FORO
PRIVILEGIADO, ETERNO E INVENCÍVEL
HELIO FERNANDES
Em 1963,
fui o primeiro e único jornalista a ser julgado no STF, de corpo presente,
baseado num critério inteiramente desigual. Contrariava a Constituição, que
garantia: "Todos são iguais perante a lei". Diziam: "Esse deve
ser o ultimo julgamento no STF, favorecendo a desigualdade".
Já
existia antes, continua em pleno vigor, ( e mais, multiplicando os beneficiários)
54 anos depois do meu julgamento. E com pleno conhecimento do STF,
"guardião da Constituição". Que ás vezes, constrangido e
envergonhado, tenta corajosamente (?) reverter a situação, implantar
definitivamente o regime rigorosamente constitucional. Mas se embaraça e
se deprime, na própria falta de convicção, e consequentemente de ação.
Para não
ir muito longe, fiquemos na ultima tentativa do STF, de acabar com essa
estranha montanha de favorecimentos. Começou ha 6 meses, projeto acabando com esse foro. Colocado na pauta, relator
Luiz Roberto Barroso, com posição definida sobre o assunto. Voto admirável.
O
novato Alexandre de Moraes pediu vista, não votou. Como protesto, ministros
anteciparam o voto, ficou 4 a 1 pelo fim do privilegio. 6 meses depois, o
novato arrogante e pretensioso,devolveu , começaram tudo de novo.
Garantiram
que o foro privilegiado não sobreviveria. Esqueceram que por omissão e total
divisão, no atual momento, no STF, 3 é maioria. Do ponto de vista aritmético,
lógico que não é. Mas por culpa do envelhecimento do regimento. E até do envelhecimento
de pessoas, o retrocesso é rigorosamente verdadeiro.
E
mais uma vez o julgamento foi interrompido e adiado, mínimo no mínimo para 2018, depois do carnaval.
GILMAR MENDES E DIAS TOFFOLI, NOVAMENTE COMANDAM O ESPETÁCULO
Antes do
intervalo, o placar estava 5 a 0 pelo fim do foro. E mais um ministro, também a
favor, mas cheio de restrições e contradições. Durante a interrupção, Gilmar e
Toffoli se acertaram, a sessão recomeçaria com o voto de Toffoli. Como eles
estão sempre de acordo, são inseparáveis, Gilmar foi embora, não voltou para o
trabalho.
Como
estava combinado, Toffoli falou quase 2 horas e sem o menor respeito pelo
Tribunal e pelos colegas, afirmou textualmente: "Só devolverei o
processo no ano que vem". Provavelmente depois do carnaval. Lógico, não
votou e pediu vista. Como estava acertado com seu mentor, o ministro sem toga.
O
processo estava interrompido, embora o decano Celso de Mello e a presidente
Carmen Lucia ainda tivessem votado, depois do esdrúxulo e extravagante pedido
do Ministro Toffoli. Faltam 3, os que formam, na Segunda Turma, a maioria
contra a Lava-Jato: Lewandowsky, Toffoli e Gilmar. O primeiro, está de licença
médica por causa de uma queda, mas como o processo foi interrompido, ele estará
em condições de votar, naturalmente se houver votação.
De
qualquer maneira, nem os próprios ministros entendem ou conseguem interpretar o
que eles mesmos votaram. E a polêmica entre os chamados especialistas, é total
e rigorosamente irreversível. Vou registrar apenas 4 dúvidas incapazes de serem
analisadas até por constitucionalistas consagrados.
1º -
Retomado e concluído o julgamento, qual será a definição do STF aceita pela
coletividade?
2º -
Surgiu durante o julgamento de ante-ontem, a possibilidade dos próprios
ministros serem julgados em 1ª Instância, se o Foro Privilegiado terminar.
3º - Se
isso acontecer, pode ocorrer o seguinte: os Ministros serem julgados em
primeira instancia, e recorrerem para o STF composto por eles mesmos. Parece
surrealismo, mas é o que está sendo discutido.
4º - E
finalmente outro absurdo completo: o Ministro Toffoli afirmou que está
esperando a decisão da Câmara sobre o mesmo assunto. Nada surpreendente vindo
de Toffoli. Mas se o Congresso decidir contra ou a favor o que está sendo
discutido no Supremo, caberá recurso para o próprio STF. Parece inacreditável,
mas é a realidade do que está sendo discutido.
Existem
muito mais dúvidas, mas essas que destaquei, representam a falta total de
credibilidade do que vem sendo debatido e polemizado. E em matéria de tempo, é
impossível prever quando ou até mesmo se esse julgamento terminará ou ficará
engavetado no mais alto tribunal do País.
PS: Se
isso acontecer, o que é muito provável, decepção completa da opinião pública. E
a certeza de que o STF não está de maneira alguma no caminho da recuperação.
A GLORIA E A FELICIDADE FINANCEIRA DOS ADVOGADOS
Antes da
Lava-Jato existiam uns raros causídicos. Eram as chamadas bancas. Nos tempos
normais, alguns tinham escritórios prósperos, mas longe, muito longe do que passou
a acontecer ha 3 anos.Nessa época, o mais citado e mais procurado, era Marcio
Thomaz Bastos Bastos. Fazia com enorme competência e discreta participação, a
fusão política - advocacia.
Quando
não precisava de mais nada, para ajudar o então presidente Lula, foi seu
ministro da Justiça. Como em certas coisas não transigia, perdeu tempo e
dinheiro, não advogava.
Um dia,
ainda Ministro, me telefonou de Brasília, queria saber como estava a saúde do
doutor Dario de Almeida Magalhães, notável personagem. Sabia que ele era meu
advogado no processo de indenização contra Geisel e Médici, estava
preocupado, só falamos isso, desligou satisfeito quando eu dei boas
noticias.
O próprio
Marcio morreria pouco depois, já não mais ministro, e também sem advogar.Com a
Lava-Jato, surgiram do nada, causídicos que em 3 anos têm tudo.
Dessa lista de mais de 100, um dos que já tinha nome, sobrenome, e
até apelido carinhoso: Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai.
Famoso,
era o mais procurado, e mais atendido de forma competente. E até amigável. Alem
de advogado contundente, era um confraternizador nato, com a capacidade de
fazer festas, em que juntava importantes adversários e ate inimigos entre si.
Os Três Poderes, de forma individual, se harmonizavam nas festas do famoso
advogado.
PS- Os
outros só pensavam em ganhar dinheiro. E estão ganhando mesmo, gastando
nababescamente, desculpem a palavra, não é usual ou habitual do repórter.
PS2-
Ganhadores de dinheiro não podem perder tempo com moral e ética. Descobriram a
delação premiada, que condenavam.
PS3- Mas
passou a ser o mais importante instrumento de defesa. Como raros tinham
convicções, enriqueceram mesmo, sem preocupação com o resto.
PS4-
Quase todos, honradissimos e agradecidissimos ás empreiteiras, principalmente Odebrecht
e a JBS, dos irmãos Batista.
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