Deputados e senadores, perderam o medo da Odebrecht

HELIO FERNANDES

No inicio era o pânico. Quando Claudio Melo fez o seu depoimento na primeira pessoa, todos se sentiram atingidos. Ele não livrou ninguém, as televisões passaram dias revelando fatos rigorosamente indefensáveis. Silencio total, ou então o comentário de todos, igualzinho: "Foi tudo doação legal, registrada e aprovada pelos tribunais eleitorais".

Apenas um trecho do depoimento do Diretor de Negociações da Odebrecht, o todo segue a parte de forma irrefutável. Vamos repetir o que ele disse a respeito do então vice-presidente, hoje presidente indireto. Sem contar que alem da Lava-Jato, Temer responde ao TSE, que já devia ter cassado a chapa. Dona Dilma e ele.

Estiveram juntos em 2010 e 2014. A primeira, prescreveu. A segunda provocada pelo senador Aécio Neves, ganhou logo altos patrocínios de dois Ministros do Supremo, que presidiam o TSE. Primeiro Toffoli, de janeiro a maio de 2016. A partir de maio até agora, Gilmar Mendes. 

Este sem constrangimento, incluindo a "carona" até Lisboa, no avião presidencial. E no plano interno, a protelação com objetivo determinado. Em abril acaba o mandato de um Ministro, em maio, de outro. Duas indicações de Temer, referendadas pelo Senado, onde aprova o que quiser.

O TRECHO TEXTUAL, DO DIRETOR DA ODEBRECH

"Estive com o então vice presidente, no Palácio Jaburu. Alem de nós dois, Marcelo Odebrecht e Eliseu Padilha. A conversa era sobre campanha eleitoral.Temer pediu 10 milhões. Eu não mexia com dinheiro. apenas dizia QUEM devia receber e QUANTO. Saímos, no carro, Marcelo perguntou se Temer valia 10 milhões, Respondi:ele é vice, mas também é presidente do PMDB. Marcelo concordou, mandou pagar os 10 milhões diretamente ao vice Michel Temer".

A delação de Claudio Melo, provocou um estrondo. Reuniões e mais reuniões. Não houve "vazamento", e sim revelação premeditada, queriam o efeito que conseguiram. Ficou estabelecido, que não haveria resposta ou debate. Apenas silencio ou comentário igual, "tudo foi doação legal".

A DELAÇÃO DOS 77 EXECUTIVOS

Hoje completa 1 mês que milhares de documentos, com 800 depoimentos, chegaram ao Supremo. Uma enormidade, a intranqüilidade, do mesmo o tamanho. Era a ultima sessão antes do recesso. A presidente Carmen Lucia e o Ministro Teori Zavascki, tomaram uma decisão. Prepararam uma "sala cofre", sem acesso de ninguém.

Criaram uma "força tarefa", com 8 juízes auxiliares para ajudar o Ministro Zavascki, no seu trabalho monumental. Essa "sala cofre" tem três chaves. Com os 2 ministros e o juiz chefe da "força tarefa". Não querem que aconteça o que aconteceu com o diretor da Odebrecht, Claudio Melo.

Para terminar o assunto por hoje, de forma surpreendente até para mim. Que publico por dever profissional, mas sem nenhuma explicação. Deputados, senadores, ministros, e o próprio Temer, que estavam apavorados, exibem uma tranqüilidade impressionante.

Tenho conversado com muita gente, ninguém diz nada. Deputados e senadores me dizem. "estou preocupado com a minha reeleição em  2018".Temer tem confessado  a amigos,"não ha possibilidade do meu mandato terminar antes de 2018". Estou impressionado, não acredito em nada disso, mas informação ou até mesmo informe, é para ser comunicado ao leitor.

A eleição do presidente da Câmara e do Senado.

Ha muito tempo não existe uma disputa tão grande na Câmara. Eduardo Cunha massacrou o candidato do PT, com as conseqüências que todos conhecem. Para Dona Dilma significou a perda do mandato, com o impeachment, identificado como conspiração parlamentar.

Para Dona Dilma e o próprio PT, uma tragédia. Para Eduardo Cunha não fosse à atração pelo dinheiro ilícito e a corrupção, um futuro certamente radioso. Ele já trabalhava sua candidatura ao governo do Estado do Rio, com muita chance.  

 Agora está preso, dificilmente ganhará a liberdade.

O PLANALTO GANHARÀ A ELEIÇÃO PARA MAIA

Alguns desinformados, acreditam que Temer não tem candidato, "que vença o melhor". Mas o que está valendo, e vindo de fontes autorizadas, é o seguinte: quem quiser disputar a presidência da Câmara, que o faça, não haverá veto ou censura. Isso já é do conhecimento de Rogerio Rosso e Jovair Arantes.

 Mas duas candidaturas, de jeito algum. Traduzindo: os dois têm o mesmo plano de vôo. Disputam a presidência. Se perderem, recebem um ministério.  Rosso e Arantes estão convencidos que Temer adiou a reforma ministerial por causa da eleição para presidir a Câmara. Muitos já falam em "Maia candidato único". O que não seria ou não será surpreendente. E eleito até com os votos do PT.

A ELEIÇÂO DO PRESIDENTE DO SENADO

Apesar de estar citado na Lava-Jato, (quem não está?) Eunicio Oliveira tem praticamente garantida à eleição. Saiu como favorito, se desgastou, agora está consolidado. Fez bons acordos, praticamente os partidos numericamente maiores, farão parte da Mesa.

Falta o entendimento final com o PT. O partido quer a vice-presidência, cargo que mantém até hoje. Mas aceitaria a secretaria Geral. O curioso, estranho e até surpreendente, é o tipo de acordo ou negociação que está sendo feito. Não faria parte da Mesa, agora, mas garantiria até mesmo a presidência para 2019 ou até 2021.

54 senadores terminam o mandato em 2018, naturalmente precisam da reeleição. Serão 2 vagas por estado, o que favorece os de maior prestigio. Um exemplo: Renan quer voltar á presidência em 2019, na pior das hipóteses, em 2021. Não admite de jeito algum, não se reeleger, acabar a carreira.

Nesses 54, estão muitos que têm dominado o Senado. Romero Jucá, relator do orçamento, favoreceu arbitrariamente o seu estado. Também quer ser presidente em 2019. Ele e Renan, fortemente enquadrados na Lava-Jato, nem ligam para isso. Jucá foi líder de FHC, Lula, Dilma, Temer. É um gênio.

O NEPOTISMO DE TRUMP

Está infringindo violentamente a lei, passando seus volumosos negócios internos e externos, para os filhos. Isso é uma fraude e uma farsa. Garante: "Eles tomarão as decisões, não saberei de nada". Outra burla, que violenta a Lei contra o nepotismo: indicou o genro empresário, para ser o conselheiro principal da presidência. Falta uma semana para a posse. Nenhum presidente assumiu nessas condições.