Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

HOJE, HA 8O ANOS, ERA IMPLANTADA A NEFANDA DITADURA DO ESTADO NOVO

HELIO FERNANDES

Na verdade, esse 1937 começava em 1930, passava por 1934, se consumava no inesquecível 1937. A ditadura escondida percorria o caminho da irresponsabilidade, até se consolidar como ditadura ostensiva. Até 1930 a "eleição", uma farsa. Só havia um partido, o Republicano, e era permitido o voto independente, que nunca foi vencedor.

Rui Barbosa concorreu 4 vezes como independente. 1910, perdeu para o general Hermes da Fonseca. 1914, desistiu,exigiam dele a reforma da Constituição redigida por ele. 1918, seu adversário, Rodrigues Alves, com 70 anos e muito doente, foi escolhido precisamente para derrotar Rui.

Este desistiu, todos sabiam que Rodrigues não assumiria, foi o que  aconteceu.  A eleição foi realizada em 1919, Rui perdeu para Epitácio Pessoa, ministro aposentado do STF.

Em 1930, Vargas resolveu desafiar o sistema, como independente, enfrentou o governador de SP, Julio Prestes (de nenhuma parentesco com o próprio),  apoiado pelo presidente Washington Luiz Derrotado, aproveitou o assassinato do governador da Paraíba, João Pessoa.

Os gaúchos derrubaram e asilaram Washington Luiz e seu vice, Fernando de Mello Viana. Aproveitaram, mandaram também para os EUA, o Ministro do Exterior, Otavio Mangabeira.

Chamaram o golpe de "revolução", Vargas assumiu sem formalidade, como "chefe do governo provisório". Sem prazo, sem vice, e até sem constituição. Só que os paulistas não sossegaram, organizaram a "Revolução Constitucionalista de 9 de Julho de 1932". Foram derrotados, mas o ditador teve que convocar à  Constituinte de 1934.

Com dois objetivos ou obrigações. Promulgar a Constituição, e realizar a primeira eleição direta no Brasil. As mulheres votariam, conseqüência da campanha da grande líder Berta Lutz. Os comunistas também votariam, estavam na legalidade. Foi uma festa nacional.

Logo transformada em decepção colossal. Vargas tinha obsessão pelo poder. Nomeou para essa constituinte, os chamados "pelegos" trabalhistas, e os "pelegos" dos empresários amestrados. Com isso, Vargas ficou com maioria e prorrogou sua permanência no poder, por mais 4 anos. Até 3 de outubro de 1938.

Mas achou pouco, começou a conspirar, e encarregou o embaixador Negrão de Lima de consultar os 21 governadores, que seriam transformados em interventores. O primeiro consultado: Lima Cavalcanti, de Pernambuco. Quando ele fez a proposta, foi praticamente expulso do palácio. No dia seguinte viajou para a Europa, não voltou mais.

O segundo, Juracy Magalhães, da Bahia. Ouviu Negrão, carreirista e oportunista como sempre, respondeu: "Embaixador, por favor, diga ao presidente que vou ao Rio conversar com ele, mas não sou problema". Foi ao Rio, aderiu pessoalmente.

Os outros todos concordaram, só uma exceção, Flores da Cunha do Rio Grande do Sul, um dos maiores amigos de Vargas.

Não concordou, disse que resistiria, convocando os “Provisórios". Vargas deu ordens ao general comandante da região para prender o governador. Este  se asilou no Uruguai.

 Vargas fechou a câmara, o senado, prendeu centenas de deputados, senadores, jornalistas, membros do judiciário que protestaram. Mas, premeditadamente manteve vergonhosamente aberto o STF, que referendou os atos mais criminosos do ditador.

O Ministro da Justiça, Macedo Soares, instigava e incentivava advogados a recorrerem a esse STF tenebroso. Muitos se recusavam,  era uma farsa.

Como aconteceu com a extradição da mulher de Prestes, mandada para a Alemanha, onde foi assassinada nas câmaras de gás. Com AVAL do STF.

PS- Vou interromper, continuo depois. Preciso restabelecer duas verdades, deturpadas até em livros, falseando os fatos históricos.

P2- Quem impediu as mulheres de votarem e quando elas começaram a votar.


PS3- Quando se realizou a primeira eleição  direta no Brasil, e quem estava no poder.

3 comentários:

  1. Desculpe, ilustre jornalista. O Rui Barbosa só teve um adversário. A maçonaria. Eles sabiam que não poderiam manobrá-lo.

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  2. Uma lição história de quem a viveu.

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  3. Muito bom jornalista. História vivida é comentada.

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