Titular: Helio Fernandes

quinta-feira, 21 de junho de 2018

A ENTREVISTA DE FHC, VERGONHOSA, PECAMINOSA, VEXAMINOSA E PRINCIPALMENTE, MENTIROSA. A COMISSÃO DA VERDADE “IDOLATRANDO” PINOCHIO.

HELIO FERNANDES

Matéria publicada em: 01.12.14

A Comissão da Verdade, com todos os poderes, conseguiu obter algumas explicações, desvendar crimes e descobrir e desenterrar corpos, mais nada. Está trabalhando há anos, poderia conseguir muito mais, se não tivesse visível receio de se aproximar de alguns generais. Chegaram perto dos quartéis, fizeram requerimentos, perguntas e indagações, foram completamente ignorados.

É bem verdade (desculpem o uso da palavra), essa Comissão levou tanto tempo a ser concretizada, que todos os generais do “primeiro time”, transformados em “presidentes”, morreram muito antes de serem acusados.

Ao contrario do que aconteceu na Argentina, onde quase todos morreram em celas miseráveis. Ou no Chile, onde semana passada, generais criminosos foram condenados. Estavam na cadeia, as condenações confirmadas, ficarão lá para sempre.

A Comissão perde tempo.

Conduziram mal a investigação, receberam respostas inteiramente desligadas da realidade. Como a confirmação dos militares, que não quiseram ou não puderam contestar ou desmentir: “Nos quartéis não ocorreram fatos que conflitavam com a rotina militar”.

Sem o menor constrangimento, desmentiam a realidade, desprezavam a própria Comissão. Esta devia ter começado por três providencias, indispensáveis.

1 – Responsabilizar os que atenderam “decisões” dos generais culpados, que agiam em beneficio próprio. 2 – Por que não investigaram a razão da transição da “ditadura para a democracia”, ter sido comandada totalmente pelos militares?

3 – Esses militares culpados, que se “inocentaram” com a anistia deles mesmos, comandaram a indireta de 1985, seis anos depois. Ainda acreditavam na prorrogação do terror, com um novo general de plantão, o chefe do SNI, Otavio Medeiros.

Não tendo tomado essas três providencias, que reforçaria seus poderes não apenas de investigação mas também de punições, vão esgotar o tempo, sem nada de muito proveitoso. Ou até de contraproducente, com nítido caráter de desperdício, como essa inacreditável, inimaginável e totalmente dispensável entrevista de FHC. Por que ouvi-lo? Seu passado é mais do que conhecido, jamais combateu coisa alguma.

FHC nunca foi cassado.

Comecemos pelo fim, para desmoralizar tudo que o ex-presidente falou: “Ele jamais foi CASSADO ou perseguido”. Tanto não foi cassado, que disputou eleição em 1978, em plena ditadura, muito antes da anistia ampla. Jose Serra, esse sim, CASSADO, exilado, perseguido, voltou para o Brasil em 1978. Candidato a deputado estadual, teve o registro recusado, com a alegação: “Ainda esta cassado”.

(Em 1977, o MDB autêntico lançou a candidatura deste repórter a senador em 1978. Cassado por 10 anos em 1966, acreditávamos que em 1976, estaria terminada, mas veio a resposta arrogante, audaciosa e impossível de contestar: “A cassação não é mais por 10 anos, agora é para sempre”).

Nesse 1978, na chapa de senador, junto com Franco Montoro, FHC teve míseros 300 mil votos, Montoro, 3 milhões. Mas FHC começaria a “carreira”, ficaria como suplente. Em 1982, Montoro se elegeu governador de São Paulo na primeira eleição majoritária depois do golpe de 64, FHC assumiu no senado. Se não tivesse sido candidato em 1978, teria que começar em 1982, como todos os cassados de verdade, muito mais difícil.

Com o próprio FHC presidente no primeiro mandato, e no segundo, comprado e pago com a reeleição, desafiei-o várias vezes a provar como conseguiu ser candidato em 1978, se dizendo cassado. Isso na Tribuna da Imprensa, assassinada pela ditadura. Mas ele jamais respondeu, não tinha o que dizer. Ou o que dissesse seria mentira, como tudo o que diz agora.

Não existe comparação entre outras mentiras e as que FHC retumba agora. Esta, que jornais obrigatoriamente publicam em manchete, é mais colossal do que qualquer outra: “Não fui torturado, mas vi gente torturada”. Nunca foi preso, CASSADO, perseguido, é lógico, não está mentindo quando diz que “NÃO FUI TORTURADO”.

