OS 70 ANOS DA
AVENIDA GETÚLIO VARGAS, E A HISTÓRIA COMO ELA É.
23.10.15
HELIO
FERNANDES
Reprise
Parte - II
O 10 de novembro
do líder Henrique Dosdworth
Com o Congresso imediatamente fechado e centenas de
prisões se sucedendo, (em todos os setores, jornalistas e Supremo) ficou em casa,
praticamente sem sair do telefone.
Deputados de vários partidos queria saber o
que fazer. Ninguém tinha a menor ideia. Atendendo o telefone assim que tocava,
por volta de 10 da noite, tremenda surpresa.
No outro lado da linha estava o senhor Lourival Fontes,
Chefe da Casa Civil de Vargas. Foi rápido e definitivo: "Deputado, o
presidente Vargas quer conversar com o senhor, amanhã às 9 horas. Ele não gosta
de atraso". E desligou.
Tudo passou pela cabeça do professor-deputado. A
vaidade e a modéstia. Ele não queria admitir que o presidente fosse chama-lo
para prendê-lo pessoalmente. mas para quê esse recado absurdo? Não dormiu, Às 8
horas da manhã chamou um táxi, (não tinha carro) chegou no Catete na hora
exata.
Lourival Fontes levou-o até o gabinete do presidente,
impressionado com a beleza do palácio.
Lourival deixou-o, disse para ir até o presidente,
fechou a porta. Vargas falou: "Não vou mandar o senhor sentar, o que vou
lhe dizer é rapidíssimo. Amanhã, no Diário Oficial, sai a sua nomeação para
prefeito do Distrito Federal. Espero que o senhor seja tão bom administrador
como foi líder da oposição ao meu governo. Bom dia".
Desespero e perplexidade
Voltou para casa, chamou os amigos mais íntimos,
contou os fatos, perguntou: "O que faço?". Unanimidade: "Você
não pode recusar. é uma ditadura, você pode influenciar e interferir
democraticamente". Mais tarde Lourival Fontes telefonou, deu todas as
coordenadas e indicações para a posse, o local de onde administraria, a
liberdade de formar a equipe da maneira que bem entendesse.
Lourival desligou com o seguinte recado: "Não
precisa pedir autorização ou audiência com o presidente Vargas, para nada, ele
só quer sucesso como prefeito".
Resumindo
Eu não conhecia Dodsworth nessa época, nem tinha
idade. Mais tarde ficamos amicíssimos, tudo o que está aqui foi contado por
ele, fora comentários finais.
Almoçávamos muito no entro da cidade, um dia
pediu: "Hélio, me dê teu endereço, quero mandar um livro, mas não para o
jornal. Respondi: "Rua Engenheiro Alfredo Duarte", não pude terminar,
disse com grande satisfação, "foi meu Secretario de Obras, do primeiro ao
ultimo dia, responsável pelas grandes transformações da cidade".
A primeira notável obra grandiosa e inacreditável a
Avenida Brasil. "Apanhou" de todos os jornais, chamado de maluco, por
aí. Inaugurada em 1940, 10 anos depois, enorme mas praticamente engarrafada.
Mudou todos os trajetos, incluindo quem ia para Petrópolis, Teresópolis, Nova
Friburgo, etc. E a Getúlio Vargas que precisava de grande preparação, ficou pronta
e entregue ao público em 1944.
1945, o fim do governo
Derrubada a ditadura, não houve cassação ou
inelegibilidade. Mas foi feita investigação praticamente sigilosa, para
examinar o comportamento dos que ocuparam cargos elevados. Respeitados e reverenciados:
Osvaldo Aranha (que ocupara todos os Ministérios) e Henrique Dodsworth.
Osvaldo Aranha já representara o Brasil em
Washington, foi feito embaixador na ONU, logo depois presidiria o órgão.
Dodsworth foi nomeado embaixador em Portugal, grande relacionamento. Ficou 5
anos, voltou, me disse: "Senti saudades do Pedro II".
PS- Continuou dando aulas e encantando amigos até o fim.
Nunca pensei que os 70 anos de Getúlio Vargas, uma avenida, me fizesse recordar
tantas lembranças agradáveis.
Fim.
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