ANÁLISE & POLÍTICA
“Jornalismo opinativo com informação precisa
e contundente”
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Jair Bolsonaro o mito que derrotou o PT após 16
anos
Jair Messias Bolsonaro (PSL), de
63 anos de idade, é o novo presidente da República Federativa do
Brasil. O resultado foi confirmado às 19h21 pela Justiça Eleitoral após a
apuração de 94,4% das urnas apontarem que o candidato obteve 55,5% dos votos
válidos, contra 44,4% de seu adversário, o candidato Fernando Haddad (PT).
Bolsonaro é tido pela
imprensa internacional o “mito político que derrotou o PT” após 16 anos no
Poder. Ele chega ao Palácio do Planalto após conquistar um eleitorado
identificado com ideais de direita e conservadores. Sob o lema
"Brasil acima de todos, Deus acima de tudo", o deputado federal
apostou em discursos em defesa da família, da fé, e de combate à corrupção
e à criminalidade para chegar à Presidência.
Lição das
urnas
Mais que a derrota do concorrente,
ele derrotou a oligarquia petista de 16 anos. As urnas de 7 de outubro e agora dia
28, refletiram a insatisfação da maioria dos brasileiros que saturados pelos
desmando dos partidos que governaram a nação nas últimas duas década. O Partido
dos Trabalhadores e o alto clero da política brasileira, amargaram números que
remetem a reflexão, não apenas com relação a postura honesta no trato da o
patrimônio público, mas também as convicções pouco assimiladas pelo brasileiro.
Números
eram previstos pelos institutos de pesquisas
Com mais de 55,2 milhões de votos, contra 44,1
milhões de Haddad. Brancos e nulos somaram 9% na votação deste domingo, que
contou com a participação de mais de 147 milhões de eleitores em todo o País e
no exterior.
Saudação
para “mudar o destino do Brasil”
"Meu muito obrigado pelo
apoio, pela consideração, pelas orações e pela confiança. Vamos juntos mudar o
destino do Brasil. Sabíamos para onde estávamos indo, e sabemos para onde
queremos ir", disse Bolsonaro em transmissão feita pelas redes sociais
logo após a confirmação do resultado da votação. Já às 19h50, Bolsonaro se
dirigiu à imprensa em sua casa, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro,
rodeado por aliados. O presidente eleito falou por poucos instantes, desejando
"sabedoria" para governar e, em seguida, passou a palavra para o
senador Magno Malta (PR), que fez uma oração.
Como será?
Bolsonaro prometeu constituir um
governo com pessoas que têm o "propósito de transformar o Brasil em
uma grande, livre e próspera nação". "Nunca estive sozinho.
Sempre senti a presença de Deus e a força do povo brasileiro. Faço de vocês
minhas testemunhas de que esse governo será um defensor da Constituição, da
democracia e da liberdade", afirmou. O candidato do PSL já havia sido o
mais votado no primeiro turno, no último dia 7, quando obteve pouco mais
de 46,8% dos votos válidos, contra 28% de Fernando Haddad.
Ataque a
faca
A vitória do capitão da reserva
do Exército encerra a sequência de quatro eleições seguidas vencidas pelo
Partido dos Tralhadores e se dá após uma campanha marcada por ataque a
faca sofrido pelo candidato durante comício em Juiz de Fora (MG). O atentado
levou Bolsonaro a ser submetido a duas cirurgias e a passar 23 dias
internado. Suas condições de saúde o obrigaram a deixar a agenda de
eventos públicos e a concentrar sua campanha nas redes sociais.
O novo presidente do Brasil
Nascido em 21 de março de 1955,
na cidade de Glicério (SP), no interior de São Paulo, Bolsonaro construiu toda
sua carreira política no Rio de Janeiro (RJ). Ele serviu ao Exército Brasileiro
de 1977 a 1988 quando se aposentou como capitão para assumir o cargo de
vereador pela capital fluminense, eleito, na época, pelo Partido Democrata
Cristão (PDC).
