JUÍZES
EM GREVE. O JUDICIÁRIO LEGISLA, NÃO FAZ AUTOCRITICA E IRONIZA. MOROSO,
INSOLENTE, IMPUNE. UMA CASTA QUE SE COMPORTA ACIMA DELES MESMOS. EIS QUE AO
SEREM JULGADOS, PREVALECE O PRINCÍPIO DO CORPORATIVO. FALAM DE SÍ MESMOS, TUDO
NUMA AUTÊNTICA E DEPRIMENTE POSTURA. DO OUTRO LADO A INDIGNAÇÃO DE MILHÕES
CONTRA POUCOS
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
Um judiciário em greve por gratificação, rubrica abominada pela
sociedade, que sabe perfeitamente, que afeta diretamente seu bolso. Assim os
juízes federais ao se declararem grevistas contra o fim do auxílio moradia, é o
sinal latente de que esses senhores optaram pela função judicante, apenas com o
fito das vantagens.
O tema da politização
do judiciário vem ganhando bastante notoriedade nos últimos dez anos no Brasil.
O Supremo Tribunal Federal, frente à ordem de acontecimentos que ocasionaram
transformações na jurisdição constitucional, encontra-se em um estágio de sua
magistratura talvez não conhecido pelos clássicos do direito constitucional
pátrio.
É que, recentemente, a Corte
enfrenta uma sucessão de casos que demandam, como nunca antes, um
"atravessar de fronteiras" do papel judicial rumo às questões
"essencialmente" não jurídicas, ou pelo menos, condizentes com a
moral, o poder e mesmo com a justiça.
Os autores clássicos do direito
constitucional brasileiro, como Rui Barbosa, entendiam ser "estranha"
ao poder judiciário a análise de questões políticas, tema bastante debatido nos
EUA, modelo de inspiração de nossas instituições político-jurídicas após o advento
da república de 1891.
Na verdade, a problematização das
relações entre o direito e a política, tão afeita ao direito constitucional,
era no passado matéria inerente ao chamado direito político,
"direito" esse que estabelecia de forma mais satisfatória as
fronteiras existentes entre o jurídico e o político.
Atualmente, estamos a assistir,
cada vez mais, o paulatino desaparecimento dessas fronteiras, ocasionado pelo
"alargamento proposital" das funções do poder judiciário com relação
à temáticas antes desconhecidas pelo mesmo.
Esse fator de amplitude do campo
de atribuições da jurisdição sobre matérias inerentes aos poderes políticos vem
acarretando inúmeros problemas até então desconhecidos, como por exemplo, a
natureza "não democrática" do poder judiciário querendo tomar para si
atribuições inerentes ao processo político da democracia, ou então a anexação
de funções "típicas" de outros poderes.
Somado a politização e a ganância
por vantagens se constituem em verdadeiro absurdo contra a sociedade.
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