RICOS NA CIRANDA FINANCEIRA E POBRES ESCRAVOS, SÃO PRODUTOS DE UMA SOCIEDADE DISCRIMINADORA,
ALIMENTADA PELA MÁ DISTRIBUIÇÃO DE RENDA. OS GOVERNOS MENTIROSOS NUNCA QUISERAM
DE FATO A REFORMA AGRÁRIA E DIMINUIR IMPOSTOS QUE ENCARECEM ALIMENTOS ENTRE OUTROS ITENS NECESSÁRIOS PARA A SOBREVIVÊNCIA DE MAIS DA METADE DA POPULAÇÃO
BRASILEIRA.
ROBERTO MONTEIRO PINHO
A má distribuição de renda gera a pobreza extrema e a
fome. Estas estão intimamente relacionadas, sendo uma a causa e conseqüência da
outra. Um dos grandes vilões da má distribuição de renda é o alto preço dos
alimentos, que afetam muito mais as pessoas de baixa renda. Para uma família com
renda mensal de R$ 200, a metade é gasto com alimentação, isso dependendo da
quantidade de membros na família. No geral, é mais teoria do que pratica essa
análise.
Partindo
da influência direta do salário na vida do brasileiro: 2/3 da população, (111
milhões), dispõe de renda familiar de até 2 salários mínimos e destes
(34milhões) com renda inferior a meio mínimo. Mas o dado mais agravante é de
que 1% da população concentra fortuna equivalente ao rendimento de 50% mais
pobres da população.
O
abismo entre ricos e pobres aumenta a cada segundo, isso na medida em que o
concentrador de riqueza passe auferir lucro sem investir na produção e sim na
ciranda financeira. Essa é a cultura do brasileiro rico. Um prócer investidor
me confidenciou: “os que investem, especulam e não olham essa questão social,
só visam enriquecimento. E o governo é cúmplice desses agiotas insensatos e
assassinos.”
Dois
fatores explicam o alto preço do alimento. O primeiro é o modelo fiscal
brasileiro, que sobretaxa produtos ao invés de lucros e investimentos. Por isso
o pobre paga mais impostos. Além disso a produção brasileira é voltada para
engordar o superávit da balança comercial, que serve para pagar juros e mais
juros da dívida externa. Para exportar produtos que poderiam ser consumidos
internamente aumenta-se o preço, através de vários impostos, enquanto
incentivos fiscais para a exportação são concedidos.
Hoje
temos 12,5 milhões de desempregos, isso equivale o dobro da população do
vizinho Uruguai. O resultado é de que temos 10 da população que possuem pequena
renda, tendo renda “zero”. As taxas de juros são absurdas, financiamentos de
crédito direto ao consumidor atingem 200% ao ano. Enquanto bilhões são
entregues a especuladores, empresários venais e que se acertam com os
executivos do governo, para auferir vantagens.
A
pobreza e a fome são evidente parte do processo cíclico da má distribuição de
renda. Hoje no Brasil temos 60 milhões de pobres (outras fontes indicam
"apenas" 30 milhões) e outros tantos milhões abaixo da linha de
indigência.
Neste
panorama os indigentes não conseguem nem satisfazer suas necessidades
alimentares – são os famintos. Na população rural, 40% das pessoas são pobres.
Isso se deve a extrema concentração de terra, já abordada anteriormente.
Temos
enorme discrepância entre latifundiários e pequenos proprietários. Dos 5
milhões de estabelecimentos rurais, a metade possui menos de 10 hectares, numa
área de aproximadamente 7,9 milhões de hectares. Já os 37 maiores latifúndios
possuem juntos 8,3 milhões de hectares.
Na
verdade este é o alicerce da má distribuição de renda no Brasil, pois os
latifúndios são improdutivos e servem como bem de capital. Se estes fossem
integrados à “barrada” reforma agrária, haveria uma maior produção de gêneros
alimentícios básicos, ao invés da monocultura de exportação.
Ocorre
que a reforma agrária no Brasil é quase que inexistente, pois as decisões do
Congresso são encabeçadas pela "bancada da terra", ou “bancada rural”
que é radicalmente contra qualquer mudança na estrutura fundiária brasileira, a
não ser em seu próprio benefício.
Conforme conceitua Mahatma
Gandhi. “Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada
um tomasse o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém
morreria de fome.”
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