Dois anos depois, nas eleições de
1990, o ex-militar foi eleito deputado federal pelo mesmo partido e desde então
não saiu mais da Câmara dos Deputados, sendo eleito em mais quatro eleições
consecutivas. Bolsonaro, portanto, tem 30 anos de vida pública, mas sempre
ocupou cargos no legislativo, sendo as eleições 2018 a sua primeira
para um cargo executivo.
Bolsonaro é eleito o 42°
presidente do Brasil, o oitavo eleito desde a redemocratização do País.
Ele subirá a rampa do Palácio do Planalto em janeiro, quando tomará posse
no lugar de Michel Temer (MDB) para dar início ao seu mandato, que vai até
o dia 31 de dezembro de 2022.
Os
ministros do presidente eleito
Quando ainda era
apenas o candidato à Presidência do PSL, três nomes já tinham sido
confirmado como ministros de Bolsonaro num provável governo que agora se
confirma, sendo eles: o economista Paulo Guedes, no futuro novo ministério da
Fazenda; o deputado Onyx Lorenzoni, no Ministério da Casa Civil; e o general
Augusto Heleno, no Ministério da Defesa.
Redução de 29 para 15 ministérios
Isso significa que Bolsonaro já confirmou o nome de 20% da sua futura
equipe ministerial já que o novo presidente prometeu durante a campanha a
redução dos atuais 29 ministérios para 15. Algumas pastas estão garantidas como
a da Educação, da Saúde, da Defesa e da Cultura. Outras, no entanto, devem ser
extintas ou fundidas,para que Bolsonaro cumpra a meta.
O novo presidente, no entanto, recuou de pelo menos duas propostas de
fusão que tinha feito. Primeiro, atendendo a pedidos de lideranças industriais,
voltou atrás na proposta de fundir os ministérios da Fazenda, da Indústria e do
Comércio num único superministério da Economia que também ficaria sob o comando
de Paulo Guedes. Depois, após reunião com lideranças ruralistas e críticas de
ambientalista, Bolsonaro também anunciou ter desistido da união entre os
ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.
O perfil dos ministros:
Paulo Guedes
O economista Paulo Guedes foi o
primeiro ministros confirmado por Bolsonaro. Considerado uma das maiores
referências do pensamento econômico liberal no Brasil, Guedes chegou a ser
chamado de "posto Ipiranga" pelo próprio novo presidente quando este
admitiu que "não entendia nada de economia".
Paulo Roberto Nunes Guedes é
carioca, tem 69 anos, é mestre e Ph.D pela Universidade de Chicago, um dos
fundadores do Banco Pactual e sócio majoritário do grupo BR Investimentos. Foi
colunista dos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e das revistas Época e Exame,
professor na Fundação Getulio Vargas (FGV) e na Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e aceitou uma cadeira de docência em tempo
integral na Universidade do Chile na época da ditadura militar chilena.
Casa Civil: Onyx Lorenzoni
Deputado federal eleito pelo Rio
Grande do Sul desde 2003, Onyx Lorenzoni também já foi confirmado por Bolsonaro
como futuro ministro da Casa Civil. Filiado ao DEM, o provável futuro ministro
da Casa Civil deverá ser o fiel na balança para que Bolsonaro apoie à reeleição
de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara e traga o bloco de
partidos do chamado "centrão" para o governo de Bolsonaro e dê ao
presidente a chamada "governabilidade".
O ministério que tem como função
principal a articulação do poder executivo com o Congresso Nacional deverá ser
assumida pelo político de carreira que tem 64 anos, mas é formado médico
veterinário pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e também se
considera empresário, e chegou a ser considerado um dos cem parlamentares mais
influentes do Congresso pelo Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (DIAP).
Onyx Dornelles Lorenzoni também
foi membro de dez Comissões Parlamentar de Inquérito (CPIs), entre elas, a
CPMI dos Correios, a CPMI do Cachoeira e da CPMI da Petrobras, e relator da
Subcomissão de Normas de Combate à Corrupção e da Comissão que analisou medidas
de combate à corrupção, uma das pautas mais abordados pelo deputado em todos os
anos de vida pública.
Ministro da Defesa: general Augusto Heleno
O terceiro e último integrante da futura equipe ministerial de Bolsonaro
é o general Augusto Heleno que deverá assumir o ministério da Defesa.
