2 MILHÕES DE FRANCESES REVERENCIAM OS
JORNALISTAS – CARTUNISTAS, CONDENAM OS TERRORISTAS, EXALTAM A LIBERDADE DE IMPRENSA
E DE EXPRESSÃO.
HELIO FERNANDES
12.01.15
Desde o fim
da Segunda Guerra Mundial, nenhum acontecimento cívico dramático teve a repercussão
do assassinato dos cartunistas do “Charlie Hebdo”. É lógico que outros atentados
aconteceram em vários países. Principalmente o “11/9” das Torres Gêmeas de Nova
Iorque.
Não só pela
comparação do número de mortos, dois (2) no semanário “Charlie”, milhares em
Nova Iorque.
Mas
principalmente por causa do impacto e da perplexidade daquele assalto que ninguém
imaginava e ficou histórico para sempre. Invadiram um país distante e consumaram
o drama inacreditável, deixando para sempre escrito o que tenho registrado
seguidamente: Não existe distancia entre a vida humana e a crueldade dos terroristas,
qualquer que seja o objetivo deles.
No caso dos
jornalistas-cartunistas, a covardia, o espírito de vingança inato, a crueldade
de quem despreza visivelmente a vida humana, fica mais do que evidente. E
dizimando vidas, esses terroristas querem e queriam deixar bem explícito, que
através deles pretendiam mostrar que são mais fortes do que todos,
principalmente a liberdade de Imprensa e a Liberdade de expressão.
Não obtiveram
sucesso, foram mortos, a violência perdeu o caminho e o roteiro, a liberdade
foi festejada no mundo. Atingido o apogeu, ontem, com 2 milhões de franceses (1
milhão e meio apenas em Paris), reunidos, aplaudidos e apoiados por líderes de Cinquenta
(50) países.
Esse número
de 2 milhões nas ruas de Paris e na França inteira chega a ser irrisório diante
dos cálculos e pesquisas dos que homenagearam, choraram e protestaram no mundo
inteiro. Dados até modestos conclusos que mais de 2 bilhões de pessoas ficaram
horas diante da televisão assistindo tudo o que acontecia na França.
E também de
acordo com estimativas, de cada duas pessoas, pelo menos uma confessava ou lamentava.
“Eu queria estar lá”. Entre esses, naturalmente este repórter.
Menos Dona
Dilma, longe e satisfeita, em nenhum momento admitiu ir a Paris. Na sexta feira,
quando foi anunciada a “passeata de 1 milhão” (que ultrapassou a expectativa,
chegando ao dobro), a presidente conversou com Ricardo Berzoini (Ministro das
Comunicações) e Aloizio Mercadante, (Chefe da Casa Civil).
Diante da
pergunta da presidentA (para eles) sobre a possibilidade dela ir imediatamente
participar da grande homenagem, os dois ao mesmo tempo recusaram qualquer ideia
sobre isso. Berzoini, que é ferrenho defensor da “coordenação” da imprensa,
disse logo: “PresidentA, essa é uma festa da liberdade de Imprensa e da
Expressão, vão acreditar que essa é também a nossa convicção”.
Ás cinco (5
horas) de Brasília, oito (8) da França, Dona Dilma já entrara em desespero. Despachou
os dois, ficou sozinha, nem foi para o Alvorada, Imaginou o sucesso que poderia
ter obtido, sua imagem teria ido lá para o alto.
O frio era de
(7) graus em Paris, o povo não saía das ruas. Os líderes de pelo menos 50 países,
foram á Sinagoga, (judaica) onde pronunciaram muitos discursos, alguns emocionados.
Mas o mais contundente e comovente estava todo numa frase que o mundo recita e
repete desde a quarta feira dos assassinatos-terroristas:
SOMOS TODOS
CHARLIE.
Ainda não
terminou coisa alguma. Existe uma curiosidade muito grande a respeito da edição
de quarta feira, (depois de amanhã) do semanário. Já foi amplamente divulgado
que terá 1 milhão de exemplares e apenas doze ou dezessete páginas o contrário
do “Charlie” habitual. Também se sabe que a nova edição do semanário satírico,
humorístico, invencível, está sendo preparado na redação do grande jornal “Liberacion”.
(Aqui um parêntese
para reconhecimento a respeito dos jornais e das revistas que sairão esta
semana, incondicionais no apoio aos jornalistas–caricaturistas. Nenhum desses
jornais publicaria qualquer charge daquelas, é um direito deles, mas não
hesitaram um minuto em reverencia os mortos e compartilhar o momento com os
vivos).
