*Blog oficial do jornalista Helio
Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da
Imprensa. Aqui teremos suas matérias exclusivas, e também a participação
de colunistas especialmente convidados. (NR)
A ENTREVISTA DE FHC, VERGONHOSA, PECAMINOSA,
VEXAMINOSA E PRINCIPALMENTE, MENTIROSA. A COMISSÃO DA VERDADE “IDOLATRANDO”
PINOCHIO.
HELIO FERNANDES
01.12.14
A Comissão da
Verdade, com todos os poderes, conseguiu obter algumas explicações, desvendar
crimes e descobrir e desenterrar corpos, mais nada. Está trabalhando há anos,
poderia conseguir muito mais, se não tivesse visível receio de se aproximar de
alguns generais. Chegaram perto dos quartéis, fizeram requerimentos, perguntas
e indagações, foram completamente ignorados.
É bem verdade
(desculpem o uso da palavra), essa Comissão levou tanto tempo a ser
concretizada, que todos os generais do “primeiro time”, transformados em
“presidentes”, morreram muito antes de serem acusados.
Ao contrario
do que aconteceu na Argentina, onde quase todos morreram em celas miseráveis.
Ou no Chile, onde semana passada, generais criminosos foram condenados.
Estavam na cadeia, as condenações confirmadas, ficarão lá para sempre.
A Comissão perde tempo.
Conduziram
mal a investigação, receberam respostas inteiramente desligadas da realidade.
Como a confirmação dos militares, que não quiseram ou não puderam contestar ou
desmentir: “Nos quartéis não ocorreram fatos que conflitavam com a rotina
militar”.
Sem o menor
constrangimento, desmentiam a realidade, desprezavam a própria Comissão. Esta
devia ter começado por três providencias, indispensáveis.
1 –
Responsabilizar os que atenderam “decisões” dos generais culpados, que agiam em
beneficio próprio. 2 – Por que não investigaram a razão da transição da
“ditadura para a democracia”, ter sido comandada totalmente pelos militares?
3 – Esses
militares culpados, que se “inocentaram” com a anistia deles mesmos, comandaram
a indireta de 1985, seis anos depois. Ainda acreditávam na prorrogação do
terror, com um novo general de plantão, o chefe do SNI, Otavio Medeiros.
Não tendo
tomado essas três providencias, que reforçaria seus poderes não apenas de
investigação mas também de punições, vão esgotar o tempo, sem nada de muito
proveitoso. Ou até de contraproducente, com nítido caráter de desperdício, como
essa inacreditável, inimaginável e totalmente dispensável entrevista de FHC.
Por que ouvi-lo? Seu passado é mais do que conhecido, jamais combateu coisa
alguma.
FHC nunca foi cassado.
Comecemos
pelo fim, para desmoralizar tudo que o ex-presidente falou: “Ele jamais foi
CASSADO ou perseguido”. Tanto não foi cassado, que disputou eleição em 1978, em
plena ditadura, muito antes da anistia ampla. Jose Serra, esse sim, CASSADO,
exilado, perseguido, voltou para o Brasil em 1978. Candidato a deputado
estadual, teve o registro recusado, com a alegação: “Ainda esta cassado”.
(Em 1977, o
MDB autêntico lançou a candidatura deste repórter a senador em 1978. Cassado
por 10 anos em 1966, acreditávamos que em 1976, estaria terminada, mas veio a resposta arrogante, audaciosa e impossível de contestar: “A cassação não é mais por 10 anos, agora é para sempre”).
Nesse 1978,
na chapa de senador, junto com Franco Montoro, FHC teve míseros 300 mil votos,
Montoro, 3 milhões. Mas FHC começaria a “carreira”, ficaria como suplente. Em
1982, Montoro se elegeu governador de São Paulo na primeira eleição majoritária
depois do golpe de 64, FHC assumiu no senado. Se não tivesse sido candidato em
1978, teria que começar em 1982, como todos os cassados de verdade, muito mais
difícil.
Com o próprio
FHC presidente no primeiro mandato, e no segundo, comprado e pago com a
reeleição, desafiei-o várias vezes a provar como conseguiu ser candidato em
1978, se dizendo cassado. Isso na Tribuna da Imprensa, assassinada pela
ditadura. Mas ele jamais respondeu, não tinha o que dizer. Ou o que dissesse
seria mentira, como tudo o que diz agora.
Não existe
comparação entre outras mentiras e as que FHC retumba agora. Esta, que jornais
obrigatoriamente publicam em manchete, é mais colossal do que qualquer outra: “Não
fui torturado, mas vi gente torturada”. Nunca foi preso, CASSADO, perseguido, é
lógico, não está mentindo quando diz que “NÃO FUI TORTURADO”.