Aos 70 anos, Augusto Heleno Ribeiro Pereira é um general quatro estrelas
da reserva do Exército Brasileiro e deverá suceder o atual ministro
general Joaquim Silva e Luna e se tornar, portanto, o segundo militar a
assumir a pasta ministerial da defesa desde o fim da ditadura militar em 1985.
Apesar de ter negado o convite, o general chegou a ser cotado para
vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Ainda assim, o militar continuou apoiando
a candidatura do capitão da reserva. Ele entrou para o exército em 1966 e
deixou a corporação em 2011 após 45 anos quando, em cerimônia polêmica,
defendeu a ditadura militar.
Astronauta, empresários, políticos e militares
integram a lista
A futura equipe
ministerial de Bolsonaro, no entanto, não deve contar apenas com o general
Augusto Heleno como representante dos militares. Na pasta dos Transportes, o
general Oswaldo Ferreira deverá ser o novo titular.
Reticente em relação
a privatizações, mas favorável à concessões de rodovias, o militar de carreira
chegou a dar declarações polêmicas durante a campanha presidencial como
"no meu tempo, não tinha MP e Ibama para encher o saco" em fala que
foi considera alarmante para um futuro ministro que precisará contar com
licenças ambientais se quiser expandir a infraestrutura do País com investimentos
federais.
Ciência e Tecnologia
Outro nome
praticamente certo é o do astronauta Marcos Pontes para o Ministério da Ciência
e Tecnologia. Um dos primeiros apoiadores da campanha de Bolsonaro, o único
brasileiro a visitar o espaço ganhou força conforme as declarações do novo
presidente eleito de que formaria uma equipe ministerial com nomes técnicos e
referências na área. Nascido em 11 de março de 1963, Marcos Pontes também é
ex-militar já que foi piloto de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) e deixou a
corporação como tenente-coronel.
Justiça
No ministério da
Justiça, dois nomes bastante próximos a Bolsonaro são cotados para assumir a
pasta, sendo eles: o próprio presidente do PSL, Gustavo Bebianno; e o advogado
da campanha à Presidência, Antonio Pitombo. Bebianno, que também é advogado e
chegou a trabalhar em escritórios de advocacia no Rio de Janeiro, é faixa preta
em Jiu-Jítsu e é considerado o braço-direito de Bolsonaro, mas já negou que
pretenda assumir o ministério. Por isso, o nome de Pitombo ganhou força nos
últimos dias já que sua atuação durante a campanha foi muito bem vista, para
quem trabalhou de graça. Ambos defendem a nomeação do juiz Sérgio Moro para o
Supremo Tribunal Federal (STF).
Saúde
Enquanto isso, no
ministério da Saúde, o nome mais indicado é o do pecuarista paulista Henrique
Prata. Fazendeiro, peão de boiadeiro e criador de cavalos, ele se gabaritou
para o cargo pelo fato de ser um empresário filantropo na área da saúde
que mantém, através da Fundação Pio XII, o Hospital de Amor (antiga denominação
do Hospital do Cancêr de Barretos), considerado uma das maiores referências na
área da saúde no Brasil.
Agricultura
Já no ministério da
Agricultura, apesar de negar a intenção, o provável futuro titular deverá ser
Nabhan Garcia, o líder da União Democrática Ruralista (UDR) que é
responsável pela formação da chamada "bancada do boi", um dos
principais aliados e apoiadores de Bolsonaro. Luis Antonio Nabhan Garcia
poderia assumir a fusão da pasta da Agricultura com o Meio Ambiente, mas após
encontro na última quinta-feira, ele e Bolsonaro recuaram da proposta e os
ministérios devem permanecer divididos já que a equipe técnica da campanha de
Bolsonaro era crítica da ideia.
Educação
Por fim, o último
nome próximo de ser confirmado como ministro de Bolsonaro é bastante difícil:
Stravos Xanthopoylos. Conhecido como "o grego", o empresário do setor
da Educação é um grande defensor do ensino à distância e é um dos principais
fiadores de uma das propostas mais polêmicas de Bolsonaro de permitir o ensino
à distância desde o ensino fundamental, portanto para crianças a partir de 7
anos, sobretudo em áreas rurais de difícil acesso. O ministério da Educação
poderia, inclusive, ser fundido com o ministério da Cultura e dos Esportes.
