EXCLUSIVO:
“50 ANOS DA MORTE DE CASTELO BRANCO”
A morte do Sr. Humberto de Castelo Branco
HELIO FERNANDES
*Matéria publicada na edição nº 5.321 - Tribuna da Imprensa em
19.07.1967
Parte final
FELIZMENTE (e
a apreciação nem é original) é a vida que revela as eminências. A morte apenas
nivela os homens colocando a todos, sem apelação, dentro da mesma realidade. É
só a dimensão da história que enterra alguns, mantendo-os, pela eternidade,
coisa que evidentemente não acontecerá com Castelo Branco, que, em termos de grandeza
Histórica, devia ter uns 50 centímetros de altura. Ou menos ainda.
A vida do
ex-presidente é a sua verdadeira condenação. Para mostrar a sua pequena
estatura, não é preciso carregar nas tintas. Basta mostrá-lo como ele realmente
foi, dizer o que realmente ele não fez, as chances que teve e desperdiçou, o
Poder que usou para perseguições e para a mesquinhez. O que poderia ter feito
para seu povo, pela sua Pátria, pela sua gente. Não vamos canonizá-lo, ou deixá-lo
que se transforme em herói, apenas porque um avião se chocou com outro e ele desapareceu
de cena, inesperadamente, antes de ser colhido pelo desprezo geral.
Se a morte
(qualquer que fosse ela) pudesse purificar os que viveram apenas na satisfação
dos seus próprios sentimentos mais mesquinhos, então a vida deixaria de ter
significação, e mundo mereceria o caos e a barbárie ultrapassados precisamente
por causa da grandeza e do heroísmo de alguns poucos.
SE TIVESSEMOS
que por a margem, todas as conquistas da humanidade, conquistas obtidas através
de personagens que se elevaram acima de si mesmo, superando as suas fragilidades
congênitas ou adquiridas, e fossemos exaltar aqueles que negaram tudo isso,
apenas porque morreram num desastre, mais ou menos dramático, então a vida não teria
mais razão de ser, e até poderiamos criar um corpo de carpideiras profissionais
(pagos pelos cofres públicos), encarregadas de chorar, na mesma intensidade e o
mesmo tom, por todos os mortos da vida pública.
A VIDA deu ao
Sr. Humberto Alencar de Castelo Branco muito mais do que ele merecia. Deu em
vida o Poder que ele desbaratou, e usou precisamente para humilhar, escravizar
ou perseguir, e para o qual estava despreparado. E na morte, deu-lhe um final
inteiramente inesperado, porque o que Castelo Branco merecia era ter morrido,
numa cama confortável, com as janelas fechadas, sem uma só estrela no céu e sem
ninguém que colocasse uma flor entre as mãos ou uma palavra de arrependimento nos
lábios.
NÃO CHOREI a
morte de Ribeiro da Costa ou do coronel Fontenelle porque ambos cumpriram integralmente
o seu destino na vida, e não se chora os homens realizados, que viverão sempre
na nossa saudade. Não choro a morte de Castelo Branco porque não se iguala na morte
a bravura e a intrepidez dos que resistiram sempre a tudo com a insensibilidade
dos que sempre traíram a História dos povos e da própria humanidade.
CASTELO
Branco, na sua longa vida nunca amou, nem foi amado.
Como amar um homem assim cuja
morte só desperta indiferença, cuja vida foi um ato deliberado de desconfiança
e malquerença, sem nenhum desprendimento, sem nenhum gesto de coragem, sem um
aceno de emoção, sem um momento de grandeza, sem um instante de piedade, de
recolhimento ou de humildade?
NA POBRE
campa que há de cobrir os tristes restos mortais de Humberto de Castelo Branco,
e onde ele dormirá o sono eterno dos injustos, não haverá lugar sequer para um
epitáfio. A não ser que num assomo de sinceridade se pudesse escrever no
mármore frio: “Aqui jaz quem tanto desprezou a humanidade, e acabou desprezado
por ela
Prezado Sr. Hélio Fernandes, parabéns por sua vida! Parabéns por sua luta! Parabéns por sua garra! Parabéns por sua coragem! São seres humanos como senhor que mudarão nosso mundo para melhor! Muito obrigado por seus editoriais magníficos! O Senhor não é somente um Cidadão brasileiro, é um cidadão do mundo! Todos que pregam a justiça e a igualdade de oportunidades para todos, lutam pela humanidade! Parabéns!
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