ANÁLISE &
POLÍTICA
ROBERTO MONTEIRO PINHO
Sem
Lula o PT será dizimado
Com a manifestação dos Ministros do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) avaliando ser inevitável a cassação de um provável registro de
candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso seu partido
leve mesmo adiante a tentativa de lançá-lo ao Palácio do Planalto. Tudo indica
que o petista não terá saída, a não ser apoiar outro nome. A avaliação foi
feita por ministros a vários jornalistas, no grupo estavam o repórter Nilson
Klava, do canal de TV GloboNews, e os colunistas Matheus Leitão e Gerson
Camarotti, do portal de notícias G1.
Ficha
Limpa
Para eles os ministros, a decisão unânime que
confirmou a condenação do ex-presidente da República no Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4), no dia 24 de Janeiro em Porto Alegre, não deixa
margem para dúvidas sobre o enquadramento do caso do ex-presidente na Lei da
Ficha Limpa.
Legislação
A Lei Complementar 135/2010 torna
inelegível por oito anos um candidato que tiver o mandato cassado, renunciar
para evitar a cassação ou for condenado por decisão de órgão colegiado.
STF &
Carmem Lúcia...
Na opinião de pessoas ligadas ao
episódio jurídico e próximo da mais alta Corte do país, a condenação do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve pressionar a ministra Cármen
Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a pautar novamente alguma
ação que leve à discussão sobre a prisão após sentença em segunda instância,
afirmam pessoas ligadas à Corte.
Pesa ainda o fato de que a ministra pretende
encerrar sua gestão sem colocar o tema novamente na pauta do plenário para
evitar uma mudança no entendimento do STF. O Supremo decidiu em 2016 que a
sentença deveria começar a ser cumprida depois que um tribunal referendasse a
decisão de primeira instância.
Habeas
Corpus preventivo
O quando no STF
começou a ser desenhado com a decisão da presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministra Cármen Lúcia, ao negar logo após a decisão do TRF4 (dia 24)
dois pedidos de habeas corpus preventivo em favor do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Os dois pedidos foram
apresentados por estudantes de Direito. Em um deles, foi pedida a concessão de
liminar para Lula “até o esgotamento de todas as possibilidades de recursos da
segunda instância”. O outro pedido diz que haveria “eminente ameaça de prisão
injusta, sem trânsito em julgado, podendo gerar constrangimento irreversível e
ilegal (…) sem qualquer prova cabal”. A Presidente do Supremo alegou que
"não é atribuição do STF decidir, neste momento”, sobre os pedidos.
A OAB?
Relator das ações do PEN e da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que podem levar o STF a rever o
entendimento, o ministro Marco Aurélio liberou para análise os casos. Agora,
cabe à presidente colocar a discussão em plenário.
Como será
a cassação
A cassação do registro de
candidatura, embora protocolar, ainda deve demorar alguns meses. Isso porque,
primeiro, o TRF-4 precisa concluir o julgamento, com a análise de eventual
recurso de embargo de declaração. Esse trâmite é rápido, mas deve levar até
dois meses.
Após isso, Lula já será
considerado um ficha suja, mas ainda pode tentar manejar recursos no Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar
suspender a decisão no TRF-4. A avaliação no TSE é que mesmo esses recursos
devem ser analisados antes de 15 de agosto, último dia para o registro de
candidaturas visando as eleições de outubro.
A partir do registro, o
Ministério Público ou os adversários devem impugnar a candidatura, o que faria
o TSE declarar a cassação da chapa. A previsão é de que isso aconteça até a
primeira semana de setembro.
Campanha eleitoral
fora do prazo permitido
O grande debate é sobre a possibilidade de Lula
fazer campanha até o registro de candidatura. Além disso, considerando que o
ex-presidente pode ser preso após a análise dos embargos no TRF-4, entre março
e abril, poderia ocorrer à situação esdrúxula de o petista ser registrado e
fazer campanha preso. Isso ocorreria no período entre o registro de candidatura
e a cassação da chapa, caso o presidente não conseguisse suspender a decisão do
TRF-4 em tribunais superiores.
Gilmar
fora...
O atual presidente, Gilmar Mendes, considerado mais
garantista, vai deixar o tribunal em fevereiro, quando será substituído na
presidência por Luiz Fux, cujo mandato na Corte vai até agosto de 2018. No
lugar de Fux, assumirá Rosa Weber, que terá a missão de chefiar a eleição de
outubro. Ambos costumam ser mais duros que Gilmar.
Fachin,
Weber e Barroso...
Além disso, tanto o atual presidente da Corte
quanto Fux serão substituídos na composição por Edson Fachin e Luiz Roberto
Barroso. Ambos têm se notabilizado por votos bastante duros em questões
criminais na Lava Jato e tendem a repetir a postura no âmbito eleitoral. Eles,
junto com Rosa Weber e os demais integrantes da Corte advindos da advocacia e
do STJ vão compor o plenário no período que compreende os dois turnos da
disputa, em outubro.
Prisão
pode ser sustada?
Se Lula não conseguir suspender a decisão do TRF-4
liminarmente em instâncias superiores, a prisão se tornará inevitável por força
da Súmula 122 do tribunal que condenou o ex-presidente.
O dispositivo diz que “encerrada a jurisdição
criminal de segundo grau, deve ter início a execução da pena imposta ao réu,
independentemente da eventual interposição de recurso especial ou
extraordinário”. Os dois recursos citados podem ser feitos ao Superior Tribunal
e Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas não têm o condão de
suspender automaticamente a decisão de segunda instância. Mas isso só
aconteceria se o ministro relator do caso concedesse tal efeito por liminar.
