SOMOS GOVERNADOS DE FORMA EXTREMAMENTE DESUMANA. A
SAÚDE, SEGURANÇA, EDUCAÇÃO, DESEMPREGO E MORADIA, NADA ATENDE AO RECLAMO DA
SOCIEDADE. UMA NAÇÃO QUE NÃO VIVE UMA GUERRA CIVIL, NÃO PODE PERDER 919 MIL
PESSOAS FERIDAS POR BALAS.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
O
Brasil atingiu, pela primeira vez em sua história, o patamar de 30 homicídios
por 100 mil habitantes. A taxa de 30,3, registrada em 2016, corresponde a
62.517 homicídios naquele ano, 30 vezes o observado na Europa naquele mesmo
ano, e revela a premência de ações efetivas por parte das autoridades públicas
para reverter o aumento da violência.
É o
que aponta o Atlas da Violência 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que foi
divulgado.
Apenas
entre 2006 e 2016, 553 mil pessoas perderam suas vidas devido à violência
intencional no Brasil. Entre 1980 e 2016, cerca de 910 mil pessoas foram mortas
pelo uso de armas de fogo no país.
Uma
verdadeira corrida armamentista que vinha acontecendo desde meados dos anos
1980 só foi interrompida em 2003, com a sanção do Estatuto do Desarmamento. Em
2003, o índice de mortes por armas de fogo era de 71,1%, o mesmo registrado em
2016.
A
evolução das taxas de homicídios foi bastante heterogênea entre as Unidades da
Federação entre 2006 e 2016, variando desde uma redução de 46,7% em São Paulo a
um aumento de 256,9% no Rio Grande do Norte. Sete unidades federativas do Norte
e Nordeste têm as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes: Sergipe (64,7),
Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7),
Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9).
Entre
os 10 estados onde a violência letal cresceu no período analisado, estão o Rio
Grande do Sul e nove pertencentes às regiões Norte e Nordeste.
No
Rio de Janeiro, as taxas diminuíam desde 2003, mas em 2012 esse movimento se
reverteu e, em 2016, houve forte crescimento dos índices. São Paulo mantém uma
trajetória consistente de redução das taxas de homicídio desde 2000.
Alguns
fatores que podem explicar esse desempenho são as políticas de controle
responsável das armas de fogo, melhorias no sistema de informações criminais e
na organização policial e a hipótese de pax monopolista do
Primeiro Comando da Capital (PCC).
A
redução dos homicídios também ocorre desde 2013 no Distrito Federal. A pesquisa
constata a efetividade de programas como Paraíba pela Paz (PB) e Estado
Presente (ES), lançados em 2011, quando esses estados eram o 3º e o 2º mais
violentos do país, respectivamente. Em 2016, caíram para as posições de número
18 e 19.
Os
homicídios respondem por 56,5% dos óbitos de homens entre 15 a 19 anos no
Brasil. Em 2016, 33.590 jovens foram assassinados – aumento de 7,4% em relação
a 2015 –, sendo 94,6% do sexo masculino.
Houve
crescimento na quantidade de jovens assassinados em 20 Unidades da Federação no
ano de 2016, com destaque para Acre (aumento de 84,8%) e Amapá (41,2%),
seguidos por Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e
Roraima.
A
juventude perdida é considerada um problema de primeira importância no caminho
do desenvolvimento social do país e que vem aumentando numa velocidade maior
nos estados do Norte.
A
desigualdade de raça/cor nas mortes violentas acentuou-se no período analisado.
De todas as pessoas assassinadas no Brasil em 2016, 71,5% eram pretas ou
pardas. Naquele mesmo ano, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia
superior à de não negros (40,2 contra 16,0).
Contudo,
em nove estados as taxas de homicídio de negros decresceram na década de 2006 a
2016, entre eles São Paulo (-47,7%), Rio de Janeiro (-27,7%) e Espírito Santo
(-23,8%).
A
edição deste ano do Atlas da Violência também aborda os registros
administrativos de estupro no Brasil. Em 2016, as polícias brasileiras
registraram 49.497 casos de estupro, conforme informações do 11º
Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O
número contrasta com os 22.918 incidentes desse tipo reportados no Sistema
Único de Saúde. De acordo com a pesquisa, certamente as duas bases de
informação possuem uma grande subnotificação.
Este
cenário de violência empurrou o Brasil para degraus abaixo do limite de tolerância
em mais de 180 países. O Brasil é tido como uma nação violenta.
Sem
segurança e sem previsão de solução do caos que se instalou por absoluta culpa
do desnível social, má distribuição de renda, ensino falho e recente o
desemprego em massa. E um governo extremante composto de políticos e executivos
corruptos.
COLUNA
PUBLICADA NAS SEGUNDAS E TERÇAS - FEIRAS.
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