Titular: Helio Fernandes

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Chamado de partido motel, o PMDB se considera o Copacabana Palace.

HELIO FERNANDES

Já que o assunto que domina e predomina no Brasil, é a corrupção, temos que dar o maior destaque ao senhor Del Nero. Nem sei se digo que ele é presidente da CBF. Pois desde maio do ano passado, quando fugiu da Suíça com medo de ser extraditado para os EUA, tudo em volta dele é misterioso.

Não saiu mais do país, nem mesmo para acompanhar a seleção brasileira.Começou conversações para continuar dominando a CBF, mas  sem   o seu nome aparecer. Pediu licença, "elegeu" um  deputado da bancada da bola. Este assumiu, na primeira decisão, contrariou Del Nero, foi demitido. Del Nero reassumiu.Procurou alguém para ficar no seu lugar. Encontrou um coronel aposentado da Policia Militar do Pará, empossou-o. Vai repetir não se sabe até quando.

O que é preciso: que surja alguém que explique á opinião publica, por que Del Nero dominou durante 11 anos o futebol de São Paulo? E só deixou a presidência da Federação paulista, para assumir a CBF, que está acima dos estados. E os grandes clubes, não apenas de São Paulo, por que são tão servos, submissos e subservientes?  

Chamado de partido motel, o PMDB se considera o Copacabana Palace.

Os partidos surgem no Brasil apenas em 1933 para a  Constituinte de 1934. De 1889 (a falsa Republica) até 1930, 41 anos de domínio do Partido Republicano. Era o único, não havia eleição, os presidentes escolhiam seus sucessores, os governadores ratificavam. Em 1930, a "revolução" derrubou Washington Luiz, Vargas assumiu, ficou 15 anos, sem voto, sem povo, sem urna e sem vice.

Derrubada a ditadura Vargas, em 1945 houve a primeira eleição direta. 56 anos depois da Republica foi eleito Dutra, de 1937 a 1945, poderoso Ministro da Guerra da ditadura. 5 anos inúteis, desperdiçou as extraordinárias reservas que o país acumulou nos anos de guerra. Ninguém pagava, o Brasil vendia "para receber depois".Os EUA, mestres em vender matéria plástica a preço de ouro, e comprar ouro a preço de matéria plástica, devoraram tudo.

Em 1950, a primeira eleição com aparência legal e partidos verdadeiros, (PSD,UDN,PTB) a volta certa de Vargas. E a sua incapacidade de  governar democraticamente, com partidos mas sem democracia. 1964 começava em 1950, quase que com os, mesmos personagens. Alguns eram os "heróicos" tenentes de 30, agora "envelhecidos " generais, acumulando "honrarias desonrosas".

Foram fundados os partidos. O mais combativo, a UDN, que ficou maculada pelo fato de ter combatido a ditadura, de forma intransigente, até derrubá-la. O mais efetivo e coordenado foi o PSD, presidido pelo genro de Vargas. Não chegou a completar 18 anos, assassinado na véspera pelos generais arbitrários.

 Na ditadura apenas dois partidos.

Castelo não fechou o Congresso nem acabou com os partidos, pela ambição, a falta de credibilidade e porque precisava deles. Convenceu Juscelino, que não tinha como se opor: "Presidente, não quero ser chefe do governo provisório, não terei nenhum poder. E meu objetivo é manter as eleições de l965 , o senhor é candidato desde que deixou a presidência. Preciso ser eleito pelo Congresso". 

Juscelino conversou com lideres dos partidos assustados, sem força,  
sem capacidade de resistência. Foram eleitos, o Congresso ficou aberto, Castelo precisava dele para a "prorrogação" do mandato. Aceitaram. Castelo era tão sem caráter, que para seduzir JK, convidou seu ex-ministro José Maria Alkmin para vice presidente. Tres meses depois de "eleito", Castelo teve que sair do país por alguns dias, Alkmin não assumiu. Dormiu por três dias num motel do Paraguai.

Com o mandato "prorrogado" até 1967, Castelo começou a ofensiva-traição contra Juscelino. Foi investigadissimo por um IPM chefiado pelo Coronel Ferdinando de Carvalho, que submeteu o ex -presidente ás maiores humilhações. Respondeu a esse IPM por um tempão, acabou cassado, com Castelo como "presidente".

O MDB partido do "sim", e a Arena, partido do "sim, sinhô".

Arena era agressivamente situacionista. MDB tentava resistir, mas não tinha cobertura da direção nacional. No MDB, dois grupos de resistência,todos dizimados. Os "autênticos", notáveis. E aqui no Estado Rio, este repórter, cassado em 1966, indicado pelas pesquisas como o deputado mais votado. Mas tinha mos que assistir o senhor Chagas Freitas duas vezes governador entre aspas. Foi "eleito" de 1970 a 1974 e de 1978 a 1982. 

Surgem os partidos, mas a ditadura continua.

Em 1979 os generais produzem a famigerada, "anistia ampla, geral e irrestrita", que só servia a eles. A partir de 1980 vão aparecendo os partidos, Brizola tenta registrar o PTB, Golbery liquida suas aspirações, aparece o PDT. E outros são registrados. Mas no inicio de 1982, Figueiredo "presidente" (o menos pior de todos) chama Ulisses e Tancredo e comunica que está acabando os partidos existentes e publicará as condições para os novos. Precisavam começar com um P. Não limita o numero, foi aí que começou essa multiplicidade.

Até hoje não sei quem teve a ideia, mas foi notável. O MDB, que precisava começar com um  P, se transformou em PMDB, como está  até hoje. Em 1989, a primeira eleição depois da ditadura, resolveram disputar com um candidato próprio. Escolheram o doutor Ulisses, não passaram de 5 por cento, nunca mais tiveram candidato. 

Até hoje preferem a condição de coadjuvante importante beneficiado por generosas parcelas do poder .  

O PMDB trava agora, de forma  subterrânea , mas  com repercussão
visível, uma grande luta para saber ou decidir se  um partido dominado
por coronéis com interesse exclusivamente pessoal, é melhor do que um partido com projeto, programa, compromisso com a comunidade. 

Como coloquei no titulo, o PMDB com o mesmo  presidente desde 2001, é chamado muito justamente de "partido motel." Principalmente quando   esse "motelero", quer continuar. Num visível ato de desprezo com todos os companheiros, "só eu tenho condições de presidir". E Agora está apavorado e ameaçado. Pode perder.

Para provar que pode mesmo  ser um partido Copacabana Palace,  o PMDB tem que construir uma ponte para o futuro, precisa se renovar,  não pode se comunicar por carta, aprovada antes por corruptos que estão á beira do precipício. 

Até a chegada de fevereiro, o PMDB tem que se definir. Desde 1994 o partido insiste em ser secundário. Não tem nem a ambição ou o orgulho de contribuir para que o Brasil  seja um país respeitado pelo mundo e admirado pelos próprios conterrâneos?
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