A súmula 122 foi citada expressamente pelo
desembargador Leandro Paulsen, revisor do processo de Lula no tribunal e
presidente da 8ª Turma do TRF-4, a que condenou o ex-presidente. Ocorre que em
2016, seis ministros votaram a favor da possibilidade de prisão para
cumprimento de pena após a prisão em segunda instância. Entre eles, estava
Gilmar Mendes, que já indicou que deve mudar seu posicionamento.
Eleitores de Lula desacreditam na candidatura
A condenação unânime do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF4), no dia 24 de janeiro, mexeu
com os planos dos apoiadores do petista, e analisam a estratégia, considerando
que ele será um candidato válido no dia das eleições presidenciais deste ano.
Pesquisa...
Isso é o que aponta a última pesquisa do Ideia Big Data, feita com
eleitores do petista. Segundo as informações divulgadas no dia 26 de janeiro,
54% dos entrevistados não acreditam que Lula chegará ao fim da disputa
eleitoral. Em compensação, 43% dos eleitores do ex-presidente têm expectativa
de que ele irá para a prisão.
A pesquisa foi feita por telefone com (1.000 eleitores) que afirmam que
votariam no ex-presidente se ele fosse candidato nas eleições deste ano. O
levantamento foi feito logo depois de o TRF-4 aumentar a condenação do petista
de 9 anos e meio para 12 anos e um mês, pelos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro.
Desarticulação da esquerda
A condenação do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva deve trazer mais percalços para os planos eleitorais do PT em
2018. O partido terá que lidar com o afastamento de aliados históricos, como o
PCdoB, que tendem a optar por candidaturas próprias em vez de esperar como a
situação jurídica de Lula vai se resolver.
Além disso, a legenda terá que enfrentar o risco de
uma prisão de Lula ser decretada mais cedo do que o esperado, já que a decisão
unânime dos desembargadores reduz o número de recursos a que a defesa terá
direito na segunda instância.
Enquanto a sigla mantém, oficialmente, o discurso
de que Lula será o candidato petista à Presidência da República. “Na
impossibilidade absoluta da participação de Lula, o PT e as demais forças
políticas de esquerda vão ter que se reunir e escolher outro candidato”.
Centrão...
O cenário adverso enfrentado por
Lula na Justiça também deve afastar os partidos do centrão. Integrantes do PR e
do PP, que flertavam com Lula, afirmam que, após a decisão do TRF-4, uma
aliança com o PT para a eleição nacional fica praticamente inviabilizada. “A
candidatura de Lula perde consistência. Uma coisa é você ser candidato com toda
a segurança possível, outra é se lançar em meio a tanta insegurança”, avalia o
líder do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA).
No PP, a confirmação da condenação do ex-presidente
deve suplantar de vez os setores do partido, especialmente do Nordeste, que
apoiavam uma reaproximação com o PT. Para o líder do partido na Câmara,
deputado Arthur Lira (AL), o resultado modificou o quadro eleitoral, mas é
preciso esperar para ver para que lado vá os votos do petista.
Passaporte
prenúncio de uma prisão
No dia 26 de janeiro os advogados
de Lula foram à Polícia Federal, em São Paulo, para entregar o passaporte do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ordem para apreensão do documento
foi do juiz substituto da 10.ª Vara do Distrito Federal, Ricardo Leite e foi
informada ao Sistema de Procurados e Impedidos da Polícia Federal. Com isso o
ex-presidente está proibido de deixar o Brasil.
Procuradoria
federal
Ao pedir o recolhimento do
passaporte, os procuradores Anselmo Lopes e Hebert Mesquita afirmaram que a
execução provisória da pena do petista no caso do triplex “pode ocorrer em
questão de semanas”. Eles escreveram também que “é possível afirmar que passou
a existir risco concreto” de “possível fuga do País”.
A decisão de apreender o
passaporte de Lula foi tomada no âmbito da Operação Zelotes, que apura tráfico
de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra dos caças
suecos Gripen e na prorrogação de uma medida provisória.
Um problema para o PT sem Lula
Em termos práticos e intera corpus o PT precisa resolver um
problema mais de curto prazo, que é qual vai ser o candidato substituto. Ou se
teria um nome próprio, ou de uma Frente de Oposição. Lula de fora: “A gente tem
de lembrar que o Lula é um mito popular. Isso explica o apoio que eles dão”. Ressalta
um membro da cúpula petista.
A
princípio analistas do processo eleitoral, concluem que o PT pode não conseguir
transferir os votos do Lula para outro candidato ou grande parte dos votos, com
isso a extrema direita poderá sair favorecida, porque o sistema político fica
pulverizado.
Lula lidera com 35% antes da condenação
Neste momento, antes da
próxima pesquisa que deve ser anunciada na quarta-feira (31) Lula aparece com
35% de intenção de voto
Embora distante da eleição
em outubro, neste momento os números garantem que o partido continue em
evidência para a disputa de 2018. Aliado ao discurso vitimado de Lula, com os
rompantes detonando o judiciário, a massa que apóia Lula não tem fôlego
suficiente para avaliar um cenário sem ele na disputa.
O
espólio eleitoral de Lula
Sem o apoio do Lula, qualquer
candidato da esquerda se chegar a um segundo turno, só terá chance de se eleger
se tiver o seu apoio. Mas isso também pode depender dos debates e da própria
desenvoltura do candidato (s). Lula tem poder de convencimento, seria um candidatado
difícil de ser derrotado.
O
desastre Dilma...
A queda do poder petista,
mesmo com os gritos de “golpe”, (o que refuto) seja uma colocação inócua e melancólica.
Uma histeria que não se traduziu em apoio a Carrancuda e inábil, cassada pelo
impeachment a ex-presidente da Dilma Rousseff. O reflexo dessa “comédia petista”
refletiu nas urnas de 2016.
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