Gilmar Mendes atinge o cerne da laboral
(...) “Há muito tempo não se tem uma notícia alvissareira sobre o
funcionamento do judiciário brasileiro. A gula pelo dinheiro, através de
rubricas e aumentos salariais é assustadora. Em 2014, o sistema consumiu 68,4 bilhões
de reais em verbas públicas, o equivalente a 1,2% das riquezas produzidas pelo
País no período”.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
As
seguidas manifestações do ministro do STF Gilmar Mendes em desapreço ao formato
da Justiça Trabalhista, é reflexo em parte das decisões
estapafúrdias dos seus juízes, desembargadores e ministros. Recente o ministro
afirmou que (...) “o TST seria um laboratório petista, além de contar com
magistrados alinhados à Central Única dos Trabalhadores - CUT.
É bom lembrar que o
quinto constitucional da Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público
Federal, nos dois governos do ex-presidente Lula e cinco anos no governo da
ex-presidente Dilma Rousseff, foram 13 anos de nomeações no judiciário. Os
tribunais regionais e o próprio TST receberam centenas de novos desembargadores
e ministros, escolhidos em lista tríplice, e quase sua totalidade de nomeações,
possuem as cores do partido dos trabalhadores.
Avesso as criticas
que desabaram sobre o judiciário laboral o presidente do TST (Tribunal Superior
do Trabalho), Ives Gandra Filho, reuniu-se no dia 5 com a bancada do PSDB no
Senado e pediu a tramitação com urgência do projeto que cria cargos (são
270 vagas de analista judiciário e 54 de assessor de ministros. Um
grupo uma vez aprovado o pedido, ira desembarcar na Ilha da Fantasia, onde
farão coro com os demais ociosos.
Por outro lado
(extingue 119 cargos do quadro pessoal do tribunal) efetivos e em comissão no
TST. A reivindicação se não inoportuna, é desmedida e possui total sentimento
paternalista, eis que em nenhum setor da vida publica e da própria sociedade a
Justiça do Trabalho, com o seu formato arrogante tem chances de atingir seus
objetivos de ordem material.
Em “O custo da
Justiça no Brasil: uma análise exploratória” há uma comparação das despesas
entre países. O gasto é de 0,32% do PIB na Alemanha, de 0,28% em Portugal, de
0,19% na Itália, de 0,14% na Inglaterra e de 0,12% na Espanha. Nos Estados
Unidos, 0,14%. Na América do Sul, a Venezuela consome 0,34%, o Chile, 0,22%, a
Colômbia, 0,21%, e a Argentina, 0,13%. A folha de pessoal é a principal causa
do altíssimo custo. No Judiciário, há gente e mordomias demais. O pagamento de 434.932
funcionários, entre juízes e servidores, mordeu 89,5% das despesas totais em
2014. O salário médio alcança 10,8 mil mensais.
Venho repetidamente
desferindo severas criticas a este judiciário, rechaçando o posicionamento
tomado pela entidade que os representa e aos seus atores singulares. Quando
Gandra defendeu a aprovação da reforma trabalhista, recebeu uma saraivada de
criticas dos juízes.
Mesmo assim para
aplacar a ira dos “colegas”, entregou uma publicação coordenada por ele e
pelo ministro Gilmar Mendes, lançada no mês de março, sob o titulo, O “1º
Caderno de Pesquisas Trabalhistas”, editado pelo IDP (Instituto Brasiliense de
Direito Público) – fundada por Mendes, defendendo o fim do imposto sindical
compulsório.
Por essa intrigante
declaração, foi advertido pela forma intrigante ao meio sindical. “Não há
lógica em ser compulsório. Os sindicatos recebem uma monta de dinheiro e não
prestam contas a ninguém”, disse. A postura dos juízes a meu ver extrapola o
limite de seu postulado. Eles querem ser a lei, o sindicalista, o político e
nada mais importa no alto de sua soberba.
Há muito tempo não
se tem uma notícia alvissareira sobre o funcionamento do judiciário brasileiro.
A gula pelo dinheiro, através de rubricas e aumentos salariais é assustadora.
Em 2014, o sistema consumiu 68,4 bilhões de reais em verbas públicas, o
equivalente a 1,2% das riquezas produzidas pelo País no período. A conta inclui
as repartições federais, estaduais, trabalhistas, eleitorais e militares. E não
leva em conta o Supremo Tribunal Federal e seus 577 milhões de reais de
orçamento.
Trata-se do
Judiciário mais caro do mundo, ou ao menos do Ocidente. E não se farta. Quer
mais dinheiro, não para acabar com a ineficiência e a morosidade dos
tribunais, mas para engordar contracheques desde sempre generosos.
O recorde de gastos
está detalhado na pesquisa “Abrindo a caixa-preta: três décadas de reformas do
sistema judicial do Brasil”, uma parceria entre Luciano da Ros, professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Matthew Taylor, da Universidade
Americana, de Washington.
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