PALOCCI
HESITANTE E COM MEDO
HELIO FERNANDES
Preso,
começaram logo a falar que faria delação.
Tinha todo um passado
para
isso. Prefeito de uma grande cidade, Ribeirão Preto. Ministro da
Fazenda.
Ministro Chefe da Casa Civil, deve tudo a Lula. E escorraçado
sempre por excesso de irregularidades,protegido e
salvo todas as
vezes
pelo incansável Lula.
O INCERTO E HESITANTE PALOCCI
Prefeito
de uma grande cidade, Ribeirão Preto. Surpreendente Ministro
da
Fazenda de Lula. Inesperado Chefe da Casa Civil de Dilma a pedido
de Lula.
Escorraçado de tudo por excesso de irregularidades, sempre
protegido
e defendido pelo próprio Lula.
Preso e
conhecida a falta de caráter de Palocci e sabendo que faria
delação,
todos indicaram: "Entregará o
ex-presidente". Da prisão, o
próprio ex-ministro
gritou: "Lula, não. Lula, não". E pediu uma entrevista
reservada
com o juiz Sergio Moro.
Foi
atendido, conversaram, publicaram: "Se o senhor me ouvir, terá
trabalho
para 1ano". Surgiu então uma versão: desmontaria o sistema
financeiro,
denunciando banqueiros, corretoras, grandes "investidores"
de Bolsa.
Em suma:
atingiria o que chamam de mercado, ou seja, a
profissionalização
de ganhos diários de grandes fortunas, sem risco e
com
extrema facilidade. Escrevi então pela primeira vez sobre o
assunto:
se fizer isso, merece ser solto e inocentado.
Começou
então a batalha com o advogado.Defendido por Batochio,
que não
trabalha com cliente delator. A disputa entre eles levou
15 dias,
a tempo de Palocci entrar com HC no Supremo, que ainda não
foi
julgado. Antes do fim de semana, Batochio foi embora,
Palocci
contratou outro, o caso se transformou em suspense.
superado
apenas pelo casal Santana .
"MATARAM UM ESTUDANTE. E SE FOSSE UM FILHO SEU?"
O estudante Edson Luis de 17 anos foi assassinado no refeitório
universitário Calabouço. Era tão jovem, tão sozinho, tão desprotegido,
que não ameaçava os generais torturadores e ambiciosos de poder. Assim
mesmo, foi mais um que perdeu a vida torturadamente, mesmo sem
aparelhos. Apesar de ser jovem e sozinho, sua morte provocou a
famosa passeata dos 100 mil.
Eu estava lá, e duas coisas são inesquecíveis para mim até hoje.
Primeiro: jogavam bombas de gás aos milhares. Em determinado
momento, meu coração sofria e meus olhos se apagavam e não
conseguia ver coisa alguma. Alguém então, me segurou pelo braço
e disse: "faz pipi no lenço, passa nos olhos que você se recupera
imediatamente". Era um sábio. Fiz o que ele mandou, aconteceu o que
ele previu.
Segundo: a passeata era liderada por Wladimir Palmeira, naquele
momento, uma referencia obrigatória. Milhares de policiais partiram
para cima de nós.
O Wladimir gritou e todos escutaram: "Não resistam, se deitem no chão,
que nada acontecerá." Impressionante! Em segundos, aquelas
100 mil pessoas estavam imóveis, deitadas no chão, e a policia perplexa,
não sabia o que fazer. A partir daí, não aconteceu nada, todos
se retiraram.
Até hoje, me impressiono com o poder apenas de uma
ordem. Agora, imaginem se o Wladimir tivesse recomendado o confronto.
Naturalmente, uma grande parte dos 100 mil teria sido massacrada.
A passeata dos 100 mil, exige duas referências de calendário e de
premeditação de crueldade. A passeata foi no dia 26 de junho, 10 dias
depois de ter sido imposta e implantada a censura à imprensa no dia
16. E agora, com o tempo, se constata a premeditação e a preparação do
AI-5, o mais dilacerante instrumento oficial do terror ditatorial.
Esse ocorreu no dia 13 de dezembro do mesmo ano, 1968. Fui preso no
mesmo dia, mas se posso chamar de satisfação, o fato de ter ficado na
mesma cela com Mario Lago, Carlos Lacerda, e Oswaldo Peralva, então
diretor do Correio da Manhã.
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