Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A última aparição de Obama no Congresso.

HELIO FERNANDES

È tradição de dezenas de anos. Em janeiro, o presidente discursa no Congresso, numa espécie de prestação de contas. Como Obama passa o governo em 20 de janeiro de 2017,falou agora. Que discurso. 70 minutos ininterruptos, sem beber um gole dágua, aplaudido do principio ao fim, numa casa onde tem minoria total. Por causa do fuso horário, atravessou a madrugada no Brasil, e o repórter torcendo para que não parasse.

Improviso puro, com memorialização de fatos e acontecimentos, sem individualização, notável narração, nenhuma hostilidade. A não ser na auto critica, quando se culpava por não ter procurado um dialogo mais efetivo e construtivo com os Republicanos. Estes tiveram a delicadeza de não aplaudir, o aplauso seria contra ele.

Impossível analisar tanto, Obama tratou de dezenas de assuntos. Escolho apenas um ,quando Obama diz, convicto: "Os EUA precisam com urgência de uma reforma eleitoral". Nem precisaria justificar, mas é o mesmo e  irrefutável problema do Brasil. E também porque tratando do assunto, lembro imediatamente de Lincoln. 

Outra tradição americana: indicado presidenciável pela convenção, (a "nomination") o candidato tem o direito de escolher o vice, sem consultar ninguém. Lincoln era Repúblicano e Johnson Democrata.Ganharam a  eleição, Lincoln explicou:" Achamos que os EUA precisam de um terceiro partido forte, Acontece que governaram os 4 anos em guerra, não tiveram tempo para cuidar do assunto. Reeleitos, Lincoln foi assassinado no primeiro mês do segundo mandato. Johnson assumiu, sofreu logo o impeachment, ganhou por 1 voto, governou o mandato inteiro.
   
Nos EUA em 50 anos  nenhum presidente negro.
No Brasil em 50 anos nenhuma mulher presidente.

Obama entrou nas lutas mais difíceis, não se interessava em saber se eram invencíveis. Perdeu uma das que mais desejava vencer: a guerra contra o preconceito. Por isso, apesar do saldo altamente favorável, não verá outro negro como presidente. 
Transferindo para o Brasil e para outro setor altamente discriminado, as mulheres.

Elas foram atingidas em pleno voo, pela incompetência de Dona Dilma. Passe o tempo que passar (50 anos é um bom tempo), quando e se surgir uma mulher candidata, lembrarão logo de Dona Dilma, fugirão das urnas. Obama é a experiência positiva mas frustrada. Dilma, a negativa, mas naturalmente frustradissima.

Cerveró colocou nas manchetes, dois ex-presidentes poderosos.

A Lava jato parece interminável. Quando os personagens são tidos  e havidos como terminados, surgem outros, e surpreendentemente, que foram presidentes por 16 anos.(8 anos cada um). Não eram intocáveis. FHC comprou a própria reeleição, alem de ter entregue uma parte enorme do patrimônio do país, "recebendo" em moedas podres. Mas agora os fatos são de total gravidade.

Pode ser até que não consigam provar. Mas os dados e a delação, mais do que aceitável, nem era delação. Preso e sabendo dos atos que praticara rigorosamente vulneráveis, Cerveró tentou a delação. Não aceitaram, fez a proposta, sem compromisso, "eu falo,vocês avaliam". Aceitaram, começou a falar, ficaram assombrados.

Com 10 minutos já ganhara o direito á delação, falou horas. Contou a historia de uma empresa inútil na Argentina, desconhecida e sem valor, comprada por 1 bilhão de dólares.  E FHC que era o presidente, " levou" 100 milhões de dólares. Cerveró ganhou ainda mais credito, quando citou Menem, como tendo participado da operação.

(Menem, ex-presidente da Argentina, é conhecidíssimo pelas roubalheiras. Condenado 3 vezes por corrupção, apesar da idade, continua roubando. Revelada uma parte da  delação, a contestação de FHC, quase uma confissão:" Querem confundir as coisas, fazendo denuncias sem nomes".Ora essa, mais nomes do que os que apareceram ?.

Quanto ao ex-Lula, esse aparece diariamente numa denuncia e num enquadramento novo. Sabia de tudo, a partir do mensalão, quando o deputado Roberto Jefferson contou a ele, pessoalmente, o que tramavam no próprio Planalto. Era o mensalão, diziam que era o maior escândalo.

Apenas parecia, ninguém imaginava que viria o petrolão, esse sim, inacreditável. Agora que Marcos Valério negocia "delação premiada", o mensalão pode voltar ás manchetes. Mas jamais, haja o que houver, pode chegar a 10 por cento do petrolão. 

Nomes sem maior expressão preenchem o vazio de 2018.

São pelo menos 10, ou perto disso. Ciro Gomes se lançou pela terceira vez como presidenciável, no programa do Jorge Bastos Moreno. Em 2002 tinha alguma chance, liderava as pesquisas, fez bobagem por arrogância, desapareceu.

Bolsonaro aparece nas pesquisas, não confirmará. Ha anos se elege deputado federal e um filho estadual. A dois mandatos elege o outro filho, deputado federal por São Paulo. Não trocará tudo isso por 1 ou 2 por cento presidenciável.

Como o Paraná está na moda, o senador Alvaro Dias, mais votado da historia (67 por cento) resolveu ser presidenciável. Carreira belíssima, governador, senador duas vezes, está no terceiro mandato, vai até 2022. Mas cometeu um equivoco. Deixou o PSDB, não conseguiria a legenda, se filiou ao PV. Seu eleitorado tem tudo a ver com o eleitorado de Dona Marina. Ela não se elege, mas arruína as possibilidades dele.

Dona Dilma-FHC. Quando se concretizaram publicamente os números   da impopularidade dela, deu entrevista, aconselhou:"renuncia , Dilma".Agora que ele está acusadissimo na Lava-jato, ela podia dar entrevista e aconselhar o ex-presidente:" Confessa, FHC".        
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