POLÍTICOS, MAGISTRADOS E EXECUTIVOS
SALVANDO UNS AOS OUTROS. UM ACORDO DEVASTO PARA A DEMOCRACIA E O ESTADO DE
DIREITO. BLINDAGEM FOI A QUE CONHECI COM BRIZOLA. ERAM PROJETOS E MAIS
PROJETOS, NADA CORRUPTO, MAS DE GRANDE E VALIOSA CONTRIBUIÇÃO PARA A SOCIEDADE.
AGORA A BLINDAGEM TEM OUTRO FORMATO, É PARA ELES MESMOS. IVETE TRAIU A CAUSA DO
TRABALHISMO E ENTREGOU O PTB PARA O GENERAL GOLBERY.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
A
lista do ministro do STF Edson Fachin foi fulminante para Michel Temer, Lula,
FHC e Dilma Rousseff. Dos quatro, FHC é que menos sofreu o impacto moral, por
dois motivos, deixou o governo há mais tempo e a idade avançada. Entre todos a
certeza que a blindagem montada nos bastidores, com tentáculos no judiciário,
está ameaçadíssima. Ou seja: o conluio vergonhoso que existe entre os
personagens da mais alta cúpula do país, já é do conhecimento da sociedade
brasileira e dos organismos internacionais.
O
modelo utilizado por eles é o mesmo utilizado pelos ditadores socialistas, que
nas rupturas, se salvam uns aos outros. De onde veio, e de quem foi à ideia, é
uma questão de tempo, mas vira a tona e ai a nação poderá fazer seu juízo
final.
De 1977 a
1992, eu convivi (mas intensamente na fase que começou no exílio e até a
fundação do PDT) com dois ícones do trabalhismo brasileiro, Leonel Brizola e
Darcy Ribeiro.
O algoz do
trabalhismo, era a ex-deputada Ivete Vargas, uma personalidade intransigente,
divisionista e nada afeta ao diálogo. Aproveitou do desejo da ditadura militar
frear a força que o movimento dos trabalhistas se aflorava, fez um pacto com a
extrema direita, através do ministro ditador general Golbery do Couto e Silva.
Abraçada com
os torturadores, Ivete Vargas, construí esse PTB que vocês já conhecem. Fisiológico,
desnaturado politicamente e sem rumo, uma legenda de aluguel, vazia, cartorial,
fruto do que foi plantado por ela.
Brizola tinha
seu pequeno habitat político. A blindagem era com Cibilis Viana, Gessy Sarmento
e José Gomes Talarico (esses últimos uma espécie de azougue nas articulações).
Blindagem mesmo era entre Brizola e o primeiro.
A caixa preta
de Brizola tinha três chaves. Mas os problemas eram menores. Não vendiam o país
aos estrangeiros, a linha política era o socialismo moreno de Darcy, e a parte
física estava na proposta dos “Brizolões” (Cieps) e das reformas de base, essa
última, porém nunca saiu do papel.
Ao lado de
Brizola, construímos um grupo independente e aguerrido e realizamos um belo
trabalho de formação política, trazendo jovens e figuras da época (que hoje
flutuam ou flutuaram no cenário político.
Sem buscar
notoriedade, ganhei visibilidade pela atuação e também por conta da publicação
na imprensa de uma lista denominada “Os cem do Brizola”, sem modéstia onde meu
nome ali está. A publicação criou inveja, e (melhor era ter continuado nas
entrelinhas).
Mesmo
afastado por divergir do inchaço da legenda, com adesão de fisiológicos, a
minha convivência era tranqüila, eles queriam cargos políticos eu queria fazer
história.
Afastei-me, a
partir de uma divergência com Brizola, quando este me propõe ser elo para a
unificação das duas legendas PTB e PDT. Fato este que materialmente não se concretizou,
nem após a morte Yara Vargas. O PDT
tinha na linha de frente, Bocayuva Cunha, José Colagrossi, Doutel de Andrade e
Lygia Andrade, muito próximos de Brizola.
Políticos,
magistrados e executivos salvando uns aos outros. Um acordo devasto para a democracia
e o estado de direito. Blindagem foi a que conheci com Brizola. Eram projetos e
mais projetos, nada corrupto, mas de grande e valiosa contribuição para a
sociedade. Agora a blindagem tem outro formato. É para eles mesmos. Acordo
vilão foi da falecida Ivete Vargas, que entregou o PTB para o general Golbery.
Voltando a
cerne da questão. Não tenho a menor dúvida de que a mais alta cúpula do país
está contaminada e pactuada. A corrupção tem outro nome, os atos do judiciário,
outros formatos, e as operações são mais publicitárias do que eficientes.
Neste alto
pedestal de políticos, algumas figuras foram fritadas, podendo citar o
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Dilma é o
pior dos personagens. Desarticulada, renegando Lula, utiliza um passado
conturbado na luta armada, para endossar suas atitudes e atos já denunciados
pela imprensa e produto dos inquéritos e denuncias na Lava-Jato.
Sinceramente,
nada espero deste modelo maldito que estamos submetidos. A divisão de classe
não é hoje apenas entre capital e pobreza e sim de políticos e o povo que os
elegeram. As reformas da Previdência e Trabalhista serão realizadas, a força,
na manobra e na coação de deputados para sua aprovação.
Mais tarde estarão
os opositores as medidas, questionando sua constitucionalidade no STF. A
matéria tramitará por anos e pode ainda ser ou não retirada do mundo jurídico.
No topo dos questionamentos, com certeza os
magistrados trabalhistas, mas apenas opinarão ou questionarão aqueles pontos
que atingem os seus interesses e não os da sociedade como um todo. È exatamente
o que vem ocorrendo nesses casos.
Sobre
blindagem, devo dizer que acobertar irregularidades de muy amigos, é crime. Mas quem vai punir? Existe coragem, moral e
determinação, que será patriota a esse ponto?
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