Sociedade indômita e os juízes acuados
(...) Essa casta é um acinte, que o
país-estado assimilou e que está em sua fase mais aguda. Entendo que neste
ponto só um medida extremamente corajosa poderá por fim a essa ditadura do
judiciário e do serviço público.
ROBERTO
MONTEIRO PINHO
O custo do judiciário brasileiro para manter 108 milhões de processos
(números do CNJ até setembro de 2016), é absurdo e não condiz com a sua
prestação jurisdicional, uma das piores do planeta. O sinal latente disso está
no atendimento das serventias e no seu maior vilão – a morosidade.
Ao longo de duas décadas, os atores do judiciário vêem pleiteando no Congresso
e obtendo êxito dos seus pleitos, sob alegação de que as medidas propostas são
essenciais para a solução dos problemas da justiça brasileira. Mas não é isso
exatamente o que vem ocorrendo. Se por sua vez o número de ações é elevado, por
outro a solução dos conflitos está a cada ano menor, com isso o resíduo vem
acumulando.
Magistrados nunca admitiram culpa. Apontam como causa, a judicialização,
mas por sua vez, não cansam de legislar, prolatando decisões em demandas
insignificantes, que jamais poderia estar nos tribunais, podendo, sim, serem
levadas para métodos alternativos de conflito.
O fato é que o Brasil operário, não tem estabilidade, dezenas de
rubricas adicionais ao magro salário mínimo. Não trabalha no ar-condicionado,
não dispõe de auxiliares, assistentes e todo aparato do juiz, e sequer suas
prerrogativas.
O serviço público no Brasil trazido pela cortes portuguesas foi
emprenhado no tempo Colonial, e aperfeiçoado no regime ditatorial de “64” e
acabou se tornando um espectro da cultura xenófoba e discriminatória. Essa
casta é um acinte, que o país-estado assimilou e que está em sua fase mais
aguda. Entendo que neste ponto só um medida extremamente corajosa poderá por
fim a essa ditadura do judiciário e do serviço público. Em que pese
manifestações do próprio seio da magistratura (são poucos), essa não é a linha
do pensamento de toda sua cúpula.
(...) O Judiciário brasileiro é o mais caro
do mundo. Em 2014 esse sistema consumiu R$ 68,4 bilhões em verbas públicas, o
equivalente a 1,2% do PIB, afora os R$ 577 milhões do orçamento do Supremo
Tribunal Federal. O Judiciário abriga os funcionários públicos mais bem pagos
do Brasil.: há salários reais que ultrapassam R$ 100 mil; o maior é de R$ 126
mil. Eles engordam seus contracheques com ao menos 32 tipos de auxílios,
gratificações, indenizações, verbas, ajudas de custo. Sobre isso, já veiculado
nas mídias, tudo se comprova, e tem substancia.
Victor
Hugo no romance “Os Miseráveis”, cita que “A primeira igualdade é a Justiça”. O
Estado deu a justiça, mas alem, cercou seus atores com vantagens, para com
isso, criar um elo promiscuo com esse poder. Segundo a Carta Cidadã, a
“harmonia entre os poderes”, se refere ao legislativo, judiciário e executivo.
Ocorre
que na estrutura republicana, existem outros poderes que também são harmônicos
entre si, e que por imperiosa citação da mesma Carta, menciona: “o direito de
ação é livre e constitucional”, se trata do poder da vontade popular, e das
entidades que foram criadas para seus segmentos produtivos e sociais, todas
ávidas para buscar, garantias do direito nos tribunais.
As
representações dos trabalhadores, das empresas e dos investidores. Não de pode
de forma alguma. Na citação do romancista, em que pese a sua visão, esta não se
adapta ao que assistimos na relação da justiça, que se coloca como um grupo
superior a tudo e todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário