*Blog oficial do jornalista
Helio Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da
Imprensa. Aqui teremos suas matérias exclusivas, e também a participação
de colunistas especialmente convidados. (NR).
CASTELO TOMA POSSE PERANTE O CONGRESSO.
REPRESALIA DE COSTA E SILVA E CORDEIRO DE FARIAS. OS GENERAIS FALAVAM EM “REVOLUÇÃO”,
NA PRATICA ERA MAIS UM GOLPE. OS SEMPRE “AMIGOS-INIMIGOS”, LACERDA E ROBERTO
MARINHO.
HELIO FERNANDES
18.12.14
A grande surpresa não foi o Congresso aprovar
o golpista Castelo Branco, mas os rumos que Costa e Silva e Cordeiro, unidos
eventualmente, deram ao golpe. Fizeram um Ato, modificando tudo o que existia
no mundo em matéria de regime de exceção. Arbitrário, autoritário, atrabiliário.
Ditatorial como os outros, mas inteiramente diferente.
Cordeiro
furioso, não sobrou lugar para ele, Costa e Silva ficou como Ministro da
Guerra, temido por todos. Fizeram então esse Ato, num bloco de papel, pequeno,
da mesma forma que Lucio Costa, em três traços ou linhas, criou o genial Plano
Piloto de Brasília.
Isto está
sendo publicado e revelado pela primeira vez, depois de 50 anos de ter saído na
Tribuna da Imprensa. Textual, podem ficar assombrados com a criatividade
ambiciosa dos dois generais. Em apenas cinco itens, sumaríssimos, mudaram e
modificaram a História.
Em vez de um
ditador FIXO, que ficaria no Poder pelo tempo que fosse possível. Um ditador
ROTATIVO com uma ditadura permanente. Teve repercussão no mundo todo, não só
por causa do golpe, mas principalmente pela inovação; Jamais existira isso, no
mundo ocidental ou oriental.
Os cinco
itens. 1 – O presidente teria que ser um general. 2 – Do exercito. 3 – Da ativa
e de quatro estrelas. 4 – Não haveria reeleição para ninguém. 5 – Essas disposições
teriam que ser rigorosamente cumpridas. Era extraordinário, só que o tempo, o
espaço e o destino, são invioláveis e não podem ser entrelaçados ou planejados
com tanta antecedência.
Castelo queria ficar mais tempo como “presidente”.
Costa e Solva
já era candidatissimo á sucessão de Castelo. Marcada para 15 de março de 1965.
Golbery então, junto com os irmãos Orlando e Ernesto Geisel, lançou a “prorrogação”
do mandato de Castelo, com a aprovação do próprio. Era Chefe do Estado Maior,
se transformara em “presidente”, e não queria deixar o cargo.
Só que Costa
e Silva tinha força de Ministro da Guerra e notável popularidade junto á tropa.
Queriam que Costa w Silva assumisse logo, liquidasse a “prorrogação”. O general
foi para Vila Militar, acalmou a todos, garantiu: “Em 15 de março estaremos no
Poder”. (Não estariam, teriam que esperar até 15 de março, mas de 1967).
A seguir,
como desafio, viajou para a Europa, e no aeroporto respondeu aos “prorrogacionistas”,
satisfeitíssimo: “Embarco Ministro e volto Ministro”. Os que estavam no Poder,
desesperados e sem saber o que fazer, desistiram de lutar contra Costa e Silva,
mas tomaram sua providencias para não ficarem subordinados ou ao alcance de
Costa e Silva.
No final de
janeiro de 1965, Ernesto Geisel, que era general de Três Estrelas, foi promovido,
e logo nomeado Ministro do STM, (Superior Tribunal Militar). Golbery, que era
da reserva, foi para o Tribunal de Contas da União, também “vitalício” até os
70 anos, Mas antes de tomarem posse, trataram da “prorrogação” do mandato de
Castelo, até 15 de março de 1967. Mais dois anos, explicavam: “Castelo assim,
com esse mandato de quase quatro anos, ainda fica menor do que outros, civis,
que tinham cinco”.
Por 1 voto, “prorrogaram” Castelo.
Golbery, que
não tinha o menor escrúpulo ou caráter, era presidente da Dow Chemical, a maior
empresa fabricante de distribuidora de Napal do mundo. Naquele tempo, ganhava
fortunas colossais com a Guerra do Vietnã, e a formidável derrota dos americanos.
