ATORES DO JUDICIÁRIO PENSAM QUE PODEM
DITAR O COMPORTAMENTO SOCIAL DA COMUNIDADE. DISCURSAM COMO SE FOSSEM SENHORES
ABSOLUTOS DA VERDADE. A JUDICIALIZAÇÃO SÓ INTERESSA PARA ESSES OMISSO QUE NUNCA
ASSUMIRAM A RESPONSABILIDADE PELA MOROSIDADE. DISCURSAM OS MAIS ABSURDOS
PENSAMENTOS AGASALHADOS NA LOMAN, UMA LEI FILHOTE DE 64.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
Em
entrevista concedida ao iG em 2011,
o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello afirmou que a
Justiça brasileira tem na lentidão dos processos e no excesso de recursos
elementos que ajudam a estabelecer uma espécie de salvaguarda aos réus que já
se tornaram alvo de uma condenação.
A
manifestação do ministro, a exemplo de outros ativistas do judiciário, mais uma
vez resvalou na velha e insistente tese de que a morosidade processual tem como
causa, o excesso de recursos.
O
corporativismo, por menor que seja jamais permitira uma opinião descomprometida
do ministro ou de qualquer outro ator do judiciário, para admitir culpa pela
deformação e desqualificação dos serviços prestados a sociedade pelo judiciário
brasileiro.
Os
atores do judiciário discursam como se fossem os donos da verdade. Ditam o
comportamento da sociedade apesar dos baixos índices de confiança da população.
Sem razão, contexto e autocrítica discursam os mais absurdos pensamentos.
Em
2013 cerca de 92,2 milhões de ações (fonte CNJ) e uma população de 198,7
milhões. Neste universo, o judiciário
brasileiro é o que possui o maior número de litígio no Planeta.
De
fato o Brasil é um país de alto índice de litigiosidade e para sustentar sua
máquina, em 2012, foram gastos diretamente R$ 57,2 bilhões. Hoje com número
divulgados referentes a 2016 esse percentual cresceu 30%.
O
valor equivale a 1,3% do PIB nacional e a 3,2% do montante gasto pela União,
estados e municípios no ano. Os gastos com Recursos Humanos consumiram R$ 50,75
bilhões, ou 88,7% do orçamento. Ao todo, só o
Judiciário possui 104,9 mil servidores. Os dados fazem parte do
relatório da pesquisa Justiça em Números 2013.
Esse
1,3% do PIB hoje (2017) permanece, e um dos vilões é o quadro excessivo e
desnecessário de 504 mil funcionários públicos na esfera federal, se
constituindo numa massa, altamente danosa para o equilíbrio da economia.
Numa
análise horizontal, observa-se que esses cidadãos privilegiados, além de
ostentarem uma soberba, ainda planam na nave do estado, e confrontam com os
princípios da igualdade, isonomia e direito do trabalhador comum, que no
incesto da União com o servidor na constituição federal de 88, foi ale do
necessário.
Na Pesquisa
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2011 se comprovou: o poder público é o
grande vilão do Judiciário quando se trata da montanha de processos. Das 86,5
milhões de ações tramitando naquele ano, um quarto se deve a uma lista de
apenas 100 autores e réus.
Só a
União é responsável por 38% desses casos. Bancos, categoria encabeçada pela:
Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, em que o governo federal é o principal
sócio, ficam em segundo lugar, com outros 38%.
Concluímos
que e o governo não compactuasse com a judicialização que tanto alimenta a
soberba dos magistrados, e os mantém no mais alto status, com certeza as ações que estão sufocadas pela demanda estatal,
estariam sendo resolvidas de forma mais rápida.
Essa
conversa de que os recursos são a causa da morosidade é pura “balela”, um dos desvios
do foco principal, que é a judicialização protagonizada pelos juízes de
primeiro grau.
Torna-se
insuportável para o cidadão comum, que não conta com o paternalismo estatal, forçar
ouvindo essa conversa de ocupantes de cargos públicos, como se fossem os
ditadores da verdade.
As
figuras ‘empavonadas’, com togas exóticas, inquilinos de palácios com
dependências incomuns, usados para despachar seus devaneios nas petições e
recursos, ainda pertencem as trevas do Brasil colônia, da escravidão, do
elitismo e da discriminação.
Para
superar essa amaldiçoada doença que assola o judiciário brasileiro, é preciso,
urgentemente, reformular a lei (leia-se Loman) e transformá-la no instrumento
de postura igualitária, comprometida com os ideais republicanos e os conceitos
elementares dos direitos humanos e do cidadão comum.
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