ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Ato da prisão de Lula já
está pronto
Após a decisão por
unanimidade, dos cinco ministros que compõem a Quinta Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) no dia 6 de março, rejeitar recurso da defesa
do ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva, e autorizar a prisão do
petista assim que seu último apelo for julgado pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4, segundo fonte dessa coluna, o Ato da prisão de
Lula já está pronto. É bom lembrar que o Ministério Público Federal (MPF) já
havia se manifestado a favor da prisão imediata do petista após o julgamento
dos embargos de declaração.
Recursos...
No processo Lula foi
condenado pelo juiz Sérgio Moro por crimes de corrupção e lavagem no caso
tríplex da Operação Lava Jato. A condenação foi mantida em janeiro pelo TRF4,
cujos desembargadores aumentaram a sentença do ex-presidente para 12 anos
e 1 mês de prisão e determinaram que a pena deverá ser cumprida tão logo se
esgotem os recursos da defesa naquela Corte. Foi contra essa determinação que
os advogados do ex-presidente recorreram à Quinta Turma do STJ.
Desde então se criou
a expectativa de que Lula poderia vir a ser preso assim que a Quarta Turma
do TRF-4 julgasse os embargos de declaração apresentados pela defesa. Esse
tipo de recurso visa apenas cobrar esclarecimentos sobre a decisão judicial e
leva cerca de dois meses para ser julgado.
Chances diminutas...
A única possibilidade que resta ao
ex-presidente para impedir uma eventual prisão é conseguir habeas
corpus junto ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) – onde
já foi apresentado recurso nesse sentido, mas ainda não há
previsão para o seu julgamento.
Habeas Corpus
O relator dos
processos da Lava Jato no STJ, ministro Felix Fischer, defendeu a rejeição do
pedido de habeas corpus, alegando que não há impedimento para
a execução antecipada da pena, uma vez encerrada a fase da análise de
"fatos e provas que assentam a culpa do condenado".
O relator também
ressaltou que, em diversas oportunidades, as turmas do STF "afirmaram e
reafirmaram que a presunção de inocência não inibe a execução da pena imposta,
ainda que pendente recurso extraordinário".
Esse entendimento do
Supremo foi figura central no julgamento desta tarde. No fim
de 2016, a maioria dos ministros do STF decidiu autorizar a prisão
de réus condenados em segunda instância mesmo que eles ainda tenham
recursos pendentes.
A defesa de Lula diz que não...
Responsável pela
sustentação oral da defesa de Lula no julgamento, o ex-ministro do STF
Sepúlveda Pertence disse que aquele julgamento de 2016 não tornou a prisão
antecipada uma obrigatoriedade. "Essa ordem de prisão é inválida sob
vários aspectos", disse o defensor, argumentando que a prisão após
condenação em segunda instância "não é compulsória, mas apenas uma
possibilidade".
Como decidiram os ministros do STF
Segundo a votar,
o ministro Jorge Mussi acompanhou o relator e considerou que
a "mera suposição de que o paciente será preso em ofensa à presunção
de inocência e da necessidade de motivação não constitui ameaça concreta à sua
liberdade".
O terceiro a proferir
seu voto foi o ministro Reynaldo Soares da Fonseca, que exaltou
aspectos pessoais favoráveis a Lula – réu primário, sem antecedentes, com
residência fixa –, mas também optou por acompanhar o voto do relator Felix
Fischer.
O ministro
Marcelo Navarro Ribeiro Dantas indicou logo no início da leitura de seu voto
que iria de encontro ao entendimento do relator. "Não pode este mero órgão
de Tribunal que está abaixo do Supremo presumir ilegalidade em ato decidido por
aquela Corte", afirmou. "Como conceder habeas corpus preventivo
para uma pena que ainda tem recursos tramitando?”, continuou mais à frente. O
último magistrado a participar da sessão foi o ministro Joel Ilan Paciornik.
