*Blog oficial do jornalista Helio
Fernandes que durante 46 anos foi diretor do jornal Tribuna da
Imprensa. Aqui teremos suas matérias exclusivas, e também a participação
de colunistas especialmente convidados. (NR).
MORRE O MAIS JOVEM EDITOR DA TRIBUNA
DA IMPRENSA, ROBERTO PORTO. DOIS MESES ANTES DA ELEIÇÃO, EU JÁ ESCREVIA: “O
BRASIL NO CAMINHO DO IMPEACHMENT”. AGORA, TODOS REPETEM.
HELIO FERNANDES
06.12.14
Muito antes
do primeiro e do segundo turno, sem citar nomes de vencedores ou perdedores, e
mais impressionante ainda. Quando se falava no escândalo de Pasadena mas não se
tinha noção de que essa mesma quadrilha assaltaria a Petrobras, fui
interpretando os fatos.
(Carlos
Lacerda já morreu desde 1977, portanto há 37 anos, mas deixou escrito no seu “depoimento”,
um conceito e uma convicção: “O Helio Fernandes adivinha os fatos, conversar
com ele é constatar isso”).
Não adivinho
nada. Apenas sou bem informado, e a dezenas e dezenas de anos, fixei o que deve
ser o dia a dia do jornalismo e do jornalista: “Noticia não se arranja em casa,
noticia não se guarda em casa”.
Dessa forma
rigorosamente interpretativa, analisando os fatos que estavam á beira da estrada,
quem quisesse que aproveitasse, com tanta baixaria, uso pela candidata do
governo, da calúnia, injúria e difamação, registrei: “O Brasil caminha na
direção do segundo impeachment da sua História”.
Dona Dilma
era favoritíssima, estava altamente implicada pelas próprias confissões sobre
Pasadena, se tornava ainda mais arrogante, despejando fortunas na campanha
presidencial mais corrupta da História brasileira. Minha estimativa e
perspectiva era mais do que uma possibilidade, mas cada vez mais perto da
realidade.
Agora, com as
prisões e revelações que surgem de Curitiba o que coloquei há muito tempo, absorvido
por muitos parlamentares, juristas, jornalistas, sai do armário se revela não
como ambiguidade e sim como autenticidade.
A palavra
impeachment, para muitos “adivinhada” por Helio Fernandes, agora é de domínio
público. Pode ser usada á vontade. E como só quem pode sofrer impeachment é quem
está no poder, toda atenção e tensão recaem sobre Dona Dilma, embora o país
todo sofra com isso.
As circunstancias
são tão graves para Dona Dilma, não consegue organizar o futuro ministério, já
disse: “Vou preencher os cargos por partes”.
Precisa saber
se os que vai convidar ou nomear estão no rumo do Planalto ou da planície mais
desvairada e comprometida. De qualquer maneira, já se fala, nas ruas em impeachment.
PS – Jamais contei
este fato, é a primeira vez. Um professor da UFRJ, (depois reitor) defendeu a
tese de mestrado, com o título: “A INFORMAÇÃO e a INTUIÇÃO no jornalismo de
Helio Fernandes”.
Jamais havia
conversado comigo, não foi negativo nem elogiativo, apenas interpretativo.
Fiquei impressionado, ele estabeleceu a diferença entre as duas palavras chaves
da tese.
O que eu mesmo procurava definir como realidade e Lacerda identificava
como “adivinhação”.
Era a mais
autentica e completa loção de interpretação que o professor definiu como
INTUIÇÃO. Muitas vezes, com o fato já transformado em realidade e autenticado,
eu mesmo não conseguia saber qual “a fonte que me dera a informação”.
Não havia.
Este apenas conclusão do excesso de informação, e do também excesso de
interpretação. É o que acontece agora com o impeachment. Já escrevi e é verdade:
os fatos revelados, podem ser anulados com a revelação. Mas o impeachment está
aí, cada vez mais presente.
Renato Duque.
Há mais de um
mês escrevendo sobre as denuncias, fundamentadas, documentadas, provados e
comprovadas, escrevi? “É o único Duque da República, da mesma forma como Caxias
foi o único do Império”. Nada ver um com o outro, o da Petrobras é o Duque da
Corrupção.
