ANÁLISE & POLÍTICA
“Informação com Liberdade de
Expressão”
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Pânico
para Lula na Lava Jato
Depoimentos dados pelo
ex-presidente do grupo Odebrecht Emílio Odebrecht e pelo ex-presidente da
Braskem que é a subsidiária da Odebrecht no setor químico, Carlos Fadigas dão
conta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atuou para resolver
impasses entre a Braskem e a Petrobras, impedindo que a estatal se tornasse uma
concorrente na indústria petroquímica.
As informações foram dadas
pelos empresários em mais um acordo de delação premiada. Segundo Odebrecht, uma
reunião com o ex-presidente Lula na época de seu primeiro mandato foi
organizada para cobrar um "compromisso do governo com o setor
petroquímico", já que, durante a campanha, Lula garantiu que não
"reestatizaria" a Petrobras. Até o governo Collor, era a estatal que
comandava o setor por meio da Petroquisa.
Reunião
do acerto aconteceu no governo Lula
"Ele aceitou e convocou
essa reunião. (...) Nós preparamos um material de exposição e apresentamos tudo
nessa reunião, e mostramos exatamente a todos, que os estudos da Petrobras era
de estatizante nisso, nisso, nisso, naquilo e o que nós queríamos como
investidores, pra gente saber se continuava ou não investindo no setor, (era
saber) qual a posição do governo, já que o governo já tinha se posicionado que
não haveria a reestatização do setor", conta Emílio Odebrecht. (matéria
veiculada no Diário de Minas).
Repasse
de R$ 37 milhões para o PT, PSDB e PSC em 2014
Em depoimento à
força-tarefa da Operação Lava Jato, os executivos da empreiteira Odebrecht
afirmaram que a empresa repassou R$ 37 milhões em doações irregulares (caixa 2)
aos partidos PT, PSDB e PSC, em 2014, durante a campanha presidencial. Os
repasses eram realizados em mochilas, nos encontros entre mediadores da
companhia e dos partidos.
Segundo um
levantamento realizado pela Agência Brasil, a partir dos depoimentos de cinco
delatores para a Lava Jato, a campanha presidencial do PT foi a que mais
recebeu repasse em caixa 2 da Odebrecht, uma quantia de R$ 24 milhões. Em
seguida, vem o PSDB, com R$ 7 milhões, e o PSC, com R$ 6 milhões. Os repasses
ilícitos foram detalhados nas delações premiadas dos ex-executivos, que tiveram
os depoimentos homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no início deste
ano.
Acerto com Dilma foi de R$ 35 milhões
Também em delação, o
ex-diretor de Relações Institucionais da empresa, Alexandrino Alencar,
descreveu como foi feito o acerto para a campanha à reeleição da candidata do
PT Dilma Rousseff. De acordo com ele, o repasse de R$ 35 milhões foi combinado
com o então coordenador financeiro da campanha, Edinho Silva. O dinheiro seria
distribuído de maneira igualitária a cinco partidos para que apoiassem o PT e,
dessa maneira, o partido conseguiria um “aumento do tempo de horário eleitoral
na televisão”. Conforme Alexandrino, houve incremento de um terço após os
pagamentos realizados ao PROS, PRB, PCdoB, PDT e PP. Do total de R$ 35 milhões
combinados com o partido, os delatores indicam que R$ 24 milhões foram, de
fato, repassados.
Depósitos eram no exterior
O ex-diretor da
Odebrecht em Salvador, Hilberto Mascarenhas Silva, afirma ter recebido um
e-mail de Marcelo Odebrecht, em julho, autorizando o pagamento a ser
“debilitado na conta pós-Itália”, que era uma espécie de crédito que o governo
federal e o PT tinham com a construtora, e que ia sendo abatido conforme os
pedidos. Dos milhões de caixa 2 repassados de forma ilícita, documentos
fornecidos pelos delatores ao Ministério Público Federal (MPF) indicam que R$ 5
milhões foram repassados ao PROS, R$ 2 milhões ao PDT, R$ 5 milhões ao PRB, e
R$ 7 milhões ao PCdoB, além de R$ 5 milhões ao marqueteiro da campanha do PT,
João Santana, que está preso.
Repasse para Aécio foi de R$ 15 milhões
Os repasses feitos
para a campanha à Presidência do então candidato do PSDB, Aécio Neves, também
envolveram valores direcionados a outros partidos. Os delatores afirmaram que
Marcelo Odebrecht havia combinado com o tucano uma doação de R$ 15 milhões, que
acabou não acontecendo porque, segundo eles, o ex-presidente da Odebrecht
Infraestrutura, Benedicto Júnior, “eles não queriam receber o pagamento lá
fora”. O ex-executivo da empresa descreve que R$ 3 milhões foram pagos em
várias parcelas de R$ 250 mil, entre maio e setembro de 2014; e que outros R$ 3
milhões, em três parcelas de R$ 1 milhão, também no mês de setembro.
