ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
O presidente Jair Bolsonaro tem dito que não
vai se envolver nas disputas pelos comandos da Câmara e do Senado, mas está
interessado no processo. No dia 11 de Janeiro, durante uma cerimônia em
Brasília, escreveu uma pergunta num pedaço de papel: “Collor é candidato?”,
informou um atento jornalista presente. O papel foi mostrado ao presidente da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é candidato à reeleição. Como reagiu Maia?
Ele respondeu ao Poder360:
“Silêncio”.
Collor fora da lista. PMDB dominante
O número
de candidatos a presidente do Senado pode bater recorde desde a
redemocratização. A eleição acontece no dia 1º de fevereiro, o mesmo em que os
eleitos em outubro tomarão posse. São eles os concorrentes: Alvaro Dias
(Podemos); Ângelo Coronel (PSD); Davi Alcolumbre (DEM); Esperidião
Amin (PP); O senador eleito Major Olímpio (PSL;) Renan Calheiros (MDB); Simone
Tebet (MDB) e Tasso Jereissati (PSDB). O MDB é a sigla com a maior bancada
na próxima legislatura do Senado. Como é possível ver na lista acima, há a
chance do partido disputar a liderança da Casa com dois candidatos.
Haddad critica ida de Gleisi a
posse de Maduro
Em entrevista ao jornal El País, publicada no
sábado (19), Fernando Haddad (PT) criticou a ida de Gleisi Hoffmann à posse de
Maduro. Quando questionado se teria ido à cerimônia, ele fugiu de uma resposta
objetiva e declarou: – Não participei da discussão, não sei os argumentos e o
que levou a Gleisi a ir para Caracas. Existe uma questão que considero
importante, que é da mensagem que você passa ao tomar qualquer decisão. É
preciso cuidar não só do gesto que você considera mais adequado, mas da
comunicação desse gesto para a opinião pública mundial. Haddad ainda evitou
chamar a Venezuela de ditadura, mas afirmou que o ambiente no país “não é
democrático”.
População armada
Ao menos 70% dos
brasileiros não pretendem comprar uma arma este ano. Segundo os dados da
pesquisa “Perspectivas 2019”, do Instituto de Pesquisa IDEIA Big Data, apenas
8% afirmam que pretendem comprar algum armamento, os outros 22% não concordam,
nem discordam da possibilidade de adquirir uma arma. O levantamento foi
realizado em dezembro do ano passado, considerando a promessa de campanha
sobre posse de armas proposto pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro
(PSL).
Segundo a pesquisa,
entre os homens, o percentual dos que desejam ter uma arma sobe para 15%, já
entre as mulheres, somente 3% demonstraram interessem em adquirir armamento. O
Sul (75%) e o Sudeste (73%) são os que mais afirmaram que não pretendem comprar
uma arma. Na terça-feira (15), Bolsonaro assinou um decreto que
flexibiliza a posse de armas.
Pesquisas...
De acordo com o
estudo, a maior preocupação dos entrevistados, 37%, têm relação com a
segurança pública - violência, assaltos, roubos e correlatos. O instituto
ouviu 2.300 em 121 cidades de todas as regiões do país. Também em
dezembro, uma pesquisa do Instituto Datafolha revelou que 61% dos brasileiros
querem que a posse de armamentos seja proibida no País. O levantamento ouviu
2.077 pessoas em 130 municípios em todas as regiões do país e tem margem de
erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa mostra um
aumento na rejeição da população brasileira às armas de fogo. No levantamento
feito no último mês de outubro, 55% dos entrevistados se disseram contra
a posse. Nessa pesquisa, as mulheres também são as que mais rejeitam a
posse de armamento. 71% delas quer a proibição, contra 51% dos homens. Entre os
que ganham menos de dois salários mínimos, apenas 32% defendem a posse,
contra 54% de quem ganha mais de dez salários. O sul é a região mais favorável
às armas, com 47%, enquanto no nordeste 32% querem a posse liberada.
Porte para prática esportiva
A lei, contudo, não
proíbe a posse de arma por completo. O cidadão que quiser ter uma arma de
fogo precisa ser maior de 25 anos, ter um emprego lícito,
comprovar capacidade técnica e psicológica para o uso desse tipo de
equipamento e declarar que precisa da arma de fato. Esse último requisito foi
alvo da flexibilização feita por Bolsonaro.
