*Blog oficial do jornalista Helio
Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da
Imprensa. Aqui teremos suas matérias exclusivas, e também a participação
de colunistas especialmente convidados. (NR).
EUA: ISOLACIONISTA ATÉ 1941, HOJE
QUASE NO OSTRACISMO, SEGREGACIONISTA, APAVORADO COM A VOLTA DO RACISMO, DOMINADO
PELO TERROR DO ESTADO ISLÂMICO.
HELIO FERNANDES
03.12.14
Mudaram
muito. O único país do mundo ocidental, a conquistar independência pelas armas,
garantir a República pela insuperável solidariedade entre aquelas províncias,
(13 na época) que nem nome tinham.
Em 1776
deflagraram a Independência, com aquele belo manifesto, escrito totalmente por
Thomaz Jefferson. Tão importante, que historiadores, mais tarde, analisaram e
definiram: “É o que de melhor já se escreveu em língua inglesa, excetuando Shakespeare”.
Exaltando Jefferson mas ressalvando Shakespeare.
Começaram
então a organização da República, tudo pela forma direta, nada era feito
indiretamente. (No Brasil tudo foi mistificação. A independência, uma farsa. A
Abolição da escravatura, prorrogação a favor dos senhores de engenho. A
República, golpe militar, militarizado e militarista, deturpado e derrotando
uma das mais brilhantes gerações de lutadores civis).
Depois da
vitória contra os ingleses, os americanos fizeram a maravilhosa Convenção da
Filadélfia. Durante meses e meses discutiram os assuntos que deveriam ser
debatidos e resolvidos na Constituinte, e os que de menor importância podiam
ficar por ali mesmo.
Quatro assuntos principais.
1 – O nome do
país. Só existiam províncias, nenhum estado. 2 – A Constituição deveria ter
maioria Federalista ou Estadualista? 3 – Duração dos mandatos presidenciais. 4 –
O país deveria se voltar apenas para o desenvolvimento e o bem estar do seu povo ou se preocupar com o que acontecia no resto
do mundo? Tudo era polêmico e controvertido, por isso colocavam na pauta da
Constituição.
1– Queriam que
o nome definisse o país, geograficamente e politicamente. Então decidiram por
Estados Unidos da América do Norte. O que antes eram estados unidos, em minúscula,
ganhou maiúscula. E a localização, América do Norte. Controversa, mas
contornável.
2 – A primeira
grande hostilidade, quase uma divisão. A maioria considerava que um terço apenas
da Constituição deveria ser Federalista, traçando as grandes metas do país,
organizando a ordem e a justiça, estabelecendo as metas nacionais.
Os outros
dois terços seriam obrigatoriamente Estadualistas, com independência total, Os
oito “pais fundadores”, como eles mesmos se identificaram, concordaram depois
de meses de lutas e debates. A Constituição ficou sendo e continua até hoje, 30
por cento Federalista e 70 por cento Estadualista.
3 – A duração
dos mandatos presidenciais provocou o mais longo debate. Washington Jefferson,
J. Adams, Monroe, Madison, lutavam por mandatos de dois anos, sendo prorrogação.
Derrotados, propuseram três anos, finalmente quatro, Não ganharam nada, a
Constituição aprovou quatro anos ininterruptos, o que prevaleceu até 1952.
Todos esses
citados foram presidentes por oito anos, uma eleição e uma reeleição, não quiseram
mais, desistiram da vida pública. Outros não aceitaram o cargo como o notável
Benjamin Franklin. Indicado, recusou, explicou: “Eu só queria ter um país que
pudesse chamar de meu, continuar com as minhas invenções”. Continuou, inventou
o para-raios. Sua efígie (desculpe) está na nota de 100 dólares.
4 – Dos pontos
polêmicos esse foi o mais rapidamente resolvido. Os americanos queriam se
isolar do mundo, viver o mais confortável e mais longe de todos. A Constituição
foi promulgada em 1788, durante 110 anos viveram apenas para eles mesmos, sem
preocupações com o que acontecia do lado de fora.
110 anos
depois em 1898, quebraram esse chamado isolacionismo, suas tropas saíram de
casa pela primeira vez. A Espanha invadiu a República Dominicana e Cuba, foram
derrotados pelos americanos. Que ganharam o direito de anexar a República
Dominicana, e tiveram entrada livre na belíssima Cuba.
Construíram a
base de Quantanamo, posto principal para a derrota da Espanha. Se instalaram
suntuosamente, construíram cassinos, grandes empresas americanas foram para lá.
Até 1959, com a chegada de Fidel Castro e a derrubada do sargento Batista, que
estava no poder como “marechalissimo”.
Depois da
vitória contra a Espanha os americanos voltaram para casa, ainda isolacionistas.
Na primeira Guerra Mundial, (a verdadeira) também não os atraia. Declarada
oficialmente em 1º de Setembro de 1939, quando Hitler e Stalin então aliados,
devastaram a Polônia.
Stalin
atravessou a fronteira da Ucrânia, hoje tão comentada. Hitler passou por toda a
Europa assombrando franceses e seu Primeiro Ministro Deladier. E ingleses e o
Primeiro Ministro Chamberlain.
Os americanos
não tomaram conhecimento da guerra, que ia se alastrando pelo mundo. Fundaram o
“Comitê Isolacionista”, chefiado pelo Coronel Lindberg. Herói Nacional, foi o
primeiro homem a atravessar o Atlântico, em 1936, num avião que de tão pequeno
era chamado de “casca de nós”. Foi de Nova Iorque a Paris em 38 horas,
inacreditável para a época.
