ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Eleição de Alcolumbre aniquila com oposição
O senador Davi Alcolumbre
(DEM-AP) foi eleito no sábado (02) para um mandato de dois anos como o novo
presidente do Senado, em uma sessão conturbada que se estendeu pelo sábado
depois de a votação ter sido interrompida na sexta-feira. Ele obteve os votos de 42 dos 81 senadores - seu
principal adversário, Renan Calheiros (MDB-AL), saiu da disputa na última hora
e ficou com apenas cinco votos. O amapaense deve comandar o Senado até janeiro
de 2021.
Além de Alcolumbre e Renan, participaram da disputa
os senadores Fernando Collor (PROS-AL, 3 votos); Reguffe (sem partido-DF, 6
votos); Angelo Coronel (PSD-BA, 8 votos); e Esperidião Amin (PP-SC, 13 votos).
Quatro senadores deixaram de votar, entre eles Renan Calheiros e Jader Barbalho
(MDB-PA).
Senado fortalece
o presidente Jair Bolsonaro
A eleição do novato vista no Congresso como a
primeira vitória política do governo de Jair Bolsonaro (PSL). O processo
tumultuado, porém, deixou um número relevante de senadores desconfortáveis com
o novo presidente - e com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS),
que patrocinou o nome de Alcolumbre. Os dois são tão próximos que a esposa de
Onyx trabalha no gabinete do senador. A disputa também encerra uma hegemonia de
18 anos do MDB no comando no Senado - o último político não emedebista a
comandar a Casa foi Antônio
Conciliador
Após a vitória, Alcolumbre fez um discurso de
conciliação - inclusive com um aceno aos adversário derrotados. "Não
haverá nesta Casa senadores do alto ou do baixo clero. Todos serão tratados com
a mais absoluta deferência e zelo". "No Senado que construiremos
juntos, os anseios da rua terão o protagonismo outrora deixado às elites
partidárias". Ele também se comprometeu com a realização de reformas
econômicas, como a da Previdência.
Renan
desiste
Renan Calheiros, fazia um esforço para se aproximar
do novo governo, principalmente da equipe econômica, comandada pelo ministro
Paulo Guedes (Economia). As vésperas da eleição, Renan Calheiros ficou irritado
e fez ataques públicos ao ministro chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx
Lorenzoni (DEM-RS). Pouco antes das 18h, quando abriu mão da disputa, Calheiros
disse que o fato de defensores de Alcolumbre abrirem o voto violou a disputa. Na
manhã de sábado, Calheiros disse a jornalistas que "não era
candidato" até a reunião do MDB. "Depois que a bancada indicou,
paciência. Missão dada...", disse ele.
Engenheiros e funcionários da Vale seguem presos
Os dois engenheiros da TÜV SÜD suspeitos de terem ocultado riscos de
segurança nas barragens que se romperam em Brumadinho (MG), na região
metropolitana de Belo Horizonte, tiveram os pedidos de habeas corpus negados
pela Justiça e vão seguir presos. Além deles, outros três funcionários da Vale
também seguem detidos.
Na decisão, o desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
(TJMG), Pedro Vergara, entende que os engenheiros precisam continuar presos já
que a investigação aborda possíveis fraudes em documentos que atestaram
segurança na barragem de Brumadinho e que toda documentação ainda não está
assegurada pela Justiça.
Makoto Mamba, André Yassuda, o geólogo Cesar Augusto Paulino Grandchamp
e os gerentes da Vale, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Artur Gomes de Melo, foram
presos no dia 29 de janeiro preventivamente. As defesas alegam que seus
clientes são vítimas e estão detidos apenas para que o Estado dê uma resposta
rápida para a sociedade após a tragédia de Minas Gerais.
Crimes ambientais. negligencia e
falsidade ideológica
Na decisão que também mantém os três funcionários da Vale presos, o
desembargador Marcílio Eustáquio Santos destaca que todos são investigados por
crimes ambientais, falsidade ideológica e homicídios qualificados, já que as
investigações apontam que essas pessoas sabiam do risco de desabamento da
barragem e, mesmo assim, mantiveram a área em uso, sem que outros funcionários,
atingidos pela lama, soubessem.
A tragédia, que ocorreu no último dia 25, provocou a morte de ao menos
121 pessoas, conforme os últimos números informados pela Defesa Civil de Minas
Gerais. O órgão atualizou neste domingo o número de vítimas identificadas, que
chegou a 107. Por outro lado, ainda há 226 pessoas desaparecidas em meio à
lama que tomou a cidade.
Tudo foi causado pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, da
mineradora Vale.
O filho do presidente
O ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF), Marco Aurélio Mello, negou o pedido da defesa do
senador eleito Flávio Bolsonaro de suspender as investigações contra ele a
respeito do caso do seu ex-assessor Fabrício Queiroz, pela prerrogativa do foro
privilegiado. A decisão foi tomada no dia 1° de fevereiro (sexta-feira), primeiro
dia de trabalho do STF em 2019.
No dia 16 de Janeiro,
Flávio Bolsonaro havia pedido pela suspensão das investigações que estão sendo
feitas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). O órgão público apura
movimentações financeiras de Queiroz , que foram consideradas atípicas
pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). O filho de
Bolsonaro, porém, não é oficialmente investigado no caso.
Rodrigo
Maia
Pela terceira vez consecutiva, o deputado Rodrigo
Maia (DEM-RJ) vai ocupar a Presidência da Câmara dos Deputados. Ele foi eleito
em primeiro turno para o biênio 2019-2020, com 334 votos. Rodrigo Maia derrotou
outros seis candidatos que concorreram como avulsos: Fábio Ramalho (MDB-MG),
JHC (PSB-AL), General Peternelli (PSL-SP), Ricardo Barros (PP-PR), Marcel Van
Hattem (Novo-RS) e Marcelo Freixo (Psol-RJ). Maia foi candidato oficial do
bloco PSL, PP, PSD, MDB, PR, PRB, DEM, PSDB, PTB, PSC e PMN.
Deputado tem seis mandatos
Atualmente no sexto mandato como deputado federal,
Maia já foi líder do partido; ocupou cargos em comissões, como a presidência da
Comissão Especial da Desvinculação de Receitas da União (DRU); e foi relator de
diversos projetos na Casa, como o da proposta da reforma política em 2015.
Nascido em 1970, ele já foi secretário de governo na prefeitura do Rio de
Janeiro. A primeira vez que ocupou o cargo de presidente da Câmara foi em 2016,
quando foi eleito para um “mandato-tampão” de seis meses, em substituição ao
ex-deputado Eduardo Cunha, que havia sido eleito para o biênio 2015-2016.
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