do Brics (que ela mentindo mais uma vez fingia que era do G20, que se
realizava no mesmo local) chamou um auxiliar, "mandou que multasse a
Samarco em 250 milhoes de reais". Mas fez questao de garantir: " Essa
multa tem que ser do governo federal". Quando a noticia chegou a Minas,
revolta geral, o dinheiro teria que pertencer ás cidades para a recuperação do
desastre.
Enquanto
isso, de forma consciente e competente, o Ministerio Publico de Minas (esse
Ministerio estadual e federal é a nova força moral que surge no Brasil)
imediatamente se reuniu com diretores da Samarco e fecharam um acordo INICIAL
de l bilhao de reais para recuperaçao territorial e humana.
Identifiquei
esse acordo de 1 bilhao que já está funcionando, como INICIAL, pois a propria
mineradora já reconhece: isso é o minimo para começar o trabalho e o pagamento
das indenizaçoes. Viram logo que o Rio Doce só voltaria ao que era a vida
inteira, no mínimo em l0 anos.
Um outro
grupo que "pensa como a cabeça de Dona Dilma", queria proibir a
mineraçao, burrice total e indefensavel. Logo se constatou: 80 por cento de
toda a vida e sobrevivência da região, depende da mineradora. Imediatamente
trocaram a proibição pela fiscalização.
Esse
terrorismo de Mariana, embora em circunstancias diferentes, merece a mesma
repulsa, combate e atençao que o terrorismo de Paris, que se propagou pelo
mundo. Uma só ideia do tamanho do crime de Minas: especialistas da Universidade
Federal do estado concluiram que a lama que escorre nas cidades atingidas,
daria para encher 25 mil piscinas olímpicas.
Dona
Dilma deveria ter criado uma "força tarefa" para tratar
exclusivamente do assunto. Nao fez, viajou, nao perguntou mais nada.
Continuarei
combatendo as duas formas de terrorismo, o de Minas e o de Paris, os dois
atingindo a humanidade. Com o desprezo habitual pela Presidente.
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