Atores da especializada nunca ‘sabem de nada’
(...) Em
meio a este turbilhão de injunções, falta magnanimidade aos nossos juízes? Com
o passar do tempo, os magistrados foram tomando formas que os afastam da
comunidade. Essa relação tumultuada entre juiz e advogado, não reflete bem aos
olhos da sociedade.
02.11.15
ROBERTO MONTEIRO
PINHO
Segundo
a tese do pensador russo Guerdjef: “A rigidez é boa na pedra, não no homem. A
ele cabe firmeza, o que é muito diferente”. Essa Justiça trabalhista é deveras,
deturpada, soberba, ocupada por atores que negligenciam princípios básicos das
relações humanas.
A
especializada foi criada sob o âmago da pacificação, e não para se antagonizar
ao capital, conforme imprimem seus juízes. Há muito venho alertando a
comunidade sobre essa forma de conduzir o processo do trabalho, formatando-o a
sombra do seu real objetivo que é a solução do conflito.
Não
interessa ao trabalhador discutir teses de direito, que dá a ele a esperança de
uma “grande indenização”. Eles deseja, como qualquer outro, receber o que é de
seu mister. O empregador, salvo os relapsos que devem ter suas penalidades, e
aqueles que por ventura, devem ser diferenciados. Existe de fato proteção aos
grupos econômicos na justiça? Essa é a eterna, latente e nebulosa questão.
O relatório
do Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), produzido pela Escola de Direito
de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, aponta que a confiança da população
brasileira no Judiciário desde 2009. Para 90% dos entrevistados o Judiciário é
moroso e demora a resolver os conflitos.
Além disso,
82% afirmam que os custos para acessar o Judiciário são altos e 68% afirmam que
é muito difícil utilizar a Justiça. Cerca de 64% dos entrevistados acreditam que
o Judiciário é desonesto e que não é independente.
Ao
verificar o grau de confiança dos brasileiros em diversas instituições, a
pesquisa apontou que as Forças Armadas detém a maior parte da confiança, com
75%, seguida pela Igreja Católica, com 56%, Ministério Público, com 53%. As
grandes empresas e a imprensa escrita ficaram empatadas com 46% da confiança
dos entrevistados e o governo federal ficou com 41%. O relatório escutou 3,3
mil pessoas em oito estados brasileiros.
Em 2013, os gastos com o
Poder Judiciário atingiram R$ 61,6 bilhões, crescimento de 1,5% em relação a
2012. No período, o número de magistrados e de servidores aumentou,
respectivamente, 1,8% e 2%, enquanto o de processos baixados cresceu apenas
0,1%.
Em
meio a este turbilhão de injunções, falta magnanimidade aos nossos juízes? Com
o passar do tempo, os magistrados foram tomando formas que os afastam da
comunidade. Essa relação tumultuada entre juiz e advogado, não reflete bem aos
olhos da sociedade. Os números que reprovam as atitudes de hostilidade aos
operadores do direito, refletem nas baixas taxas que o judiciário enfrenta.
Em meio à crise econômica e
social no país, órgãos como o Tribunal de Justiça e Ministério Público do
Paraná, os cerca de 800 juízes e desembargadores do TJ recebem R$ 4,4 mil por
mês de auxílio moradia, pago até para aqueles que possuem moradia na cidade em
que atuam.
A Associação de Magistrados
ainda briga pelo pagamento retroativo há cinco anos. Se aqueles que
supostamente devem garantir a Justiça tem tal comportamento, não é de se
estranhar que a população desacredite cada vez mais do Judiciário.
Conforme o estudo Judiciário em Números (CNJ), 95,14 milhões
de processos tramitou na Justiça brasileira em 2013. Desse volume, 70% deles
(66,8 milhões) já estavam pendentes desde o início do período (estima-se em
2020 chegue a 120 milhões). Ao longo do ano, chegaram aos tribunais 28,3
milhões de novos casos novos.
Segundo o documento, a maior parte dos gastos com a estrutura
do Judiciário nacional (R$ 55,30 bilhões) foi investida em recursos humanos,
equivalente a 89,8% da despesa total. Os dados indicam um “preocupante”
aumento, progressivo e constante, de 3,4% nos processos que não são julgados
anualmente.
A taxa de congestionamento do Judiciário 70,9%, ou seja, de
cada 100 processos aproximadamente 29 são baixados. Essa taxa é causada, pela
quantidade de processos pendentes na fase de execução da primeira instância. De
acordo com renomados juristas, Isso reflete a inoperância de métodos utilizados
pela justiça.
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