A farsa da sabatina do novo Ministro do Supremo
HELIO FERNANDES
Nunca nenhum
personagem indicado para o Supremo, foi vetado pelo Senado. (Falam muito nos
vetos atingindo o então presidente sem eleição, Floriano Peixoto, mas tudo
errado e sem explicação. (No final desta matéria sobre Alexandre de Moraes, vou
contar o que houve entre o presidente e o Senado, em 1892 e 1893).
Rui
Barbosa, autor e relator do projeto da Constituição de1891, se baseou muito na
Constituição dos EUA de 1778, a única que eles têm em 219 anos de Republica.
Por isso farei comparação sobre o mesmo fato, aqui e lá. O principio é o mesmo:
o Presidente indica, o Senado examina, VETA ou APROVA.
Alexandre
de Moraes é a contradição inapelável. Na tese de "doutorado",
defendeu: "Ministro do Supremo não pode ser pessoa ligada ao presidente da
Republica". Ele mesmo se desmente. E age de forma indecente para quem irá
para o Supremo. Não ha uma possibilidade em 1 milhão de ser recusado.
Mas
conhecendo profundamente o estabanado que o Senado irá examinar a partir do dia
22, tomou providencias. Para a CCJ, de 13 membros, 10 respondem á Lava-Jato.
Depois, o plenário, que hoje é o que se sabe.
Este repórter
que conhece na intimidade o Senado (e a Câmara) desde a constituinte de 1945,
lamenta a fragilidade e a cumplicidade de agora, com as raríssimas exceções de praxe.
Se ninguém foi vetado ,é porque as indicações sempre respeitavam, desde 1926,
"o notável saber jurídico, e ilibada reputação".
Alem de
todas as negativas, o indicado por Temer, foi responder ao que ele mesmo chamou
de "sabatina informal". No luxuoso barco de um senador milionário, na
companhia de advogados e outros 8 senadores. Confessou: "Queriam saber
porque meu escritório de advocacia, tinha como cliente, um chefão criminoso do
PCC”. O escritório hoje, está no nome da mulher. Três coisas deviam acontecer. 1-
Renunciar ao cargo. 2-O presidente indireto, retirar a indicação. 3- O senado
vetar o candidato. Nenhuma das três possibilidades se transformará em
realidade.
EUA: MINISTROS DA SUPREMA CORTE
Em 1970, com
2 anos de presidente, Nixon teve que preencher uma vaga. Mandou um nome para o
Senado, vetado. O segundo e o terceiro, a mesma coisa. Não se irritou, nem agiu
nos bastidores. Convidou para um almoço na Casa Branca, o presidente e o líder
dos republicanos, (o seu partido) e os mesmos representantes democratas.
Não
tocaram no assunto, até o cafezinho. Aí Nixon falou: "Os senhores me
enviam uma lista com 3 nomes, eu escolho 1 e devolvo". O presidente
democrata interrompeu o presidente, respondeu: "De maneira alguma. A
Constituição diz que a iniciativa é do Executivo. Propomos: o senhor manda uma
lista com 7 nomes, selecionamos 3, qualquer um que o senhor escolher, será
aprovado". E assim foi feito.
UMA MULHER E UM NEGRO NA SUPREMA CORTE
Foi uma
batalha terrível de quase 3 meses. Os 8 membros da própria Corte tentaram
influir o Senado, alegando que haveria constrangimento, num tribunal só de
homens. Mas ela foi aprovada.
Pior foi
o negro. Tinha credenciais, mas o preconceito e a tradição racista vigoraram
por muito tempo. Em mais de 6 meses, investigaram sua vida, desde os tempos da
"Cabana do pai Thomaz”. Foi feito até um filme. Aprovado, é respeitadíssimo.
EPITACIO PESSOA, E A LUTA COM O SENADO
Arrogante,
arbitrário, atrabiliario, foi vice de Deodoro, os dois indiretos, longe do
povo, e da grande geração dos ABOLICIONISTAS e dos PROPAGANDISTAS DA REPUBLICA.
Com 8 meses, como acumulava o Ministério da Guerra, derrubou Deodoro, ficou no
seu lugar.
Mas pela
Constituição de 1891, se a presidência vagasse na primeira metade do mandato,
era necessária eleição. Epitácio nem ligou, desconheceu e desprezou o senado. Surgiu
uma vaga no Supremo, Epitácio nomeou Barata Ribeiro. Acontece que naquela época
o nomeado assumia, só depois era sabatinado. Isso aconteceu 4 meses depois,
Barata Ribeiro foi VETADO, teve que deixar o Supremo.