O jurista Sepúlvida Pertence
Sepúlveda Pertence defendeu,
no início da sessão, que o STJ deveria anular a parte do acórdão do TRF-4 que
versa sobre a prisão antecipada de Lula ou ao menos suspender seus efeitos
até a palavra final do Supremo Tribunal Federal.
O sub-procurador-geral
da República Francisco Sanseverino foi o responsável por falar pela
acusação. O representante do Ministério Público Federal (MPF) disse que
"há fundamentos suficientes" no acórdão proferido pelo TRF-4 para "possibilitar,
oportunamente, a execução provisória" da pena. No recurso levado ao STJ, os
advogados de Lula afirmavam ainda que "não se pode cogitar" que
o ex-presidente tenha adotado conduta que justifique, "ainda que
minimamente", sua prisão antecipada.
Pegaram o Delfim...
O ex-ministro e ex-deputado
Antônio Delfim Netto teve R$ 4,5 milhões bloqueados pela Justiça em razão
da nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada no dia 9 de março. A informação
foi confirmada pelo procurador Athaide Ribeiro Costa e pelo delegado da
Polícia Federal Mauricio Moscardi Grilo.
Ele é suspeito de ter
sido um dos recebedores de propina paga por empreiteiras que atuaram nas obras
da usina de Belo Monte, no Pará, a agentes políticos do PT e do MDB. De
acordo com os investigadores da Lava Jato, houve acerto de propina na ordem de
R$ 15 milhões para o ex-ministro devido à sua atuação na
"estruturação" do consórcio Norte Energia, que tocou as obras da
usina.
Atos foram praticados entre 2012 e 2015
Segundo
o procurador Athaide Ribeiro Costa, foram rastreados até o momento
pagamentos de R$ 4 milhões ao político em operações realizadas entre 2012 e
2015 por meio de contratos fictícios de consultoria.
"O governo
solicitou, por intermédio de Antonio Palocci, o pagamento de propinas para o
Partido dos Trabalhadores e para o MDB. Parte propina deveria ser direcionada a
Antônio Delfim Netto em virtude da sua ajuda na estruturação do
consórcio", afirmou o procurador.
O servidor do
Ministério Público Federal (MPF) explicou ainda que parte dos valores
foram pagos a Delfim Netto em espécie e outra parte, mediante a depósitos a
empresas de seu sobrinho e dele próprio. "As colaborações premiadas
revelaram que os serviços de consultoria jamais teriam sido prestados e na
verdade eram simplesmente uma tentativa de ocultar e dissimular o
direcionamento de vantagens indevidas ao ex-ministro", disse Ribeiro
Costa.
"Efeitos nefastos da corrupção"
O delegado e o
procurador explicaram que as investigações sobre a parte da propina
supostamente direcionada a agentes do MDB no esquema de Belo Monte
são acompanhadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) junto ao
Supremo Tribunal Federal (STF).
A nova fase da Lava
Jato, batizada de Buona Fortuna, apura crimes de corrupção, lavagem e
fraude em licitações e foi deflagrada a partir de informações surgidas por meio
dos acordos de leniência das construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa e
de delações de executivos da Odebrecht.
"Isso revela
efeitos nefastos da corrupção. Além de assolar os cofres públicos, nós
percebemos os problemas ambientais e socioambientais da usina de Belo Monte.
Populações ribeirinhas e indígenas foram desamparadas. As condicionantes
socioambientais não foram cumpridas e hoje a gente vê aí o dinheiro engordando
os cofres dos políticos", lamentou o procurador Athaide Ribeiro Costa.
Em nota, a defesa de
Delfim Netto negou as acusações. "O professor Delfim Netto não ocupa
cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum.
R$ 23,28 bilhões para barnabés
federais
A desgraça material e a
imoralidade da nação que contempla servidores públicos permanecem causando estragos
na economia e na moral da nação. Agora veio a tona que o governo federal gastou
R$ 23,28 bilhões com gratificações e bônus de desempenho para servidores
federais do Executivo em 2017, segundo levantamento do Ministério do
Planejamento a pedido do Estadão/Broadcast.
