A última
aparição de Obama no Congresso.
HELIO FERNANDES
È
tradição de dezenas de anos. Em janeiro, o presidente discursa no Congresso,
numa espécie de prestação de contas. Como Obama passa o governo em 20 de
janeiro de 2017,falou agora. Que discurso. 70 minutos ininterruptos, sem beber
um gole dágua, aplaudido do principio ao fim, numa casa onde tem minoria total.
Por causa do fuso horário, atravessou a madrugada no Brasil, e o repórter
torcendo para que não parasse.
Improviso
puro, com memorialização de fatos e acontecimentos, sem individualização, notável
narração, nenhuma hostilidade. A não ser na auto critica, quando se culpava por
não ter procurado um dialogo mais efetivo e construtivo com os Republicanos.
Estes tiveram a delicadeza de não aplaudir, o aplauso seria contra ele.
Impossível
analisar tanto, Obama tratou de dezenas de assuntos. Escolho apenas um ,quando
Obama diz, convicto: "Os EUA precisam com urgência de uma reforma
eleitoral". Nem precisaria justificar, mas é o mesmo e irrefutável problema
do Brasil. E também porque tratando do assunto, lembro imediatamente de
Lincoln.
Outra
tradição americana: indicado presidenciável pela convenção, (a
"nomination") o candidato tem o direito de escolher o vice, sem
consultar ninguém. Lincoln era Repúblicano e Johnson Democrata.Ganharam a
eleição, Lincoln explicou:" Achamos que os EUA precisam de um
terceiro partido forte, Acontece que governaram os 4 anos em guerra, não
tiveram tempo para cuidar do assunto. Reeleitos, Lincoln foi assassinado no primeiro
mês do segundo mandato. Johnson assumiu, sofreu logo o impeachment, ganhou por
1 voto, governou o mandato inteiro.
Nos EUA em 50 anos nenhum
presidente negro.
No Brasil em 50 anos nenhuma
mulher presidente.
Obama
entrou nas lutas mais difíceis, não se interessava em saber se eram invencíveis.
Perdeu uma das que mais desejava vencer: a guerra contra o preconceito. Por
isso, apesar do saldo altamente favorável, não verá outro negro como
presidente.
Transferindo
para o Brasil e para outro setor altamente discriminado, as mulheres.
Elas
foram atingidas em pleno voo, pela incompetência de Dona Dilma. Passe o tempo
que passar (50 anos é um bom tempo), quando e se surgir uma mulher candidata,
lembrarão logo de Dona Dilma, fugirão das urnas. Obama é a experiência positiva
mas frustrada. Dilma, a negativa, mas naturalmente frustradissima.
Cerveró colocou nas manchetes,
dois ex-presidentes poderosos.
A Lava
jato parece interminável. Quando os personagens são tidos e havidos como
terminados, surgem outros, e surpreendentemente, que foram presidentes por
16 anos.(8 anos cada um). Não eram intocáveis. FHC comprou a própria reeleição,
alem de ter entregue uma parte enorme do patrimônio do país,
"recebendo" em moedas podres. Mas agora os fatos são de total gravidade.
Pode ser
até que não consigam provar. Mas os dados e a delação, mais do que aceitável,
nem era delação. Preso e sabendo dos atos que praticara rigorosamente
vulneráveis, Cerveró tentou a delação. Não aceitaram, fez a proposta, sem compromisso,
"eu falo,vocês avaliam". Aceitaram, começou a falar, ficaram
assombrados.
Com 10
minutos já ganhara o direito á delação, falou horas. Contou a historia de uma
empresa inútil na Argentina, desconhecida e sem valor, comprada por 1 bilhão de
dólares. E FHC que era o presidente, " levou" 100 milhões de dólares.
Cerveró ganhou ainda mais credito, quando citou Menem, como tendo participado
da operação.
(Menem,
ex-presidente da Argentina, é conhecidíssimo pelas roubalheiras. Condenado 3
vezes por corrupção, apesar da idade, continua roubando. Revelada uma parte da
delação, a contestação de FHC, quase uma confissão:" Querem
confundir as coisas, fazendo denuncias sem nomes".Ora essa, mais nomes do
que os que apareceram ?.
Quanto ao
ex-Lula, esse aparece diariamente numa denuncia e num enquadramento novo. Sabia
de tudo, a partir do mensalão, quando o deputado Roberto Jefferson contou a
ele, pessoalmente, o que tramavam no próprio Planalto. Era o mensalão, diziam
que era o maior escândalo.
Apenas
parecia, ninguém imaginava que viria o petrolão, esse sim, inacreditável. Agora
que Marcos Valério negocia "delação premiada", o mensalão pode voltar
ás manchetes. Mas jamais, haja o que houver, pode chegar a 10 por cento do
petrolão.
Nomes sem maior expressão
preenchem o vazio de 2018.
São pelo
menos 10, ou perto disso. Ciro Gomes se lançou pela terceira vez como
presidenciável, no programa do Jorge Bastos Moreno. Em 2002 tinha alguma
chance, liderava as pesquisas, fez bobagem por arrogância, desapareceu.
Bolsonaro
aparece nas pesquisas, não confirmará. Ha anos se elege deputado federal e um
filho estadual. A dois mandatos elege o outro filho, deputado federal por São
Paulo. Não trocará tudo isso por 1 ou 2 por cento presidenciável.
Como o
Paraná está na moda, o senador Alvaro Dias, mais votado da historia (67 por
cento) resolveu ser presidenciável. Carreira belíssima, governador, senador
duas vezes, está no terceiro mandato, vai até 2022. Mas cometeu um equivoco.
Deixou o PSDB, não conseguiria a legenda, se filiou ao PV. Seu eleitorado tem
tudo a ver com o eleitorado de Dona Marina. Ela não se elege, mas arruína as
possibilidades dele.
Dona
Dilma-FHC. Quando se concretizaram publicamente os números da
impopularidade dela, deu entrevista, aconselhou:"renuncia , Dilma".Agora
que ele está acusadissimo na Lava-jato, ela podia dar entrevista e aconselhar o
ex-presidente:" Confessa, FHC".
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