Judiciário
desacreditado, insaciável e lento
(...) “A resistência dos
magistrados em ceder informações, que por lei são obrigados, transgride a ordem
legal. O impasse fez com que o CNJ publicasse no dia 30 de novembro uma
lista de salários e benefícios recebidos por juízes e desembargadores
vinculados a três cortes do país.”
ROBERTO MONTEIRO PINHO
A crise do judiciário é grave, e assola os tribunais. Na JT
atores e patronos não está assimilando o novo texto da reforma trabalhista. Os
tribunais, estão criando meios para ganhar tempo. A suspensão de prazos nas
varas para proceder a migração dos processos antigos para o eletrônico (PJe) e
assim se organizar dentro da nova norma celetista. A exemplo: o TRT1 (Rio de
Janeiro) suspendeu os prazos dos processos físicos no período de 4 a 7 de
dezembro.
Em âmbito nacional todos os 24 tribunais adotaram o mesmo
procedimento. Coincidência? Ou uma forma de ganhar tempo? O Tribunal Regional
do Trabalho da 1ª Região (TRT-1) editou o Ato nº 147/2017, que estabelece os
parâmetros gerais para inclusão dos processos físicos no Cadastro de Liquidação
e Execução (CLE) do PJe. A previsão é de a migração para o sistema eletrônico
dos cerca de 179 mil processos físicos em fase de liquidação e execução tenha
início dia 4 de dezembro.
Ilegalidades - Em
meio aos problemas que assolam o judiciário laboral, temos ainda a crise
explícita do Supremo, onde os discursos e até decisões se conflitam. Um dos
sinais latentes é o total desprezo com que não cumprem as ordens do Conselho
Nacional de Justiça – CNJ, da mesma forma que os tribunais estaduais e federais
também não cumprem.
As liminares do ministro Gilmar Mendes, ameaçam a segurança,
e abate a moral daquela Corte. Recente a presidente do Conselho Nacional de Justiça,
ministra Cármen Lúcia, declarou que apenas 7 dos 27 tribunais de
Justiça do país cumprem ordem para divulgar informações completas sobre a
remuneração de juízes e desembargadores. “Eu preciso desses dados para mostrar
que nem todo ‘extrateto’ é uma ilegalidade. Sem isso, fica difícil defender”,
disse durante encontro com presidentes dos tribunais de Justiça do país.
O site Poder360 divulgou
no mês de agosto de maneira independente, as remunerações de juízes em
atividade em todos os Tribunais de Justiça do país em julho. Teve sucesso na
apuração dos dados em 15 TJs (Tribunais de Justiça), nos quais 4.655 (73% dos
casos analisados) recebem acima dos R$ 33.763, teto constitucional do
funcionalismo público.
Supersalários - A resistência dos
magistrados em ceder informações, que por lei são obrigados, transgride a ordem
legal. O impasse fez com que o CNJ publicasse no dia 30 de novembro uma
lista de salários e benefícios recebidos por juízes e desembargadores vinculados
a três cortes do país.
Os TJs de Minas
Gerais (referente a outubro de 2017) e do Espírito Santo, além do Tribunal
Regional Eleitoral de São Paulo (ambos de novembro). A relação foi elaborada
depois que Cármen Lúcia notificou o Judiciário (com exceção do Supremo
Tribunal Federal) enviar folhas de pagamento de cada magistrado, inclusive
“verbas especiais de qualquer natureza”.
A medida foi tomada
após notícias de “supersalários” em Mato Grosso. Na Justiça Federal, de acordo
com o Conselho apenas o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo e
Mato Grosso do Sul) mandou informações.
Gastos em julho foi
de R$ 229,6 milhões - No mês de agosto o ministro Luís Roberto Barroso, do
Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu a decisão do Conselho Nacional de
Justiça de dar publicidade aos vencimentos de todos os magistrados do país. “No
serviço público, não pode haver remuneração escamoteada nem penduricalho que
ninguém sabe explicar o que é”, defende Barroso.
Para ele, na
iniciativa privada o profissional pode alegar privacidade, mas a regra não vale
para funcionários públicos, que devem prestar contas à população. “Não sei o
número redondo, mas eu ganho em torno de R$ 23 mil líquidos”, revela, em
entrevista ao site G1.
E ironiza: “Sou até capaz de receber algumas doações depois dessa confissão”.
Segundo o site
Poder360 os gastos com supersalários de 4.655 juízes em julho foram de R$ 229,6
milhões. O ‘Extra teto’ em 15 estados foi de R$ 72,4 milhões.
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