O general que
era Chefe do SNI ainda nascente, deixou o cargo, ganhou da Dow uma fazenda
maravilhosa, e de lá “exercia” o cargo de Ministro do TCU. E comandava a luta
pela prorrogação.
Conseguiram,
Costa e Silva aceitou, Cordeiro desistiu da “presidência”, foi nomeado Ministro
dos Transportes, importantíssimo.
(Já havia
ocupado, com enorme competência e honestidade, dois cargos civis. Interventor
do Rio Grande do Sul, quando morreu o general Daltro Santos, isso ainda com Vargas.
Mais tarde, já derrubado o “Estado Novo”, foi eleito governador de Pernambuco
pelo voto direto, quatro anos sem roubo ou violência).
Tudo começa a dar errado, menos a
perda do Poder.
1967, acaba o
novo mandato de Castelo, ele morre num desastre de avião. Costa e Silva assume,
tem um derrame cerebral, (AVC) em 1969, os “Três Patetas” militares tomam o
Poder, mas são logo desalojados. Antes surge o tenebroso e monstruoso AI-5, que
teria provocado a “incapacidade e morte” de Costa e Silva.
E finalmente,
ainda em 1969, os americanos, que apoiaram, financiaram e garantiram com
dinheiro e intimidação as triturantes e torturantes ditaduras do Chile, da
Argentina e do Brasil, entram em desespero: seu embaixador no Brasil PE sequestrado,
têm que se render á exigências deles e os ditadores do Brasil também.
Começa uma
nova Era, amargura para os americanos que querem seu embaixador de volta, a
qualquer preço. Os ditadores militares, aceitaram não tinham opção. Mas depois
se vingam inundando, encharcando e engolfando o país num mar de sangue. Torturavam
eventualmente passaram a tortura exaustivamente. Diziam que a “tortura era indispensável”,
(como confessou agora George Bush, 8 anos presidente dos EUA), mas os próprios
generais passaram a saber e a ter satisfação. Exatamente como Pinochet no Chile,
Videla na Argentina.
Amanhã.
Aqui, todos
os generais morreram “anistiados”, o debate não é para punir e sim saber quem
torturou mais.
Carlos Lacerda e Roberto Marinho: os
dois sem qualquer preconceito.
Em 1962, caiu
um edifício de 12 andares, no Bairro Peixoto, zona sul do Rio. Muitos prédios
construídos ali, um antigo e profundo lamaçal. Imediatamente a Câmara Municipal
aprovou projeto reduzindo os gabaritos para seis andares, naturalmente em
prédios novos.
Carlos
Lacerda era governador, Roberto Marinho comprou o terreno, queria construir
outro edifício com os mesmos 12 andares. Sem preconceito ético de nenhuma espécie
pediu ao governador licença para repetir o número de andares.
Lacerda
negou, respondeu: “Se eu violar o novo gabarito, posso ir preso na hora”. O
dono do “Globo” passou a atacar o governador diariamente na Primeira. Um amigo
perguntou a razão, Lacerda sem o menor preconceito racista, explicou: “Isso é coisa
do Roberto azul Marinho quase preto”.
PS – Tombo (e
não Tombini) do Banco Central: “Esperamos que em Dezembro de 2016, tenhamos
atingido o centro da meta da inflação, os 4, 5 por cento”. Dois anos para uma
quimera, uma expectativa, quase que uma adivinhação? É muito em matéria de frustração,
pouquíssimo em termos de esperança.
PS2- Dona
Graça, sem noção de tempo: “Já pedi demissão do cargo três vezes, não fui
atendida”. Faltou explicar as datas, e se falou com Dona Dilma, oficialmente
por email, ou no intervalo das novelas.
PS3- Oportunidade
teve muitas, e não apenas como presidente da empresa mais assaltada, arruinada,
estuprada, (Jair Bolsonaro) de todos os tempos. É impossível acreditar e ninguém
acredita mesmo, que essas quadrilhas assaltavam a Petrobras 24 horas, durante o
dia e á noite. E Dona Graça “não sabia de nada”.
PS4 - Está
obrigatoriamente incriminada do ponto de vista administrativo, e até pelo uso
do lugar comum de Lula e Dilma: “Eu não sabia de nada”.
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