Titular: Helio Fernandes

segunda-feira, 8 de maio de 2017

ESPECIAL:

A França eterna

HELIO FERNANDES

9,30 da noite de Paris, em matéria de eleição, estava tudo terminado,
melhor seria dizer, sepultado. È o que acontece no relacionamento
entre os candidatos e o povo. Não existe conexão nem popularidade. E
no discurso final, ambos lucrariam se ficassem em silencio. Ela foi
derrotada, os que perdem não têm grande audiência.

Ele é vencedor em números, não sabe traduzir isso em imponência,
fascínio da palavra, liderança,até emoção. Foi sussurrando, soltando
palavras silabadas, que nem eram ouvidas. Nesse tom cansativo,
encaixou três frases vulgares e obrigatórias, que nem parecem
promessas.

1-Está se abrindo uma nova pagina na Historia da França.
2- Vou unir completamente o país.
3- Lutarei e sei que conseguirei a IGUALDADE social. Chato e vazio.
Se pronunciasse mais duas palavras, LIBERDADE e FRATERNIDADE, pelo
menos chegaria a 1789, constataria como está longe da Historia da
própria França. Longe no tempo, no  pensamento, até na imaginação.

OPORTUNISMO DE MACRON

No inicio da campanha, suas chances eram mínimas.  Mas os adversários
iam se destruindo insensatamente, individualmente ele ia  aparecendo.
Coletivamente os partidos Históricos se impopularizavam e
desapareciam, política e eleitoralmente. Foi o que aconteceu com o
Partido Socialista e Republicano.

Durante a campanha, disse aqui varias vezes: "O Partido Socialista não
terá nem 10 por  cento   dos votos". Teve 7 por cento. O Republicano
um pouquinho mais, sem preocupar ninguém. Partidos que já elegeram De
Gaule, Miterrand duas vezes, Chirac e outros, agora não tinham nem
candidato.

MACRON NÃO SALVA NEM A FRANÇA NEM A UE

Com a eleição decidida e a candidata Le Pen, apressadamente "jogando
a toalha", antes da apuração terminar, os lideres da UE festejavam com
o mais legitimo champanha da França.E se abraçavam com entusiasmo, por
2 motivos. A vitoria, é claro. E o fato de não terem aparecido dois
assuntos interligados e explosivos: IMIGRAÇÃO e REFUGIADOS.

Os grandes líderes dos principais países da UE, têm problemas
políticos e  eleitorais internos, consequencia  do relacionamento com
imigrantes e refugiados. Um só exemplo: Angela Merkel. No ano passado,
no auge da crise das multidões que fugiam da Síria, recebeu 800 mil
deles. Isso teve um impacto terrível contra ela. Quase deixou de ser
candidata. Reagiu, tem eleição em setembro, mas pela primeira vez não
é favorita, pode ganhar, mas pode perder.

Estão acreditando muito num candidato que disputou e venceu a primeira
eleição. Aos 39 anos. Não muito, ou melhor, quase nada. A UE perdeu a
Grã-Bretanha, não podia perder a França. E correr o risco de aceitar
a Turquia ditadura fingindo de democracia, com as prisões cheias com
milhares, dezenas de milhares de opositores.


O que vem por aí, em matéria de perigo para a UE, nenhum Macron pode dar jeito.

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