DEPOIS DE
73 ANOS, DUAS ELEIÇÕES SEM POVO
HELIO FERNANDES
A
sucessão de agora tem tudo para lembrar a de 1945, no todo e nos
detalhes.
A campanha já dura 1 ano, no poder um presidente corrupto e
usurpador,
sem voto e sem povo. Com mais de 50 anos de vida pública,
jamais
disputou eleição majoritária. O mais que se permitiu foi a vice
duas
vezes, sendo que na segunda, aliado ao corruptissimo Eduardo
Cunha se
aproveitou da conspiração parlamentar, assumiu o poder,
representado
única e exclusivamente pelos 3 palácios presidenciais,
nada mais
do que isso.
De
impopularidade em impopularidade, foi sendo desrespeitado,
desacreditado,
desmoralizado, acumulando acusações e mais acusações,
que só
podem ser julgadas quando deixar o governo. No tétrico, nefasto
e
nebuloso 1 de janeiro de 2019. No meio do caminho resolveu disputar
a
reeleição (?) pra defender a herança do meu governo. Não conseguiu
concretizar
a pretensão, mais um elo entre 1945, distante, e este 2018,
presente.
È preciso
registrar que não ha semelhança entre os personagens de
1945 e o
de agora. Adoravam desvairadamente o poder, fizeram tudo para
mantê-lo,
não conseguiram. Só que Vargas ficou 15 anos, com poder
discricionário,
autoritário, ditatorial. Sua derrocada se concretizou
quando
pretendeu continuar no poder, disputando eleição direta, sem
deixar o
cargo. Em dezembro de 1944, o ministro da Guerra, general
Zenobio
foi visitar a tropa (25 mil homens), na Itália.
Com
autorização do comandante geral, Mascarenhas de Moraes, altos
oficiais
interpelaram o ministro. E mandaram para o ditador, o
seguinte
recado: "Quando voltarmos, queremos democracia e eleição
direta. Não
tem sentido vir combater a ditadura, e ter ditadura em
casa".
Zenobio pediu audiência, e transmitiu a Vargas o recado da
tropa.
Vargas não gostou, principalmente porque já enfrentava oposição
de muitos
generais. Excluídos Dutra, ministro da Guerra do "Estado
Novo",
e Goes Monteiro, Comandante do Estado Maior Geral.
Em fevereiro
de 1945, Vargas convocou eleição presidencial para 2 de
dezembro,
quase 1 ano para coordenar sua vitoria. Acontece que foi um
ano
tremendo. Os generais já haviam decidido apoiar as eleições, mas
sem
Vargas candidato. E marcaram o dia 29 de outubro, como o ultimo
dia de
Vargas no poder. Designaram o general
Cordeiro de Farias para
fazer a
comunicação ao ditador.
Democrata,
simpático, fez a comunicação e completou: “Não vai lhe
acontecer
nada. O senhor vai querer ir para o RGS, irei com o senhor
até o
fim". Vargas compreendeu, o presidente do STF, José Linhares, já
fora
comunicado, assumiria sozinho, comandaria a eleição de 2 de
dezembro.
PS-
Terminava
tranquilamente, uma tormentosa ditadura de 15 anos.
Vargas
voltaria ao poder, um erro tremendo.
PS2- Temer,
corrupto e usurpador, não voltará ao poder. A única duvida:
quanto
tempo ficará em liberdade.
PS3-
Outra duvida, essa muito maior: o que acontecerá ao país,com
esses
medíocres rondando o Planalto?
CIRO ESTÁ FAZENDO A CAMPANHA MAIS CORAJOSA,
INTELIGENTE, MOVIMENTADA
A interpretação das três palavras, mostra e demonstra o fato dele
estar disputando com Dona Marina, quem irá derrotar o capitão
Bolsonaro no segundo turno. A palavra movimentada se explica pelo
ritmo frenético e desenfreado que imprime à campanha.
Inteligente, até de mais é a fusão no Nordeste da sua campanha com a
campanha do PT de Lula ou do Haddad. Confraternização completa e
absoluta, não só pessoal, mas também na utilização dos equipamentos.
