O calendário
da recessão e da falência: o fim de 2015 a continuação em 2016.
HELIO FERNANDES
Só existe
um responsável por essa crise catastrófica que completa 5 anos: a própria Dona
Dilma. Mas dois irresponsáveis cavaram o subterrâneo, onde a incompetente,
imprudente e inconsciente desconhecida, mergulhou o país, logo que foi
transformada em presidente.
O
primeiro, FHC, que em 1997 comprou a reeleição, proibida por todas as Constituições,
a primeira da nossa Historia. Pagou á vista, acabou com a alternância no Poder,
cumpriu seu plano de mais 4 anos, fazendo o que bem entendesse. Criou a
Comissão de desestatização, vendeu uma parte enorme do patrimônio do país,
"recebendo" em moedas podres. Denominação criada por este repórter,
que identificou seu governo como o "retrocesso de 80 anos em oito".
Com ele no poder.
O segundo
irresponsável pela invenção de Dona Dilma, foi o ambicioso e iconoclasta Luiz Inácio
Lula da Silva. Trilhando o asfaltado caminho aberto por FHC , cumpriu os
8 anos , já oficializados , tentou ficar mais 4. Não conseguiu, apesar de ter incluído
governadores e até Ministros do Judiciário.
Tido como
carismático, era apenas aprendiz de maquiavélico, mesmo sem conhecer o próprio,
nem saber onde ficava a cidade de Firenze. Mas sabia de “ciência certa”, que o
melhor roteiro para reconquistar o poder, era fazer presidente, alguém bem
incompetente, que não aguentaria mais do que 4 anos. Não precisava muita
sabedoria, tinha ao lado, sem jamais ter disputado qualquer eleição, uma coadjuvante,
também sequiosa de poder, era só indica-la, e retira-la, cumpridos os 4 anos. E
aí voltaria.
Incompetente, surpreendente, resistente.
Ninguém
confiava na Dona Dilma, mas poucos acreditavam que a desconfiança surgisse tão rápida.
Organizou um ministério de quinta categoria (39 personagens), com 3 meses teve
que substituir 5 deles, o que foi chamado de faxina, gozação colossal da
imprensa. Errou na escolha ou na demissão. Mas surgiu a certeza, que foi se consolidando,
o Brasil não tinha presidente. O primeiro ano se deteriorou , o segundo se
esfumaçou antes da metade,o "volta, Lula " dominava o PT, era a
realidade que engarrafava as ruas. Duas surpresas: o movimento era insuflado
pelo próprio Lula, mas a resistência, que os petistas não esperavam ,estava
aquartelada no Planalto e no Alvorada.
O governo
acabara, visivelmente, mas Lula recolhia a convicção amarga: Dilma não lhe
entregaria o poder, se convencera que seu mandato era de 8 e não de 4 anos. E o
ex-sentiu a hostilidade que não esperava , se desprendeu de 2014 , mas
como não tem nada de tolo, trouxa ou desinformado , suas esperanças para 2018
desapareceram.
No ultimo
ano conflitaram velada ou abertamente, não podiam se divorciar pessoal ou politicamente,
Lula teve que pedir votos para ela, perdão, para ele. Só que nem ele nem ela imaginavam
que o segundo mandato começasse tão trágico, dramático, inimaginável.
A incompetência revelada, o impeachment mobilizado.
Antes da
segunda posse, o Datafolha recolhia das ruas: "76 por cento dos
pesquisados, Inacreditável, mas rigorosamente verdadeiro confessavam que a
presidente mentira”. A impopularidade dela atingiu índices assombrosos ,
surgiram os panelaços "á longa distancia", a pergunta obrigatória
:" por que lutou pela reeleição, se não governava? "Em fevereiro , o impeachment fugiu dos bastidores, entrou na rota
dos órgãos de comunicação , juristas passaram a serem consultados , se eram
contra ou a favor.
O
primeiro a se manifestar foi Ives Gandra Martins, a favor do impeachment. Este repórter
imediatamente contestou, “não existe motivo para o impeachment". Mas nos
dias e meses seguintes, surpreendeu muita gente, mostrando que Dona Dilma fazia
o pior governo da Historia. O impeachment foi assunto de todo o ano. Agora, na
passagem de 20l5 para 20l6, ainda é manchete diária, ninguém tem coragem de
fazer analise, comentário ou previsão. Não haverá impeachment.
Digo
isso desde Fevereiro. Dentro de 2 meses terá passado 1 ano, não demora muito.
Não tenho nada para mudar minha convicção. Os que pretendem o poder sem eleição,
voto ou urna, não conseguirão os indispensáveis 342 votos na Câmara. Se por
acaso eu cometer o maior erro dos meus 70 anos de jornalista, repórter,
analista, e eles conseguirem, não obterão, no Senado, os 54 votos.
Necessários.