A remuneração extra é uma
prática disseminada entre o funcionalismo: cerca de 500 mil dos 633 mil
servidores da ativa ganham esse tipo de prêmio para exercer a função pela qual
já recebem salário. Os aposentados também são contemplados, embora não estejam
mais exercendo as atividadesO valor gasto por ano para pagar essas vantagens aos funcionários da ativa é
suficiente para custear a folha do funcionalismo por um mês. As gratificações
foram criadas para premiar a performance dos funcionários públicos, mas acabam
funcionando como um aumento de remuneração, sem estarem atreladas a qualquer
tipo de avaliação. No setor privado, o bônus é usado para incentivar o
trabalhador a melhorar seu desempenho.
Quantia
exorbita a racionalidade em detrimento do trabalhador privado
Por
lei, as gratificações no setor público teriam de variar conforme o cumprimento
de metas. Mas, a maior parte dos adicionais é paga pelo valor máximo. Em muitos
casos, o bônus não só ultrapassa o valor do salário base, como representa mais
que o dobro dessa remuneração.
O
chamado carreirão, que abrange 300 mil servidores federais da área
administrativa de vários ministérios, recebe gratificação desde 2002. De 2008
para cá, outras categorias, como funcionários do Ministério da Saúde, do
Tribunal de Contas da União e professores, foram contempladas.
Correios
param nessa segunda-feira
Os trabalhadores dos Correios
entram em greve nessa segunda (12) em todo o Brasil, por tempo indeterminado. O
motivo da paralisação é evitar mudanças no plano de saúde dos funcionários, que
envolvem a cobrança de mensalidades do titular e de dependentes. A categoria
cruza os braços no mesmo dia em que o Tribunal Superior do Trabalho (TST)
começa julgamento referente ao plano de saúde, depois de trabalhadores e
empresa terem, sem sucesso, tentado chegar a um acordo sobre a questão.
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e
Telégrafos e Similares (FENTECT), a direção da empresa quer que os funcionários
arquem com mensalidades do plano, assim como a retirada de dependentes. Além
disso, afirma, o benefício poderá ser reajustado conforme a idade, chegando a
mensalidades acima de R$ 900,00.
A greve também servirá para protestar contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), a terceirização na área de tratamento, a privatização da empresa, suspensão das férias dos trabalhadores, extinção do diferencial de mercado e a redução do salário da área administrativa. A categoria defende ainda a contratação de novos funcionários via concurso público e o fim dos planos de demissão.
A greve também servirá para protestar contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), a terceirização na área de tratamento, a privatização da empresa, suspensão das férias dos trabalhadores, extinção do diferencial de mercado e a redução do salário da área administrativa. A categoria defende ainda a contratação de novos funcionários via concurso público e o fim dos planos de demissão.
Eleição na Colômbia
tem suspeita de fraude
A Procuradoria da Colômbia abriu uma investigação
ao órgão eleitoral devido à falta de cédulas em alguns pontos do país para as
primárias realizadas no domingo (11), nas que a direita e a esquerda definiram
seus candidatos presidenciais. Foi aberto um inquérito "com o objetivo de
estabelecer se pode ter havido algum tipo de conduta que resulte relevante do
ponto de vista penal", disse o procurador-geral, Néstor Humberto Martínez,
a jornalistas.
O Registro Nacional assegurou que não houve cédulas
suficientes em 20 dos mais de 11.000 postos de votação no país, alguns deles em
Bogotá e Medellín, para definir os aspirantes presidenciais da direita e da
esquerda por falta de orçamento.
"Por problemas orçamentários não foi impressa
a totalidade de cédulas (36 milhões, o número de colombianos habilitados a
votar), só foram impressas 15 milhões" para cada consulta - da esquerda e
da direita -, disse o registrador, Juan Carlos Galindo. Para lidar com a
situação, o funcionário ordenou trasladar cédulas entre as zonas eleitorais e
aprovou inclusive fotocópias das cédulas para suprir a demanda dos eleitores
nos locais em que fosse necessário.
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