Mas onde é que
viu gente torturada? Nesses tempos, rigorosamente livre e satisfeito, seu roteiro
era o seguinte. Patrocinado pela Fundação Ford, (que na Tribuna de papel revelei,
que arrogante, só chamava de Ford Fundacion) viajava para o Chile, onde muitos
estavam exilados.
Quando
assassinaram Allende e instalaram no Chile um dos regimes mais arbitrários,
autoritários e atrabiliarios, os exilados autênticos tiveram que se dispersar.
FHC passou então a ira para a França, e para os EUA, o9nde estava proscrito exilado
mesmo, seu amigo Sociólogo e Historiador, Luciano Martins (Brilhante, lúcido competente).
Hospedava-se na casa dele.
Nuca esteve com Golbery.
Pula de
mentira em mentira, a maior e a mais degradante: “Eu estava indo de carro para a
Universidade, ouvi pelo rádio que tinha sido CASSADO”. Ouviu o que jamais
aconteceu, diz que “ouviu o Ministro Gaminha ler o AI-5, redigido por ele”.
Que mentiroso
primário. O AI-5 foi redigido por vários militares, que desprezavam o então
Ministro da Justiça. Está aí o coronel Passarinho que não deixa ninguém mentir.
E foi lido na televisão por um locutor da Rádio Nacional, precisamente ás
20,30, ninguém vai para a Universidade a essa hora.
Conta, “fui
sozinho ao gabinete do general Golbery”, mas não mostra quando. E o general
Golbery só uma vez teve gabinete, mandava mesmo, mas da sua fazenda maravilhosa.
Disse que contou ao general as suas diversas prisões, e que “Golbery ficou
revoltado, disse que isso precisa acabar”. Desculpem: Há! Há! Há!
Depois conta
as prisões, “não sei se foi com o Chico Buarque ou o Vinicius de Moraes”. Ora,
que é perseguido, ou preso com gente como essa não pode esquecer pelo menos os
nomes.
Na época Chico
Buarque estava na Itália (onde já morara com a família) Vinicius jamais foi
para o DOI-CODI ou para a Oban. (mesma coisa). Vinicius era um combatente
natural, por convicção, mas um combatente musical.
O Pinóquio FHC.
Tenho que
terminar, o ex-presidente é impagável, nos dois ou três sentidos da palavra. Os
generais ditadores tentaram popularizar aquele “ame-o ou deixe-o”. Pois FHC
termina com a frase quase igual, mas que significa a mesma coisa: “Estou aqui
no Brasil porque tenho amor pelo país”.
O medo do desemprego.
Luciano
Coutinho já foi comunicado: “deixará o BNDES. Ronda o Planalto, não quer ficar
sem nada”. O economista Belluzzo que frequenta o Planalto (mesmo depois que
rebaixou o Palmeiras) acreditava a serio que fosse nomeado Ministro da Fazenda,
um impropério.
Agora, fala
mal do escolhido, ninguém o ouve. Quer alguma coisa, nem ele mesmo não sabe o
que é. De qualquer maneira os dois precisam de explicação. Talvez dada por eles
mesmos: qual a diferença entre RONDAR e FREQUENTAR o Planalto?
Três senadores impacientes.
Derrotados
para o governo. Do Amazonas, Ceará e Paraíba, ainda têm quatro anos no senado.
Mas querem um ministério. Eduardo Braga pretende sair para deixar a mulher no
cargo, é sua suplente.
Eunicio Oliveira,
não quis ser Ministro em outubro de 2013, considerava que tinha passaporte para
governador. Parecia mesmo. Vital do Rego, insensato, disputou o governo, teve 5
por cento dos votos. Já não quer mais ser Ministro de Estado e sim Ministro do
Tribunal de Contas. Pode ser.
PS – Como o Ministro
Zavascki é o relator dos acusados da lava-jato que têm foro privilegiado, nos
últimos dias, muitos querem saber até quando fica no Supremo. Tem exatamente
mais quatro anos. Cai na expulsoria dos 70 anos, no limite entre 2018 e 2019.
Todos dizem: “É muito tempo”.
PS2 – O Ministério
da Agricultura pode ficar vago por mais algum tempo. O Ministro que está no
cargo, é acusado de usar terras para a ”reforma agrária”, entre os irmãos.
Surrealista.
PS3- Já a
senadora indicada, mas não oficializada por muitos motivos, é sempre lembrada
por um motivo: “a exploração do trabalho escravo nas suas fazendas”. Nada
surrealista.
PS4 – O ditador
Osny Mubarak, foi condenado á morte, punição logo transformada em prisão
perpétua. Agora foi absolvido, será solto ainda esta semana. Qual o critério ou
a ideia que pretendem transferir á comunidade?
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