JULGADORES
QUE NÃO SÃO DEUSES. UM ESTADO IRRESPONSÁVEL, TRANSVERSO E NEGOCIADOR. O
JULGAMENTO DA CHAPA DILMA-TEMER NO TSE, REVELOU O RETRATO DE UMA JUSTIÇA
PÁLIDA, INCONSTANTE E ARDILOSA. A COMUNIDADE NÃO CONFIA NO JUDICIÁRIO.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
O julgamento da impugnação
da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), veio contribuir
mais uma vez, para a redução da confiança no Judiciário. Seu resultado traduziu
um julgamento, de visível cunho político, influenciado pelas nomeações de cunho
político, e pela deformação de um estado judiciário, provavelmente comprometido
com grupos que sucateiam e roubam o Brasil.
A pergunta da sociedade:
podemos ter confiança na Justiça? E a
confiança nos tribunais está em um dos mais baixos patamares de toda sua
história. Afinal estariam esses senhores togados preocupados com a opinião pública?
Questões vitais começam pela
imparcialidade no tratamento das partes em litígio, a fidelidade com que
aplicam as normas jurídicas. São premissas que precisam constranger o
comportamento dos juízes, no momento de decidirem. No entanto parecem invisíveis, julgam ao sabor de sua
prepotente situação, ungida pelo estado, que se excedeu, ao conceder o extremado poder.
A confiança no sistema de
Justiça brasileiro, conforme mensurada pelo ICJ da FGV Direito SP, tem se
mantido em torno de 30% ao longo da última década. O número comparado às
democracias mais consolidadas está bem abaixo da média global. Sem a confiança
da sociedade, não temos um modelo ideal de justiça.
Um dos fatores para o baixo
grau de confiabilidade é a sensação de insegurança, de que a nossa Justiça,
além de morosa, é desigual. Seria o caso de perguntar, fosse um pobre, ou um
negro neste julgamento da chapa Dilma-Temer, o resultado teria sido o mesmo?
O resultado desse julgamento
foi de um protagonismo que desestimula o brasileiro. Completamente visível de
cunho político, foram os votos vinculados aos personagens que tiveram as
nomeações de cunho político, no período da gestão dos julgados, que ali estavam
com suas togas negras, intimidativas, pose arrogante, vozes cuja sonoridade
ecoava como autênticos soldados nazistas
A crise de legitimidade do
judiciário, afeta a todos. O Brasil perde a credibilidade, o povo o estímulo,
as pessoas mergulham mais ainda na descrença, e a insegurança é latente.
Tenho
defendido uma profunda e linear revisão no modelo atual de prerrogativa de
foro. Bem lembrado durante a sessão do Supremo Tribunal Federal que tratou do
tema, o ministro relator Luis Roberto Barroso definiu que, da maneira atual, o
foro de prerrogativa redunda na impunidade.
Esse
modelão faz tremer a estrutura da nação, se consolidou como escudo, e criou uma
casta de cidadãos privilegiados perante a Justiça à custa da sobrecarga dos
tribunais e em detrimento dos interesses da sociedade. Os tribunais com seus
julgadores vetustos intimidam, e afasta a sociedade do sistema jurídico, tanto
na forma, quanto ao conteúdo.
Agora
temos o festival das delações premiadas. O judiciário, a justiça tupiniquim,
sinalizou: sejam corruptos, mas confessem e indique outros corruptos.
Aqui
tempos a prova mais banal de que o sistema não consegue formatar a culpa, por
seus próprios meios, e por isso necessita do delator. Não existe tortura, não
existe inteligência criminal, apenas o afago de confissão e da delação. O
troféu do bandido é a sua anistia.
A
bem da verdade é preciso que o judiciário sofra urgente reformulação, seja no
sistema de escolha dos seus julgadores, seja na garantia do seu status,
dando-lhes no máximo o suficiente para que sobreviva, tal qual o cidadão comum,
ou seja: do fruto do seu trabalho.
Não
são deuses, aliás, não são coisa alguma, tudo é carne e osso, que a terra há de
comer.
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