Assessoria de Aécio defende
De acordo com a
assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o então candidato pediu apoio para
as campanhas de “diversos candidatos”, na condição de dirigente partidário,
“sempre na forma da lei”. Segundo o tucano, o próprio Marcelo Odebrecht afirmou
na delação que as doações direcionadas a Aécio “nunca envolveram nenhum tipo de
contrapartida”.
“O senador Aécio
Neves foi um dos principais defensores do fim do sigilo sobre as delações e do
aprofundamento das investigações, que considera fundamentais para comprovação
das falsas acusações feitas a ele e para demonstração cabal da correção dos
seus atos”, informou a assessoria.
Assessoria de Dilma defende
A assessoria de Dilma
Rousseff disse que a então candidata “nunca autorizou” arrecadação de recursos
por meio de caixa 2 para suas campanhas presidenciais. Em nota à imprensa no
qual comenta supostos recebimentos de recursos por João Santana, Dilma afirma
que as “únicas pessoas” aptas a captar dinheiro foram os tesoureiros das
campanhas de 2010 e 2014, “em conformidade com a legislação eleitoral”.
“Nas duas eleições, a
orientação de Dilma Rousseff sempre foi clara e direta para que fosse
respeitada a legislação eleitoral em todos os atos de campanha. Ela nunca teve
conhecimento de que suas ordens tenham sido desrespeitadas. Todos que
participaram nas instâncias de coordenação das duas campanhas sempre tiveram total
ciência dessa determinação”, informou. (as informações aqui divulgadas compõe o
rool dos depoimentos dos autos da ação da Lava Jato).
Estão dando espaço na mídia para Lula crescer rumo a 2018
Eis
que Lula está imantado pelo poder. Falam dele, mesmo que seja: “falem mal, mas
falem de mim”. Mantido sob holofotes da mídia, não fossem as acusações contra
ele, Lula jamais seria novamente lembrado pelo eleitor. O reflexo disso é a Pesquisa
do Ibope, divulgada pelo jornal O
Estado de S. Paulo, onde mostra que o ex-presidente Lula é
virtualmente o mais cotado para vencer a eleição presidencial em 2018.
Ibope diz que 30% votam em
Lula
De acordo
com o levantamento, 30% dos entrevistados afirmaram que votariam em Lula “com
certeza” e 17% disseram que “poderiam votar”, enquanto 51% disseram que não
votariam “de jeito nenhum”.
O PSDB é o partido que mais tem
pré-candidatos (os senadores José Serra e Aécio Neves e o governador paulista,
Geraldo Alckmin) viram cair seus percentuais. Enquanto Serra tem 25% dos votos
“certos” ou possíveis, Aécio e Alckmin têm 22%. Os três apresentaram taxas de
rejeição maiores que a de Lula: 62% disseram que não votariam de jeito nenhum
em Aécio, 58% em Serra e 54% em Alckmin.
As entrevistas com os eleitores
foram realizadas entre os dias 7 e 11 com 2.002 pessoas em 143 municípios de
todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para
mais ou para menos.
Impressiona
muito que o jornal britânico Financial
Times destacou a possibilidade de Lula voltar ao poder nas eleições
de 2018, citando que pesquisas apontam que o possível candidato venceria as eleições
se elas ocorressem hoje. O diário lembrou que Lula terminou seu segundo
mandato, em 2010, com 83% de aprovação da população, motivado sobre tudo pelo
fato de metade dos brasileiros terem ascendido para a classe média durante seu
governo.
Dilma reivindicou as mordomias
Na véspera do impeachment, a então
presidente Dilma Rousseff chamou um dos seus secretários e mandou anotara os
privilégios que ela exigia mesmo quem cassada do seu cargo. Ela preparou uma
lista de exigências endereçadas a Renan Calheiros, presidente do Senado e
responsável por atender ou não aos pedidos. Solicitou uma frota de dez
automóveis oficiais e cinco motos, além de helicópteros e aviões da FAB para
viagens no Brasil e no exterior (os custos com hospedagem, combustível e
tripulação obviamente bancados pelos contribuintes).
Exigências
que extrapolaram e causou indignação
Numa segunda lista exigiu uma equipe de 20
assessores diretos, e uma verba para alugar uma casa de luxo em Brasília para
abrigar o que chama de “governo paralelo”. Quando na ativa, tinha ao seu
dispor, 80 funcionários do Palácio, entre cozinheiros, jardineiros, motoristas
e seguranças. Em a metamorfose de poder, pediu para não sofrer o corte do
salário pela metade, conforme prevê a legislação.
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