ESTAMOS ÀS VÉSPERAS DA MAIS SINGULAR, SURPREENDENTE, ESTRANHA E MISTERIOSA 

ELEIÇÃO, DA NOSSA INSENSATA REPÚBLICA

HELIO FERNANDES

Na verdade temos que esperar apenas 1 dia, amanhã, sábado. Iremos

dormir, acordaremos no domingo, qualquer que seja à hora, preocupados

e dominados pela reflexão sobre a obrigação, que é também um direito,

que gerações e gerações não tiveram. E que nós, servidos, informados e

influenciados pelos mais diversos meios de comunicação, não sabemos se

estamos votando por vontade própria. Ou se já decidiram por nós.

E o mais grave. Enfrentaremos a urna eletrônica, em alguns estados, com

o cidadão submetido á biometria. 4 milhões de eleitores foram

impedidos de votar, por não terem se cadastrado biometricamente. Uma

injustiça e discriminação, mas mesmo os que votarão, não sabem se

chegarão ao segundo turno, ou se seu voto será respeitado.

Nada surpreendente numa Republica, que implantada discricionariamente

e contra o povo, ha 129 anos, elegeu pelo voto direto, apenas 8

presidentes. Sendo que 4 foram impedidos de terminar o mandato. No

sistema autoritário e ditatorial, (não escrito mas irrefutável) o

ministro da Guerra garante o ditador, mas o substitui em caso de

impedimento. Isso começou em 1945. Derrubada a ditadura, foi eleito (?) o

marechal Dutra, 8 anos garantindo o "estado novo".

Cumpriu o mandato de 5 anos, em 1950 voltou Vargas, pela primeira vez

eleito para um mandato de 5 anos. Ficou no poder apenas 3 anos e 4

meses. Considerou que não tinha mais condições de governar, impedido

pela oposição liderada pelo general Golbery, brigadeiro Eduardo Gomes,

deputado Carlos Lacerda. No ato mais dramático e emocionante da nossa

Historia, preferiu deixar a vida para entrar na Historia.

Comoção nacional, confusão total. Até hoje. Como estamos enfrentando

um momento e um clima de sucessão assustador, resolvi desenterrar

estas lembranças, que amaldiçoaram nosso futuro e ameaçam o hoje e o

amanhã.

Depois de Vargas, 1 ano e meio de conspirações e tramas de bastidores

(que se repete agora), até que em 1955 foi eleito Juscelino, para um

mandato de 5 anos, que cumpriu integralmente. Mais tarde confessou que

fez sondagens, para uma tentativa de reeleição. Sentiu que não havia

clima, desistiu, lançou sua candidatura para 1965, que não existiu no

calendário democrático.

Em 1960 passou o cargo a Janio Quadros. Este, eleito por 5 anos, queria

50 (com alguns generais), resistiu apenas 7 meses. Como o Terceiro

Exercito, muito ligado a Brizola, não admitiu o golpe, tiveram que

mudar o regime para dar posse a Jango. Este assumiu sem ter sido

presidente eleito, mais um que não terminou o mandato.

Veio então à nefasta e corrupta ditadura que manteve o país sem

eleição direta durante 29 anos. Em 1989, num clima inteiramente

contrario ao de hoje, foi eleito Fernando Collor, para um mandato de 5

anos. Só cumpriu 2, sofreu o primeiro impeachment. Itamar, vice, ainda

sem reeleição, resolveu eleger a catástrofe FHC, para 4 anos. Gostou

tanto que comprou mais 4, que eu chamei de "retrocesso de 80 anos em 8

". Fracasso administrativo. Sucesso no enriquecimento ilícito de quase

toda a quadrilha.

A reeleição ficou valendo, Lula governou 8 anos, fez um acordo com a

quase desconhecida Dilma. Ela seria eleita por 4 anos, e não se

candidataria á reeleição.  Aí se concretizaria, o "volta, Lula". Ela

foi presidentA por 4 anos, rompeu o acordo, disputou e ganhou mais 4

anos, mas não governou. Antes da posse o derrotado Aécio Neves pediu a

cassação da chapa Dilma - Temer. Mas logo aderiu á conspiração do vice,

que se transformou em presidente corrupto e usurpador. Até hoje,

protegido e garantido, pelos presidentes do TSE, Toffoli e Gilmar

Mendes.

E mais um presidente, (presidentA), não terminou o  mandato. Sofreu o

segundo impeachment. Gostando ou não gostando dela, foi eleita com

quase 60 milhões de votos.

Agora a situação da sucessão é alarmante, deprimente, repugnante, no

que as palavras têm de mais expressivas. O país todo está

oprimido e espremido por uma chapa fardada, sem programa, sem idéias

para a recuperação do país. Até sem equipe.

PS- Duvida total. O que acontecerá a partir de segunda feira, com a

vitória de um capitão, que acumula as maiores acusações, qualquer que

seja o angulo. Risco total para a democracia, ameaçada pelo capitão e

pelo general, a chapa fardada, que prega a intervenção militar.

PS2- Certeza total. Os que impediram Lula de concorrer, são os

patrocinadores de Bolsonaro, do general e da chapa fardada.

PS3- Gostando ou não gostando do Lula, nos seus 8 anos, a DEMOCRACIA

nunca foi ameaçada.

BRILHANTE CRIAÇÃO DE JUCA KFOURI, ANALISANDO E COMPARANDO 

CAPITÃES DO ESPORTE E DA POLITICA

Começa criticando justamente Tite por colocar Neymar como capitão da

seleção. Lembra Sócrates e Carlos Alberto Torres, acaba com qualquer

dúvida. Passa para a política e a Historia, exalta Luiz Carlos

Prestes, o mais jovem capitão do Exercito, capitão com 24 anos, e

herói nacional para sempre. (E ainda encontra tempo, espaço e cultura,

para citar o historiador Carlos Aarão Reis, que escreveu o melhor

livro sobre Prestes.) Imperdível para sempre.

E termina com Historia e política, recomendando o voto coto contra

Bolsonaro (sem citar seu nome), apenas com uma  frase: "Vote em

qualquer um, Nele, não".