A França foi
ocupada por Hitler sem um tiro, em 1º de setembro de 1940, 1 ano de guerra, e
os EUA de fora. 1º de setembro de 1941, dois anos de guerra, e os EUA nem observando.
Mas dois meses depois, em 7 de dezembro de 1941, o mundo mudaria e atingiria
surpreendentemente os EUA.
Numa façanha
que deixou o mundo perplexo, mais de 50 aviões japoneses saíram de Tóquio, e
sem escala chegaram á base da Marinha em Pearl Harbour. Destruíram dois terços
da frota naval americana.
Isso era considerado impossível mas
aconteceu. No dia seguinte, 8 de dezembro, os EUA entravam em guerra contra o
que se chamava de nazi-nipo-fascismo. (Alemanha, Japão e Itália, então
aliados).
No mesmo
dia o coronel dissolveu o Comitê Isolacionista, me alistou na aviação, lutou
até o fim, foi herói mais uma vez.
A partir
desse dia os americanos mudaram tudo no país. Criaram a indústria de guerra, os
homens foram lutar, as mulheres para as trincheiras da retaguarda, construir
para resistir e conquistar. E nunca mais foram isolacionistas, descobriram a satisfação
de dominar o mundo, o prazer de serem considerados a maior potencia mundial.
PS-
Voltarei ao assunto, a invasão do mudo pelos EUA. Contarei o que aconteceu em
1943/44 "segunda frente", a extraordinária ocupação da Normandia,
nada havia sido feito igual antes. E em 1944, em Bretton Woods, o domínio da
economia do mundo, com a substituição, como troca universal do ouro pelo dólar,
inacreditável. Ocuparam o mundo, militar e monetariamente.
PS2- Fica
para depois, o importante é ressaltar, registrar e ressalvar agora, o fracasso
continuado dos EUA, por repetidos erros militares. Embora ainda tenha o poder
das armas, usa essa força de modo errado ou equivocado. Depois da memorável
derrota no Vietnã, jamais os EUA tiveram tantas dificuldades quanto agora.
PS3-
Clinton e Obama herdaram a tragédia da incompetência do Bush filho, invadindo o
Iraque, "por causa do seu estoque nuclear". Na verdade não havia nada
só o envio incessante de tropas e o assassinato de Saddan Hussein. Obama não
podia retirar as tropas, achou que fazia media com o eleitorado.
PS4-
Deixou a Síria e o próprio Iraque desguarnecido, daí surgiu esse terrorismo do
"estado Islâmico". Errou quando ameaçou bombardear a Síria, o que não
fez, permitindo um acordo, cujo intermediário foi o ditador Putin. E o desgaste
de Obama, terrível, só ele não percebeu.
PS5-
Nesta fase chegamos então ao pânico do "Estado Islâmico", com Obama
garantindo ao mundo, "que iria destruí-los com bombardeios, sem tropas
terrestres". Imediatamente, contestei. Textual: "Não existe vitória
sem tropas terrestres, é impossível prescindir da infantaria, a rainha das
armas".
PS6-
Bombardeios inócuos, sem impacto ou repercussão. Premido pelos fatos, Obama
conversa e negocia o envio de tropas terrestres, é preciso avaliar o tamanho
dessa tropa.
PS7- Sem
essas tropas, o "Estado Islâmico" resistirá no mínimo 20 anos, o
governo Obama tem apenas mais dois. É uma pena que Obama tenha terminado assim.
Mas os americanos não querem mais voltar para casa. Resistirão do lado de fora?
PS8- Mas
agora, além do terrorismo dos Republicanos, Obama tem que enfrentar muitos outros
problemas, gravíssimos. Outro terrorismo, do "Estado Islâmico", não
sabe como resolver, a não ser enviando tropas em quantidade, coisa que o
cidadão americano não quer.
PS9- E
surgiu ou ressurgiu o que parecia morto: o preconceito racista. A emenda
constitucional número 11, promulgada em 1866 depois da maior guerra civil do
mundo ocidental, dava a impressão de que viera para sempre. Não saiu do papel.
Um policial branco assassina um civil negro e desarmado, não é nem preso nem
condenado, logo absolvido.
PS10-
Obama foi obrigado a declarar: "O problema não é o assassinato de um negro
numa cidade minúscula, isso acontece no país inteiro". O assunto interessa
ao mundo inteiro, é preciso reformulação total. Mas de maneira alguma a
SUBSTITUIÇÃO dos EUA pela China.
PS11-
Estamos todos insatisfeitos, o Papa Francisco tem acertado em cheio. Voltarei
ao assunto. 1 BILHÃO e 600 MILHÕES, que não têm onde morar. 1 BILHÃO e 400
MILHÕES, que não têm o que comer. 1 BILHÃO e 200 MILHÕES que ganham (?) 2 reais
por dia.
PS12- Que
mundo. Não quero nem falar que dois BILHÕES de pessoas, 43% da população
mundial, não tem saneamento básico. Só existe uma solução para esse problema medonho,
tenebroso, lancinante: todos os que ocupam cargos públicos, de prefeitos a
presidentes ou Primeiros Ministros,seja de país forem, TERÃO QUE MORAR EM
LOCAIS, casas ou apartamentos, SEM SANEAMENTO BÁSICO. Até que essas comunidades
tenham dignidade nas moradias.
Amanhã.
Começa o
festival Wagner da nomeação de Ministros, derrotados para governadores.
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