Qual será a copa do próximo Charlie?
Esse é um
momento que o mundo espera, e que representa terrível desafio de criatividade
para os que vão fazer jornal. Alguém sugeriu: “A capa deve ser uma foto dos
quatro assassinados, homenagem merecida”. Responderam sem hesitação: “Eles não
serão esquecidos jamais, só que o “Charlie” segue seu destino, continua como
sempre foi”. Maravilha de consciência, de concordância com o que sempre foram e
não deixarão de ser.
Netanyahu pessoal e eleitoral.
Fez questão
de estar em Paris, teve a noção exata da repercussão da passeata, visão que
Dona Dilma não teve e agora fica sofrendo. O Primeiro Ministro de Israel não
quis discursar na Sinagoga, foi representado, achou que lá não cabia o que
precisava dizer.
Começou
assim: “homenagear os jornalistas que morreram quando trabalhavam, mas quero me
dirigir aos judeus do mundo inteiro”.
Arrogante ou
pretensioso. Na fila das personalidades na Praça da República, o Primeiro
Ministro de Israel ficou á direita do Presidente da França, o Chefe da Unidade
Palestina, á esquerda. Coincidência ou a verdade colocada puramente por acaso?
Os terroristas foram esquecidos,
descuidados, abandonados?
Muitas
questões serão levantadas e terão que ser esclarecidas a partir de um momento
que pode ser agora. E o que coloquei no título desta nota é um dos mais
importantes. Os dois irmãos assassinos eram conhecidos da segurança francesa,
um deles chegou a ser julgado, condenado a três (3) anos de prisão. Cumpriu um
(1) ano, foi libertado. E a segurança não se incomodou mais com ele.
“Tenho orgulho da polícia da França”.
Foi o
presidente da França que disse isso, no primeiro discurso às 9 horas da mesma
quarta feira. É possível que a partir de determinado instante, o elogio tenha
sido merecido. Mas só num instante. Disseram, “a segurança da França teve que
lidar com dois terroristas treinadissimos”.
Ora, não
passam de dois terroristas-assassinos-suicidas. É realmente muito difícil “acompanhar
a vida de terroristas”, quando são suicidas levam vantagem, não têm nada a perder.
Mas se fossem
competentes como dizem e muitos acreditam, teriam escapado facilmente.
Conseguiram completar o assassinato, porque não havia a menor segurança no edifício
ou na redação do “Charlie”.
Com
seguranças desde 2011, quando fizeram as primeiras charges sobre Maomé, a
polícia foi se desinteressando, relaxando, a ponto de só saberem dos assassinatos,
muito tempo depois. Inacreditável, mas rigorosamente verdadeiro.
E como podem
ser “treinadissimos”, dois terroristas que esquecem a carteira de identidade no
carro em que estavam fugindo? A partir daí, a polícia da França soube com quem
estava lidando, seus nomes e outros dados que exigiram mais de 48 horas de um
exército de 88 mil policiais, para localizar, cercar e matar os terroristas sem
saber o que estava acontecendo.
O mundo não será mais o mesmo, agora.
Haja o que
houver, isso é verdade. Quem quiser que continue não acreditando e arriscando.
Esqueceram o atentado feito em Buenos Aires exatamente há 20 anos. Morreram 85
mil pessoas, o alvo eram os judeus, nunca se soube a motivação.
Hoje, o fato
se repete, morrem dois jornalistas, mas os terroristas se julgam vencedores, e
lógico, irão continuar. Não se sabe onde praticarão os próximos assassinatos.
PS- De
qualquer maneira, esperemos o “Charlie” de quarta feira, depois de amanhã. Haja
o que houver, perdeu profissionais, ganhou a credibilidade do mundo. Toda
esperança, crença e segurança e que sairão vitoriosos do desafio contra a
Liberdade, seja qual for. “Somos todos Charlie”, como o mundo viu ontem.
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As respostas serão publicadas aqui no rodapé das matérias. (NR).
Jornalista Helio Fernandes.
Quem acompanha seu blog sabe que é avesso a presidenta Dilma Rousseff. No entanto ela é uma vitoriosa, venceu duas eleições seguidas, contra os oligarcas, que dominaram a política brasileira por anos. Não sou petista, mas sou a favor dos que fazem acontecer. Vide a educação, a economia e as relações com os países vizinhos na América Latina. Melhor dar Bolsa Família do que entregar as estatais ao capital internacional. O pobre nunca pode chegar a Universidade, agora está lá. Veja se esquece ela por um tempo.
Maria Letícia Nonato - Brasília-DF
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