Mas onde é que viu gente torturada? Nesses tempos, rigorosamente livre e satisfeito, seu roteiro era o seguinte. Patrocinado pela Fundação Ford, (que na Tribuna de papel revelei, que arrogante, só chamava de Ford Fundacion) viajava para o Chile, onde muitos estavam exilados.

Quando assassinaram Allende e instalaram no Chile um dos regimes mais arbitrários, autoritários e atrabiliarios, os exilados autênticos tiveram que se dispersar. FHC passou então a ira para a França, e para os EUA, onde estava proscrito exilado mesmo, seu amigo Sociólogo e Historiador, Luciano Martins (Brilhante, lúcido competente). Hospedava-se na casa dele.

Nuca esteve com Golbery.

Pula de mentira em mentira, a maior e a mais degradante: “Eu estava indo de carro para a Universidade, ouvi pelo rádio que tinha sido CASSADO”. Ouviu o que jamais aconteceu, diz que “ouviu o Ministro Gaminha ler o AI-5, redigido por ele”.

Que mentiroso primário. O AI-5 foi redigido por vários militares, que desprezavam o então Ministro da Justiça. Está aí o coronel Passarinho que não deixa ninguém mentir. E foi lido na televisão por um locutor da Rádio Nacional, precisamente ás 20,30, ninguém vai para a Universidade a essa hora.

Conta, “fui sozinho ao gabinete do general Golbery”, mas não mostra quando. E o general Golbery só uma vez teve gabinete, mandava mesmo, mas da sua fazenda maravilhosa. Disse que contou ao general as suas diversas prisões, e que “Golbery ficou revoltado, disse que isso precisa acabar”. Desculpem: Há! Há! Há!

Depois conta as prisões, “não sei se foi com o Chico Buarque ou o Vinicius de Moraes”. Ora, que é perseguido, ou preso com gente como essa não pode esquecer pelo menos os nomes.

Na época Chico Buarque estava na Itália (onde já morara com a família) Vinicius jamais foi para o DOI-CODI ou para a Oban. (mesma coisa). Vinicius era um combatente natural, por convicção, mas um combatente musical.

O Pinóquio FHC.

Tenho que terminar, o ex-presidente é impagável, nos dois ou três sentidos da palavra. Os generais ditadores tentaram popularizar aquele “ame-o ou deixe-o”. Pois FHC termina com a frase quase igual, mas que significa a mesma coisa: “Estou aqui no Brasil porque tenho amor pelo país”.

O medo do desemprego.

Luciano Coutinho já foi comunicado: “deixará o BNDES. Ronda o Planalto, não quer ficar sem nada”. O economista Belluzzo que frequenta o Planalto (mesmo depois que rebaixou o Palmeiras) acreditava a serio que fosse nomeado Ministro da Fazenda, um impropério.

Agora, fala mal do escolhido, ninguém o ouve. Quer alguma coisa, nem ele mesmo não sabe o que é. De qualquer maneira os dois precisam de explicação. Talvez dada por eles mesmos: qual a diferença entre RONDAR e FREQUENTAR o Planalto?

Três senadores impacientes.

Derrotados para o governo. Do Amazonas, Ceará e Paraíba, ainda têm quatro anos no senado. Mas querem um ministério. Eduardo Braga pretende sair para deixar a mulher no cargo, é sua suplente.

Eunicio Oliveira, não quis ser Ministro em outubro de 2013, considerava que tinha passaporte para governador. Parecia mesmo. Vital do Rego, insensato, disputou o governo, teve 5 por cento dos votos. Já não quer mais ser Ministro de Estado e sim Ministro do Tribunal de Contas. Pode ser.

PS – Como o Ministro Zavascki é o relator dos acusados da lava-jato que têm foro privilegiado, nos últimos dias, muitos querem saber até quando fica no Supremo. Tem exatamente mais quatro anos. Cai na expulsoria dos 70 anos, no limite entre 2018 e 2019. Todos dizem: “É muito tempo”.

PS2 – O Ministério da Agricultura pode ficar vago por mais algum tempo. O Ministro que está no cargo, é acusado de usar terras para a ”reforma agrária”, entre os irmãos. Surrealista.

PS3- Já a senadora indicada, mas não oficializada por muitos motivos, é sempre lembrada por um motivo: “a exploração do trabalho escravo nas suas fazendas”. Nada surrealista.

PS4 – O ditador Osny Mubarak, foi condenado á morte, punição logo transformada em prisão perpétua. Agora foi absolvido, será solto ainda esta semana. Qual o critério ou a ideia que pretendem transferir á comunidade?

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