Precisamos de uma laboral célere e coesa (...) “O fato é que a justiça trabalhista ganhou
densidade, inchou, tornando um iceberg, e vem colhendo os frutos podres da
relação laboral, gerada pela anomalia dos governos. Agregado a isso, a
sobrecarga fiscal e as constantes mutações do capital internacional”.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
Existe uma
corrente de juristas que defende a extinção, não da justiça trabalhista, mas da
CLT, migrando seus artigos consolidados de proteção real ao trabalho para o
Código de Processo Civil, onde o jurisdicionado laboral garimpa subsídios para
aplicar suas decisões.
Isso
ocorre não só por força de lei que permite, mas também pela adoção voluntária,
a exemplo do que ocorrem com a Lei Fiscal e o Código de Defesa do Consumidor
(CDC). O neoliberalismo “navega nessas águas”. O capital internacional sabe que
a mão-de-obra do trabalhador brasileiro é uma das melhores e mais baratas do
planeta. Temos qualidade, em contrapartida, perdemos quando não sabemos valorizar
nossa mais valia.
A visão
embaçada deste quadro está por conta da massa de servidores públicos, que
recebem salários cinco a dez vezes superiores aos comuns e com isso criam uma
falsa impressão de que tudo está bem.
Quanto à
reforma em curso, entendo que diante da importância requer uma ampla e profunda
discussão com a sociedade. O fato é que dos 922 artigos da CLT, apenas 400 são
trabalhistas. Com certeza o legislador e colaboradores do texto que forjou a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não avaliaram que mais à frente este
seria canibalizado, e deturpado para servir a ditadura da toga.
A lei
trabalhista com seus 922 artigos é única tanto para grande empresa,
microempresa, e os empregadores individuais, embora sejam diferentes universos.
A lide trabalhista é complexa, exige tratamento diferenciado, incorporando em
sua plenitude a oralidade
Calamandrei ensina que
(...) “Sólon, no dizer de Aristóteles, redigiu as suas leis propositalmente
obscuras, a fim de darem lugar, a muitas controvérsias, permitindo dessa forma
ao estado o meio de aumentar, pelo julgamento, a sua autoridade sobre os
cidadãos”, é exatamente, data máxima vênia, o que o julgador da especializada
utiliza no trato da relação capital/trabalho.
O fato é que a justiça trabalhista ganhou
densidade, inchou, tornando um iceberg, e vem colhendo os frutos podres da
relação laboral, gerada pela anomalia dos governos. Agregado a isso, a
sobrecarga fiscal e as constantes mutações do capital internacional.
Com isso trazem o desemprego, quando seus
negócios naufragam, perdem fortuna imobiliária e pecuniária, o trabalhador
perde o emprego e a verba alimentar, sem, contudo não poder ter a devolução do
tempo despendido com seu labor. A Justiça do Trabalho fechou o ano de 2011 com
3,2 milhões de processos. Decorridos cinco anos o caos ainda persiste. Era
reclamações as quais o trabalhador não recebeu efetivamente aquilo que lhe é
devido, o que resulta numa taxa de congestionamento de 76%.
Para os juízes a causa principal está na
legislação – “anacrônica, precária e ineficiente”. A execução, por exemplo,
hoje é regida por três leis: a principal é a CLT, que data da década de 40, mas
há ainda a Lei de Execuções Fiscais (Lei 6.830/1980) e o Código de Processo
Civil.
Os mais radicais entendem que é preciso punir
criminalmente os devedores. Decisão da própria JT demonstra a necessidade de um
poder alem do especializado, senão vejamos: - AÇÃO CRIMINAL. JUSTIÇA DO
TRABALHO. INCOMPETÊNCIA. A Justiça do Trabalho não detém competência para
processar e julgar causas criminais, não lhe sendo atribuídas pela Emenda
Constitucional nº 45/2004, além do habeas corpus, qualquer outra ação de
natureza penal. AC 2ª T 10686/2007 - RO 02305-2006-029-12-00-6 - 12ª REGIÃO
- Sandra Márcia Wambier - Relatora. DJ/SC de 26/07/2007 - (DT – Setembro/2007 –
vol. 158, p. 55).
Outra corrente defende as negociações e
flexibilização adotando mecanismos extrajudiciais. Por outro, estamos vivendo o
embate da reforma trabalhista. E ao que tudo indica deverá ser aprovada. Essa
seria a media mais radical para por fim ao estrangulamento0 da JT. No entanto
técnicos e sindicalistas entendem que será o caos, aumentando a demanda.
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