Temer, o
estrategista da contradição e da inutilidade
HELIO FERNANDES
Amanhã,
estará completando 9 meses do poder que não conquistou, apenas usurpou, como
tudo que aconteceu na sua vida publica. Aristocrata, desdenhava o povo, jamais
pretendeu o seu voto, a não ser para vagas eleições de deputado federal, quase
sempre ignorado.
Jamais
acreditou que pudesse chegar à presidente, mesmo nas condições em que chegou. Mas
são 9 meses isolado em 3 palácios. Continua distante do povo, agora apavorado
com possíveis vaias, fugindo de tudo e de todos.
Nesse
caso, está coberto de razão, sua impopularidade é conseqüência da sua visível
incapacidade.
A partir
da tragédia com o Ministro Zavascki. E com as delações iniciais do diretor da
Odebrecht, Claudio Melo, citado 43 vezes, foi obrigado a 3 providencias. E
ainda é impossível saber qual será a sua reação, diante da volumosa delação dos
77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, incluindo o próprio chefão, que
dizia sempre: "Jamais farei delação".
Mas fez e
carregou com ele, todos que o ajudaram na espantosa corrupção. Os depoimentos
ainda estão em sigilo, mas não irão durar a vida toda. Apesar da trincheira de
julgadores, que o protege. A opinião publica quer conhecer os 77 depoimentos, a
roubalheira das empreiteiras, levou dinheiro publico.
TEMER ERROU NO TEMPO AO NÃO SUBSTITUIR ZAVASCKI
Logo que
foi constatada a inacreditável tragédia, Temer veio a publico, afirmou e
insistiu insensatamente: "Só indicarei o Ministro do Supremo, depois que
for escolhido o novo relator da Lava-Jato". Tinha que fazer exatamente o
contrário. Decidir sobre o substituto, mandar o nome ao Senado, que aprovaria
sem qualquer resistência.
Com isso,
imobilizaria o Supremo e seu presidente. Carmen Lucia não tinha a liberdade de
Temer, estava sujeita a muitas vozes e opiniões, tinha um roteiro a seguir, mas
precisava percorrer um caminho pedregoso. Com a falta de ação de Temer e sua
espera negativa, o Planalto ficou ultrapassado.
Agora,
Temer pode levar o tempo que quiser o Ministro que indicar, irá
obrigatoriamente para a Primeira Turma. Que não tem nada a ver com a Lava-Jato.
Se tivesse percebido a oportunidade, o quinto Ministro da Segunda Turma, seria
o indicado por Temer.
TEMER E O FORO PRIVILEGIADO
Assim que
assumiu como provisório, com a certeza de que seria logo indireto, começaram as
especulações sobre nomes ministeriáveis. Naturalmente muitas lembranças ou
indicações, sujeitas a confirmação. Apenas um era certo, todos diziam, será o
que quiser: Moreira Franco.
Formada a
equipe, surpresa inimaginável: Moreira não era Ministro, ficou com uma
secretaria palaciana. Para os que comentavam o fato, de forma negativa, respondia:
"Não preciso ser Ministro, para cumprir meus objetivos". Parecia
realidade indestrutível. Foi ficando sem a denominação maior.
Mas os
fatos se desdobraram de forma diferente. O Diretor de Negociação da Odebrecht,
que citou Temer 43 vezes, também lembrou Moreira Franco em 34 citações, até os
números são parecidos. Aí se tornou indispensável à denominação de Ministro.
Como a mudança é livre para o presidente, mesmo indireto, eis em 48 horas, o
secretario transformado em ministro.
Houve
tentativa de explicação dupla. Do presidente indireto, e do personagem
transformado. Não foi difícil, apenas mudança da ordem das palavras. Era: SECRETARIO
do Ministério do governo. Passou a ser: MINISTRO da secretaria da presidência.
A última
palavra será do Supremo. Não só porque trataram do assunto no passado, e
impediram Lula de ser Ministro, o que não precisava de autorização de ninguém.
Mas também porque agora, a oposição entrou com recurso, impedindo a mudança de
secretario para Ministro, visivelmente com o objetivo de obter privilegio num
possível julgamento.
Muita
curiosidade a respeito da posição do Ministro Gilmar Mendes. Foi ele que
impediu Lula de ser Ministro Chefe da Casa Civil. Impedirá também Moreira
Franco, não por ele, mas por proteção ao amigo Temer?
NOVO MINISTRO DO SUPREMO
Desesperançado
e descrente com o futuro, o indireto teria decidido indicar para substituir Zavascki,
o primeiro nome lembrado por ele. È tão medíocre e sem credenciais, que foi
vetado de todos os lados. Nos bastidores se diz que teria voltado. Não publico
seu nome, não está confirmado, embora a intimidade de Temer com ele,
extravagante e capaz de justificar absurdos.
A
indicação precisa ser ratificada pela CCJ, (Comissão de Constituição e Justiça)
que ainda não tem nem presidente. E depois pelo plenário, controlado vilmente
pelos três palácios do indireto.
Num
momento da política brasileira dominada pela ignomínia, nomear para o Supremo o
anti-Zavascki, é insensato, espúrio e até revoltante. Mas com o perfil exato de
Temer.
A SEMANA DE EDUARDO CUNHA
Hoje será
ouvido pelo juiz Sergio Moro. Dizem que pode não terminar, continuaria amanhã,
quarta. Nessa mesma quarta está na pauta do plenário do Supremo. Como disse no
ultimo dia antes do recesso, ele entrou com pedido de libertação. Queria a Segunda
Turma, ficou longe.
PS- Mas
nem tudo é contra o ex-presidente da Câmara. Na época da cassação, só teve um
defensor diário e intransigente: Carlos Marun. Agora será presidente da Comissão
Especial da Reforma da Previdência. Que ainda nem existe.
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