DERRUBADA A DITADURA DO “ESTADO NOVO”,
QUASE 18 ANOS DE ESTRANHA DEMOCRACIA. É UMA EXCELENTE CONSTITUIÇÃO QUE SERIA
ASSASSINADA EM 1964, ANTES DE ATINGIR A MAIORIDADE.
01.10.15
HELIO FERNANDES
Publicada em 13.12.14
1943, começa o fim da ditadura.
Os militares
não comunistas se revoltaram com essa pseuda ou suposta liberalidade de Vargas.
E se dividiram, até ostensivamente. Em 1943 surgiu o “Manifesto dos Mineiros”,
com assinatura de grandes personalidades políticas. E com respaldo, velado, de
militares, antes “getulistas”. Todos que ocupavam cargos públicos foram detidos
acintosamente.
1944, acaba a censura previa,
inicialmente um retrocesso.
As redações
funcionavam com censores que liam todas as matérias, o que aconteceria também
com o golpe de 64. Todas as ditaduras se parecem e se comparam, não há
diferença.
O sangue
escorre pelas mesmas paredes, provocado pelas mesmas torturas, o importante é
que esses fatos não cheguem opinião pública. Esse sempre foi o objetivo da
cesura em todos os golpes de todas as ditaduras, crentes e cientes que
praticaram assassinatos. Não importava aos ditadores que atingissem amigos,
ex-amigos ou inimigos.
O grande
jornalista Rubem Braga que escrevia diariamente no “O Jornal”, entregou ao
censor (isso era obrigatório) um artigo, com o título, “O fícus da Praça
Paris”.
O censor,
atropelado com tanta coisa, viu rapidamente, rabiscou uma assinatura, o texto
foi autorizado. Só que o jornalista comparava o fícus (uma arvore redonda,
baixa) com a bunda de Vargas. Foi um escândalo.
O ditador
chamou seu chefe da Casa Civil, Lourival Fontes, homem intelectualmente
preparadíssimo mas sem nenhum caráter ou lealdade a ninguém, (nem mesmo ao
ditador) e deu a ordem: “mande retirar os censores de todos os jornais. Chame
os proprietários (palavra que usou pejorativamente) e diga que agira serão
responsáveis por tudo o que for publicado”. E acrescentou: “Não quero conversar
com ninguém, você dê as ordens”.
Até piorou
muitíssimo, os donos dos jornais, apavorados, eram mais discricionários e
autoritários do que os censores. Mas a ditadura do “Estado Novo” estava no fim,
Vargas não percebeu. No inicio de 1945 mandou libertar Prestes, que surgiu com
a palavra de ordem surpreendente; “Constituinte com Vargas”.
Logo a
seguir, num comício no Estádio do Vasco (o Maracanã surgiria cinco anos depois)
Prestes ratificou essa posição. Pelas noticias da época, estavam presentes 150
mil pessoas, que lotavam o próprio campo de futebol.
Prestes foi
duríssimo com a massa, criticou a todos, reprimenda total: “Vocês abandonaram
completamente a luta, só querem saber de geladeira e de um radio maior do que
os outros”. Ainda não havia televisão, os rádios eram enormes, aquela multidão
chorava sem parar. E Prestes aparentando uma vitória espetacular.
AMANHÃ PARTE
- III
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