EUA: ISOLACIONISTA ATÉ 1941, HOJE
QUASE NO OSTRACISMO, SEGREGRACIONISTA, APAVORADO COM A VOLTA DO RACISMO,
DOMINADO PELO TERROR DO ESTADO ISLÂMICO.
HELIO FERNANDES
(reprise)
Mudaram
muito. O único país do mundo ocidental, a conquistar independência pelas armas,
garantir a República pela insuperável solidariedade entre aquelas províncias,
(13 na época) que nem nomes tinham.
Em 1776
deflagraram a Independência, com aquele belo manifesto, escrito totalmente por
Thomaz Jefferson. Tão importante, que historiadores, mais tarde, analisaram e
definiram: “É o que de melhor já se escreveu em língua inglesa, excetuando
Shakespeare”. Exaltando Jefferson mas ressalvando Shakespeare.
Começaram
então a organização da República, tudo pela forma direta, nada era feito
indiretamente. (No Brasil tudo foi mistificação. A independência, uma farsa. A
Abolição da escravatura, prorrogação a favor dos senhores de engenho. A
República, golpe militar, militarizado e militarista, deturpado e derrotando
uma das mais brilhantes gerações de lutadores civis).
Depois da
vitória contra os ingleses, os americanos fizeram a maravilhosa Convenção da
Filadélfia. Durante meses e meses discutiram os assuntos que deveriam ser
debatidos e resolvidos na Constituinte, e os que de menor importância podiam
ficar por ali mesmo.
Quatro assuntos principais.
1 – O nome do
país. Só existiam províncias, nenhum estado. 2 – A Constituição deveria ter
maioria Federalista ou Estadualista? 3 – Duração dos mandatos presidenciais. 4
– O país deveria se voltar apenas para o desenvolvimento e o bem estar no resto
do mundo? Tudo era polêmico e controvertido, por isso colocavam na pauta da
Constituição.
1– Queriam
que o nome definisse o país, geograficamente e politicamente. Então decidiram
por Estados Unidos da América do Norte. O que antes eram estados unidos, em
minúscula, ganhou maiúscula. E a localização, América do Norte. Controversa,
mas contornável.
2 – A
primeira grande hostilidade, quase uma divisão. A maioria considerava que um
terço apenas da Constituição deveria ser Federalista, traçando as grandes metas
do país, organizando a ordem e a justiça, estabelecendo as metas nacionais.
Os outros
dois terços seriam obrigatoriamente Estadualistas, com independência total, Os
oito “países fundadores”, como eles mesmos se identificaram, concordaram depois
de meses de lutas e debates. A Constituição ficou sendo e continua até hoje, 30
por cento Federalista e 70 por cento Estadualista.
3 – A duração
dos mandatos presidenciais provocou o mais longo debate. Washington Jefferson, J.
Adams, Monroe, Madison, lutavam por mandatos de dois anos, sendo prorrogação.
Derrotados, propuseram três anos, finalmente quatro, Não ganharam nada, a
Constituição aprovou quatro anos ininterruptos, o que prevaleceu até 1952.
Todos esses
citados foram presidentes por oito anos, uma eleição e uma reeleição, não
quiseram mais, desistiram da vida pública. Outros não aceitaram o cargo como o
notável Benjamin Franklin. Indicado, recusou, explicou: “Eu só queria ter um
país que pudesse chamar de meu, continuar com as minhas invenções”. Continuou,
inventou o para-raios. Sua efígie (desculpe) está na nota de 100 dólares.
4 – Dos
pontos polêmicos esse foi o mais rapidamente resolvido. Os americanos queriam
se isolar do mundo, viver o mais confortável e mais longe de todos. A
Constituição foi promulgada em 1788, durante 11 anos viveram apenas para eles
mesmos, sem preocupações com o que acontecia do lado de fora.
110 anos
depois em 1898, quebraram esse chamado isolacionismo, suas tropas saíram de
casa pela primeira vez. A Espanha invadiu a República Dominicana e Cuba, foram
derrotados pelos americanos. Que ganharam o direito de anexar a República
Dominicana, e tiveram entrada livre na belíssima Cuba.
Construíram a
base de Quantanamo, posto principal para a derrota da Espanha. Se instalaram
suntuosamente, construíram cassinos, grandes empresas americanas foram para lá.
Até 1959, com a chegada de Fidel castro e a derribada do sargento Batista, que
estava no poder como “marechalissimo”.
Depois da
vitória contra a Espanha os americanos voltaram para casa, ainda
isolacionistas. Na primeira Guerra Mundial, (a verdadeira) também não os
atraia. Declarada oficialmente em 1º de Setembro de 1939, quando Hitler e
Stalin então aliados, devastaram a Polônia.
Stalin
atravessou a fronteira da Ucrânia, hoje tão comentada. Hitler passou por toda a
Europa assombrando franceses e seu Primeiro Ministro Deladier. E ingleses e o
Primeiro Ministro Chamberlain.
Os americanos
não tomaram conhecimento da guerra, que ia se alastrando pelo mundo. Fundaram o
“Comitê Isolacionista”, chefiado pelo Coronel Lindberg. Herói Nacional, foi o
primeiro homem a atravessar o Atlântico, em 1936, num avião que de tão pequeno
era chamado de “casca de nós”. Foi de Nova Iorque a Paris em 38 horas,
inacreditável para a época.
A França foi
ocupada por Hitler sem um tiro, em 1º de setembro de 1940, 1 ano de guerra, e
os EUA de fora. 1º de setembro de 1941, dois anos de guerra, e os EUA nem
observando. Mas dois meses depois, em 7 de dezembro de 1941, o mundo mudaria e
atingiria surpreendentemente os EUA.
Numa façanha
que deixou o mundo perplexo, mais de 50 aviões japoneses saíram de Tóquio, e
sem escala chegaram á base da Marinha em Pearl Harbour. Destruíram dois terços
da frota naval americana.
Isso era considerado impossível
mas aconteceu. No dia seguinte, 8 de dezembro, os EUA entravam em guerra contra
o que se chamava de nazi-nipo-fascismo. (Alemanha, Japão e Itália, então
aliados).
No mesmo
dia o coronel dissolveu o Comitê Isolacionista, me alistou na aviação, lutou
até o fim, foi herói mais uma vez.
A partir
desse dia os americanos mudaram tudo no país. Criaram a indústria de guerra, os
homens foram lutar, as mulheres para as trincheiras da retaguarda, construir
para resistir e conquistar. E nunca mais foram isolacionistas, descobriram a satisfação
de dominar o mundo, o prazer de serem considerados a maior potencia mundial.
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