Atiradores
desportivos, colecionadores e caçadores também têm a a posse de armas garantida
pela lei. A diferença é que, no caso dessas pessoas, o registro é realizado
pelo Exército e segue critérios específicos para cada categoria. Os atiradores,
por exemplo, precisam comprovar que fazem parte de clubes de tiro e participam
de competições.
E a Caixa preta do BNDES?
O Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou no dia 18 uma
lista de seus maiores clientes e uma relação das operações realizadas nos
últimos 15 anos. O compilado também traz os países que fizeram empréstimos com
o Brasil neste período. As informações, porém, já estavam disponíveis no site
do banco desde 2015.
Naquele
ano, quando Dilma Rousseff (PT) ainda era presidente e o BNDES era comandado
por Luciano Coutinho, o banco começou a divulgar mais detalhes sobre a
identidade de seus clientes, taxas de juros aplicadas e resumos dos projetos
apoiados. As contestações por parte do TCU (Tribunal de Contas da União) e as
revelações da Operação Lava Jato sobre os escândalos de corrupção envolvendo
empreiteiras motivaram essa tentativa de maior transparência.
Promessa de Bolsonaro
Abrir a suposta “caixa-preta” do BNDES foi
uma das promessas de campanha de Jair Bolsonaro (PSL). Quando candidato, o
presidente cobrou a divulgação dos valores dos empréstimos que financiaram
obras de empresas brasileiras no exterior, principalmente em países vistos como
“mau pagadores”. Joaquim Levy, nomeado presidente do banco ainda em 2018,
também prometeu tornar públicas essas informações.
Jair
Bolsonaro já nomeou 32 militares
O ex-ministro da Defesa Joaquim Silva e Luna foi
indicado, para assumir a presidência da Itaipu Binacional. General da Reserva
do Exército, Silva e Luna é mais um militar presente entre o primeiro e o
segundo escalões do governo federal, que já têm, juntos, mais de 30 integrantes
saídos das Forças Armadas.
O “Congresso
em Foco” mapeou, em levantamento, 32 militares que estavam na ativa ou na
reserva ao aceitarem convite do governo. São sete ministros, vinte secretários
ou chefes de gabinete (espalhados por dez pastas) e três em cargos de comando
em estatais - Itaipu, Funai e a Petrobras, que tem um militar à frente do
Conselho de Administração -, além do vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e
do general Otávio Santana do Rêgo Barros, que já atua como porta-voz do
governo.
Presença no segundo escalão
Dois ministérios com alta presença de militares
são, por sua natureza, o da Defesa, que tem três secretários militares, e o
Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com cinco nomes no secretariado.
Ambas as pastas são chefiadas por militares, general Fernando Azevedo e Silva e
general da reserva Augusto Heleno, respectivamente. Heleno terá ainda como
assessor especial, a convite de Bolsonaro, o general Eduardo Villas Boas, que
deixou o comando do Exército na nova gestão. Villas Boas será uma espécie de
consultor do GSI.
Outras pastas menos ligadas à caserna, porém,
também têm forte presença militar no governo. Uma delas é a Secretaria-geral da
Presidência, comandada pelo advogado Gustavo Bebianno, que escolheu quatro
nomes das Forças Armadas para sua cúpula. Também há quatro militares no
secretariado de Marcos Pontes, que chefia a pasta de Ciência e Tecnologia. Ele
próprio, que ganhou fama por ter sido o primeiro brasileiro a ir ao espaço, é
tenente-coronel da reserva da Força Aérea Brasileira.
Nomes originários do Exército, da Marinha ou da
Aeronáutica também ocupam secretarias nos ministérios da Justiça e Segurança
Pública (chefiado pelo ex-juiz federal Sérgio Moro), de Minas e Energia
(comandado pelo almirante Bento Albuquerque), de Infraestrutura (cujo ministro,
Tarcísio Gomes, tem formação militar) e da Cidadania (liderado pelo ex-deputado
Osmar Terra, do MDB-RS).
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