Em vídeo aparece o Ciro no mesmo caminhão com lideres do PT.
E corajosa fica mais do que evidente, na quase biografia de 10 linhas
que ele ditou sobre o Bolsonaro. Conversando com a repórter Catarina
Alencastro, ele radiografou o capitão Bolsonaro que ela repetiu
textualmente, desta forma. Textual: a respeito do comentário de
Bolsonaro sobre um adversário, Ciro chamou de "imensa baboseira" e
comparou o capitão ao nazista Adolph Hitler.
E complementou: "isso é de uma ignorância estapafúrdia. Só que ele não
é ignorante, esse cara passou na Academia Militar das Agulhas Negras,
ele é um mistificador perigoso, é um fascista, é um projetinho de
Hitlerzinho tropical".
HOJE, SEXTA, O TSE SERÀ MANCHETE
A presidente Rosa Weber convocou sessão extraordinária para julgar o
registro da candidatura Lula. O prazo da defesa terminou ontem ás
23,59. O relator terá que falar. E o colegiado decidir. Pois o voto
monocrático permitiria recurso para o colegiado. Alem do mais, Rosa
Weber quer decidir, antes de começar o horário do radio e televisão.
De qualquer maneira, o ex-presidente pode recorrer para o STF, e isso a
presidente do TSE não pode impedir ou afastar.
Não sei como o TSE decidirá o problema Bolsonaro. O capitão da
reserva, está denunciado, o registro de sua candidatura levará mais
tempo. Não quero de jeito algum que ele seja impedido de concorrer.
Prefiro que a realidade se confirme: ele seja derrotado no voto. A
minha defesa da democracia, não é ocasional, circunstancial ou
passional.
CANDIDATA MARINA REABILITOU AS ENTREVISTAS
Até ontem só Ciro Gomes foi aplaudido. No sentido figurado, Bolsonaro
e Alckmin foram vaiados. Logo na primeira pergunta (feita pelo prolixo
e dispersivo Bonner), Marina demonstrou disposição, tranqüilidade,
conhecimento. E ficou o mais claro possível, que sua grande
dificuldade seria conseguir falar. Os apresentadores transformados em
entrevistadores, imprensaram de tal maneíra a candidata, que ela
reagiu com dureza: "Afinal eu vim aqui para falar ou para ser
silenciada?".
Acusaram Marina de querer DEBATER tudo.
Foi acusada de não saber avaliar pessoas, e por isso apoiou Aécio.
Bonner perguntou se não estava ARREPENDIDA.
53 milhões de pessoas responderiam que estavam arrependidas.
DESENTERROU seu candidato a presidente que morreu num desastre de
aviação, acusado de receber propina de vários lados, começando pela
Odebrecht. Quando ele estava vivo, não houve nenhuma acusação.
Lembrou que em 1910, 7 pessoas deixaram o partido.
Insistiu que em 1914, outros 6, também saíram do partido.
Bonner e Renata quase brigaram para fazer a mesma pergunta tola,
inútil e inócua: "Se a senhora não consegue liderar um partido, como
pretende liderar um país?".
Quando o "relóginho" marcou 27 minutos, Bonner e Renata DESPERDIÇARAM
13. Marina não pôde APROVEITAR os outros 14, não fizeram as perguntas
que seriam obrigatórias e construtivas.
Uma hora depois, Marina continuava, agora no Jornal das
10. Entrevistada por 4 jornalistas, num ambiente mais jornalístico,
menos hostil e desagradável, embora mais elucidativo.
Inteiramente diferente. Camarotti fez uma pergunta sobre educação, ela
deu uma aula de 5 minutos. Com tranqüilidade e profundidade. Pela
primeira vez em todas as entrevistas, perguntaram sobre política
carcerária. Discorreu com total conhecimento. E se mostrou contra o
ENCARCERAMENTO descontrolado. Prisões só para crimes graves. O que o
extraordinário Evandro Lins e Silva defendeu a vida inteira.
Perguntaram tudo que interessava, até problemas da divida publica, e
ela respondia tudo. Marina (como Ciro na sua vez) mostrou que está
preparadíssima para governar o país.
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