40% dos brasileiros na internet cara e deficiente
A Aliança para uma Internet
Acessível, maior coligação mundial do setor de tecnologia, que compreende
mais de 80 organizações, divulgou novo estudo sobre a realidade da rede em
países de renda média ou baixa, que concluiu que menos de 40% dos brasileiros
tem acesso à internet a preço acessível. Para 126 milhões de pessoas no Brasil,
o preço é uma barreira para o acesso à rede mundial de computadores.
Custo
alto para o pobre
A internet a preço acessível
significa, de acordo com os responsáveis pelo estudo, que o usuário empenhe o
máximo de 2% de sua renda para ter acesso à rede. Mas a realidade
brasileira mostra que, para os mais pobres, a internet consome 9,42% da renda
mensal. Para os mais ricos, essa fatia cai para 0,6% do orçamento.
O projeto tem como objetivo
principal levar à esfera pública a discussão sobre as desigualdades decorrentes
das novas tecnologias, e o preço da internet em diferentes países e como esse
preço influi na população de cada um deles. No ranking, que traz 61 países de
renda considerada média ou baixa, o Brasil aparece na 13ª posição. No ano
passado, o Brasil era sexto nesse mesmo ranking.
Variação
entre países
E, em 2016, o País figurava em
segundo. Vizinhos latinos aparecem na frente do Brasil, como Equador (11º),
Argentina (7º) e México, Costa Rica, Peru e Colômbia, do 5º ao 2º,
respectivamente. A Malásia lidera.
Dos 61 países estudados, apenas
24 tem acesso à internet a preço acessível – onde 1GB de dados móveis custam
menos de 2% do rendimento médio. Em alguns países, o preço representa mais de
20% do rendimento médio.
Libertadores com nove equipes
brasileiras
Com o bom desempenho
dos clubes brasileiros nas fases finais das competições continentais deste ano,
o Campeonato Brasileiro de 2018 pode surpreender e dar nove vagas na
Libertadores de 2019. Em 2017, o Brasil contabilizou o maior número de times
disputando a competição: oito no total. A conta pra as nove vagas na
Libertadores de 2019 é simples.
O Cruzeiro é o único
time brasileiro já garantido na edição do próximo ano por ter vencido a Copa do
Brasil. Hoje a equipe está em 10º lugar no Brasileirão, mas se encerrar o ano
entre os seis primeiros, uma vaga a mais é cedida ao sétimo lugar.
A participação de
mais duas equipes na Libertadores de 2019 dependerá dos resultados da edição
atual da competição e da Copa Sul-Americana. Grêmio e Palmeiras disputam as
semifinais da Libertadores e ainda tem chances de avançar à final.
Brasileiros jogam
Na próxima terça-feira,
o Grêmio recebe o River Plate no Rio Grande do Sul com a vantagem de 1 a 0. Já
o Palmeiras encara o Boca Juniors em sua Arena na quarta-feira, as 21h45
tentando reverter o placar de 2 a 0 para os argentinos. Caso uma das duas
equipes brasileiras levante o troféu da Libertadores, e permaneça no Top 6 do
Campeonato Brasileiro, o oitavo colocado da tabela também garante sua vaga.
Sul-Americana
Na Copa
Sul-Americana, ainda disputando as quartas de final estão Atlético Paranaense,
Bahia e Fluminense. O time do Paraná venceu o Bahia por 1 a 0, em Salvador e o
Fluminense empatou com o Nacional do Uruguai em 1 a 1, no Rio de Janeiro. Caso
um deles triunfe e seja campeão, a conta fecharia em nove vagas na Libertadores
de 2019 para os brasileiros.
De qualquer maneira,
as nove vagas na Libertadores 2019 estarão definidas no início de dezembro. Até
lá, vale aumentar a torcida dessas equipes para que o Brasil conquiste o maior
número de participantes na competição continental desde sua criação, em 1960,
ultrapassando a edição de 2017 que bateu recorde de times tupiniquins.
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