8 meses
depois, o Presidente tinha que nomear o prefeito do distrito Federal, também
sujeito a aprovação. Foi nomeado novamente Barata Ribeiro, ficou 7 meses
prefeito, tem até uma Avenida em Copacabana com o nome dele. Ficou alguns
meses, VETADO novamente, teve que deixar o cargo.
A história
é essa, rigorosamente verdadeira. Tudo culpa dupla de Epitácio. Derrubou o
presidente, e não realizou a eleição. A Constituição em vigor manteve o a mesma
obrigação. Se a chapa Dilma - Temer for cassada, terá que haver eleição
indireta, já passou muito da primeira metade do mandato.
Eduardo Cunha continua preso
Foi
depor, como se sabe, diante de Sergio Moro, pediu para ser solto. Alegou que
tinha aneurisma e pressão alta. Mas estava em pauta no Supremo, para o dia
seguinte, o mesmo pedido de liberdade. Os advogados preferiram que o ex-
presidente da Câmara fosse julgado em Curitiba.
O juiz da
Lava-Jato esperou. Como o Supremo não realizou o julgamento, Moro julgou e negou
o pedido de Cunha. O que não significa que o Supremo não possa colocar o
assunto novamente em pauta.
Mas
a expectativa sobre o Supremo é grande. Hoje, segunda, Celso de Mello dirá
definitivamente, se Moreira Franco é Ministro, com ou sem foro privilegiado. Ou
se continua secretario, como é há 9 meses, desde que Temer passou de vice a
presidente, sem eleição.
Eike Batista- Sergio Cabral
Jornais e
televisões insistem em "adivinhar". E proclamam, repetem, garantem:
"Eike será condenado a 44 anos de prisão, o ex-governador a 50". Tudo
errado. Não receberão o total das penas, de uma vez. O tesoureiro do PT, já
está condenado a 43 anos de prisão, mas em três sentenças separadas e
totalmente diferentes. E como não fará DELAÇÃO, seu futuro é o mais fechado
possível.
Os casos
desses dois espantosos corrupto-corruptora, muito mais graves. Mas Eike deve
pegar no máximo 10 ou 12 anos, que podem até ir diminuindo. Não ha duvida que
fará DELAÇÃO, principalmente nos casos em que entregou ao ex-governador aqui,
52 milhões de reais. E lá fora 100 milhões de dólares. Mas sua possível e provável
delação, assusta Brasília. O relacionamento com políticos do primeiro time, tem
um alcance assustador. Para muitos.
A DIFICULDADE DE SERGINHO CABRALZINHO
Ele não
pode fazer DELAÇÃO, não tem a quem entregar. Era o chefe, todos que
transacionavam com ele, já são conhecidos, estão ate presos. Eike, Flavio
Godinho, os irmãos doleiros, seus secretários e apanhadores das fortunas que
acumulou, todos mais do que notórios.
Pode
falar alguma coisa sobre Pezão, que acaba de explicar: "Eu não conhecia
esse lado do ex-governador". É possível também revelar passado e
presente do Jorge Picciani, eterno presidente da Alerj. Mas não pode dizer mais
do que já escreveu o jornalista Chico Otavio. E Piccciani está na beira de ser
governador do Estado do Rio. Que Republica.
PS- A greve ilegal da policia
militar no Espírito Santo, diminuiu visivelmente. Mas não foi colaboração ou solidariedade,
dos que fizeram a rebelião ou de suas mulheres. São ou eram 700, as forças
armadas e a Força Nacional, enviaram 3 mil e 200 homens. Dizem que agora, nas
ruas estão 600 policiais militares, que estavam de ferias ou licença,
anteciparam a volta.
PS2- No
Rio, houve tentativa de copiar o ES, mas os soldados foram retirados dos quartéis,
de helicóptero. Por que isso não foi feito no ES? Sabiam que havia protesto de
soldados que pretendiam trabalhar, mas não podiam sair. 27 batalhões no Rio,
estão com barricadas, mas não impedem a saída.
PS3- O
problema agora é o que fazer com os que comandaram a rebelião armada e não uma
simples greve. O Ministro Imbassahy numa coletiva: "Ouço rumores de que
haverá projeto de ANISTIA, na Câmara. Não passará de jeito algum". Raul
Jungman, também deputado, mas falando como Ministro da Defesa: "Não haverá
descuido, só sairemos daqui com tudo resolvido". Não podem estimular o
precedente criminoso.
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