O juiz que
comanda a investigação de Curitiba, revelou sobre ele: “Tem uma fortuna no
exterior, mais de 60 milhões em diversas contas”. Agora Julio Camargo, (que também
fez acordo de “delação”) garantiu: “Ele recebia representantes das empreiteiras
na própria Petrobras ou em restaurantes”.
Augusto Mendonça,
(também com ”delação premiada”) garantiu, com provas, “que era Renato Duque
quem recolhia as doações e repassa para o PT”. Paulo Roberto Costa, afirmou em
CPMI: “A roubalheira não acontecia apenas na Petrobras. Era na Eletrobrás, na
Infraestrutura, em transporte, em tudo havia roubalheira. É só pesquisar”.
O Congresso em chamas.
Deputados e senadores, que já
estavam em pânico com os vazamentos que não revelavam nomes, agora estão
apavorados. É que foi dito por alguém já teve a "delação" concebida,
autenticada e avalizada, "citei 55 nomes de parlamentares que recebiam
propinas que saíam diretamente das empreiteiras que GANHAVAM OBRAS BILIONÁRIAS
DA PETROBRAS".
O gerente dos 100 milhões de dólares.
Era um funcionariozinho, tinha
muito trânsito com empreitares porque era o segundo de Renato Duque, não por
causa do cargo. Foi preso, na mesma hora, antes de fazer acordo de
"delação", entregou a si mesmo, garantiu: "Vou devolver 97
milhões de dólares". Isso representava 252 milhões de reais, membros do
Ministério Público e da Polícia Federal, experimentadissimos, não puderam
conter a perplexidade.
PS- Foi embora Roberto Porto, meu
amigo, jornalista interessantíssimo, o mais "isento" dos torcedores
de clubes de futebol. Sem o menor constrangimento ou comprometimento, chorava
pelo seu Botafogo, nas vitórias e nas derrotas.
PS2- Foi editor da Tribuna de
suas fases mais brilhantes, quem era quem no jornalismo estava lá. Não era
apenas um jornal e sim um centro de conversas, debates que não acabavam
mais.
PS3- Participei desde mocissimo
de diversas redações, em quatro delas em cargos de direção, todos
inesquecíveis. A revista "O Cruzeiro", no início, antes de todos,
merecidamente se transformaram em gênios.
PS4- Depois diretor de redação do
Diário Carioca, com o extraordinário Luiz Paulistano como Chefe de Reportagem.
Tinha tal paixão pela notícia, que acabou na Primeira página, ao morrer num
desastre de helicóptero que matou também o governador do Estado do RJ.
PS5- Acima de mim, Pompeu de
Souza como Editor, foi ele que trouxe a palavra para o Brasil, morou muitos
anos nos EUA e na Inglaterra. E como Editor Geral, Prudente de Moraes, neto,
para esse não existe adjetivo á disposição. Fizemos um jornal revolucionário,
inovador, agradabilíssimo.
PS6- Depois a revista
"Manchete" de 1952/1952, quando ia fechar os Blochs me contrataram
foi do zero para 150 mil exemplares semanais, a grande sensação daquela época
sensacional. A essas três de junta a redação da Tribuna, e o seu jovem editor
Roberto Porto. Que tempos, que polêmicas, nem sei como conseguíamos fazer o
jornal.
PS7- Os que começaram no
jornalismo a partir de 1990 ou 2000, não conhecerão as aulas de relacionamento,
os dias que passavam de maneira fulminante, a cultura e o conhecimento, que era
o mínimo que se exigia.
PS8- Hoje, com os
"buracos" ou os "boxes" dos computadores, ninguém mais
quebra o "silêncio ao quadrado", que domina as redações. Não tiram os
olhos da tela, alguém passa e cumprimenta, "respondem" não com
palavras e sim com vagos gestos de mão. Roberto Porto não entenderia nada
disso, lembraria daqueles tempos notáveis da Tribuna. Ele como editor, cada um
escrevendo, divulgando e eternizando suas próprias opiniões, convicções ou
interpretações.
PS9- Roberto Porto não tinha
idade mas cultura e conhecimento para saber e se lembrar. O "Jornal do
Brasil" durante muito tempo, (antes do computador) tinha no cabeçalho dois
nomes como Redator-Chefe: José Nabuco e Rui Barbosa. O que não se repetiu e
agora então não se repetirá.
PS10- O Botafogo, agora sem
salários, sem time, sem futebol, perde também o seu mais "isento"
torcedor e jornalista, Roberto Porto. Que fase.
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