Política e economicamente Dilma ficará
Garantido
que o impeachment não será aprovado ela perderá, digamos 6 meses, o tempo para decidirem.
Pode surgir à cassação determinada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), aí
sim estará implantada a mais completa confusão. Não examino a validade dessa hipótese,
muita gente aposta nela. Surgiria o vazio em cascata, FHC aposta que poderia
ser chamado para um mandato tampão. Aécio pretenderia o que chama de
"reversão", o segundo colocado assumiria. Já foi utilizado para
governadores e prefeitos, mas para presidente da Republica , seria
"solução". De qualquer maneira, o Ministro Toffoli tem dito reservadamente,
que isso pode acontecer, e mais rápido do que a votação do impeachment. Deixo
em aberto, seria mais adivinhação do que analise.
Inflação, juro, cambia, desemprego, divida.
Escrevo
no limiar de 2015, praticamente na entrada de 2016, com a certeza de que o ano
que desaparece, sem muito otimismo, será melhor do que o ano que surge.
Rapidamente examinarei os 5 índices que destaquei, poderiam ser 10 ou 20.
Inflação
- Está fechando 20l5 em 10,81, quase 11. Dona Dilma não tem potencial
para redução, com boa vontade , talvez feche 2016 com inflação em 10 por cento,
barbaridade 2017 pode até mesmo descer para 9 por cento, previsão de
analistas. E finalmente em 2018, a inflação poderá descer até 7,80, estou
encampando previsões gerais. Dessa forma, ficará sempre longe do centro da
meta, como ficou até aqui. Isso na hipótese de resistir até lá.
Juro - È
uma vergonha, uma afronta, qualquer um constataria facilmente que em 1 ano
passou de 7 para 14,25 e ainda subirá mais. Garantiam que a alta do juro era para
derrubar a inflação, esta subiu junto. Nos próximos 3 anos , o juro tem que ser
derrubado , mas não ha expectativa de que aconteça.
Cambio -
Esse então é inatingível.
Ficará rondando os 4 reais , a tendência é para mais
e não para menos.Em 1955 , Salazar , professor de Finanças da Universidade de
Coimbra e ditador de Portugal , aconselhou Juscelino:"Presidente ,
se o senhor quiser governar o mandato inteiro não toque no cambio".
JK seguiu o conselho, ficou os 5 anos no poder.
Divida -
Esse é um dos pontos fundamentais, quase sempre desprezado pelos analistas. Não
estamos nem amortizando os juros, o total caminha em velocidade para os 3 trilhões.
No momento , devemos 2 trilhões , 770 bilhões. Necessidade anual para
amortização: 270 bilhões.
Realidade
cruel e dramática: não amortizaremos nada.
Desemprego-
Pela primeira vez atingimos esse numero de total insensibilidade: 10 milhões de
brasileiros não conseguem onde trabalhar, e o numero tende a crescer. Sem
investimento, sem esperança, com o que se chama de
"desindustrialização", o numero dos sem trabalho vai aumentando de
forma dilacerante.
É o maior
crime praticado contra o cidadão, o emprego é o seu único bem. Por enquanto, 10
milhões desperdiçam o tempo procurando um trabalho que não existe. E com Dilma
ou sem Dilma, este 2016 que está chegando, 201 7 e 2018, não oferece esperança
de melhoria. Por que mentir para o povão?
Em suma, não
ha suma. 2015 vai embora amaldiçoado, mas 2016 não chega abençoado. A única salvação
será ou seria a Lava Jato, com a imposição de uma renovação no sistema político.
Precisamos destruir essa extravagância que dura anos, e se chama
PRESIDENCIALISMO PLURIPARTIDARISMO .Metade falso presidencialismo e a
outra metade parlamentarismo de ocasião ou de quem dá mais .
O
problema insolúvel: a reforma política imprescindível tem que ser feita pelo
Congresso nada imprescindível. Se não colocarmos o presidencialismo e o
parlamentarismo, cada um no seu lugar ,a guerra política suja permanecerá até
2018.
“E aí, os
que sobrarem pela idade ou pela “habilidade”, estará disputando o poder,
mistificarão o povo, continuarão repetindo:” Nós temos o voto direto das ruas”.
Depois de 8 anos de Dilma, (que destruiu as reivindicações das mulheres, agora
outra, só depois de 50 anos) ou mudamos completamente o sistema de escolher e
de governar ou nos destruiremos para sempre.
Para
enterrar 2015 e não comemorar 2016, nada melhor do que citar o genial Einstein.
Perguntaram a ele como terminaria a Terceira Guerra Mundial. Resposta: "Se
for nuclear, a Quarta será travada com paus e pedras, é o que
sobrará". Se não mudarmos o processo político, os candidatos terão os
mesmos nomes sujos, a não ser que tenham sido limpos pela Lava Jato. Pelo menos
é uma realidade ou esperança.
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