ESPECIAL:
A França
eterna
HELIO FERNANDES
9,30 da
noite de Paris, em matéria de eleição, estava tudo terminado,
melhor
seria dizer, sepultado. È o que acontece no relacionamento
entre os
candidatos e o povo. Não existe conexão nem popularidade. E
no
discurso final, ambos lucrariam se ficassem em silencio. Ela foi
derrotada,
os que perdem não têm grande audiência.
Ele é
vencedor em números, não sabe traduzir isso em imponência,
fascínio
da palavra, liderança,até emoção. Foi sussurrando, soltando
palavras
silabadas, que nem eram ouvidas. Nesse tom cansativo,
encaixou
três frases vulgares e obrigatórias, que nem parecem
promessas.
1-Está se
abrindo uma nova pagina na Historia da França.
2- Vou
unir completamente o país.
3-
Lutarei e sei que conseguirei a IGUALDADE social. Chato e vazio.
Se
pronunciasse mais duas palavras, LIBERDADE e FRATERNIDADE, pelo
menos
chegaria a 1789, constataria como está longe da Historia da
própria
França. Longe no tempo, no pensamento,
até na imaginação.
OPORTUNISMO DE MACRON
No inicio
da campanha, suas chances eram mínimas.
Mas os adversários
iam se
destruindo insensatamente, individualmente ele ia aparecendo.
Coletivamente
os partidos Históricos se impopularizavam e
desapareciam,
política e eleitoralmente. Foi o que aconteceu com o
Partido
Socialista e Republicano.
Durante a
campanha, disse aqui varias vezes: "O Partido Socialista não
terá nem
10 por cento dos votos". Teve 7 por cento. O
Republicano
um pouquinho
mais, sem preocupar ninguém. Partidos que já elegeram De
Gaule,
Miterrand duas vezes, Chirac e outros, agora não tinham nem
candidato.
MACRON
NÃO SALVA NEM A
FRANÇA NEM A UE
Com a
eleição decidida e a candidata Le Pen, apressadamente "jogando
a
toalha", antes da apuração terminar, os lideres da UE festejavam com
o mais
legitimo champanha da França.E se abraçavam com entusiasmo, por
2
motivos. A vitoria, é claro. E o fato de não terem aparecido dois
assuntos
interligados e explosivos: IMIGRAÇÃO e REFUGIADOS.
Os grandes
líderes dos principais países da UE, têm problemas
políticos
e eleitorais internos, consequencia do relacionamento com
imigrantes
e refugiados. Um só exemplo: Angela Merkel. No ano passado,
no auge
da crise das multidões que fugiam da Síria, recebeu 800 mil
deles.
Isso teve um impacto terrível contra ela. Quase deixou de ser
candidata.
Reagiu, tem eleição em setembro, mas pela primeira vez não
é
favorita, pode ganhar, mas pode perder.
Estão
acreditando muito num candidato que disputou e venceu a primeira
eleição.
Aos 39 anos. Não muito, ou melhor, quase nada. A UE perdeu a
Grã-Bretanha,
não podia perder a França. E correr o risco de aceitar
a Turquia
ditadura fingindo de democracia, com as prisões cheias com
milhares,
dezenas de milhares de opositores.
O que vem
por aí, em matéria de perigo para a UE, nenhum Macron pode dar jeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário