Novos
prefeitos: nem renovação nem esperança. "ACIDENTE PAVOROSO".
HELIO FERNANDES
A expectativa
da eleição municipal era muito grande. Principalmente nas capitais e nas
maiores cidades, com população acima de 200 mil habitantes. O interesse se
concentrava em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, pela importância das cidades e
o suposto futuro dos prefeitos eleitos. Mas a decepção se diluiu nas campanhas,
e se tornou insuportável a partir da posse.
Em São
Paulo se localizou um episodio importantíssimo, tendo como foco a sucessão
presidencial de 2018. Alckmin, 4 vezes governador, e um dos mais certos
concorrentes a presidente (a segunda candidatura), não ficou estático ou
contemplativo. Participou da escolha do candidato do seu partido, o PSDB.
Escolheu o milionário João Doria, preterindo todos os possíveis nomes da
legenda. Não pertencia a nenhum partido, se filiou com a primeira afirmação
espetacular: "Não sou político e sim gestor".
Patrocinado
abertamente pelo governador, eleito no primeiro turno, com grande vantagem.
Surgiu então com a segunda resposta, a uma pergunta que ninguém lhe fez:
"Não serei candidato á REELEIÇÃO".
Repetiu
isso varias vezes entre a vitória e a posse. Surpresa em cima de surpresa. Na
chegada efetiva ao poder, no primeiro dia deste 2017, que custou tanto a
começar, repetiu o cansativo bordão. Ridiculamente vestido de gari, mal
conseguia segurar a vassoura. Tentava repetir o Janio Quadros de 1950, embora
só tivesse nascido em 1968.
Haja o
que houver, Doria jamais será um Janio Quadros. E ninguém repetirá a sua
carreira arrasadora mas também mistificadora. Em 12 anos foi de vereador a
Presidente da Republica. Vereador em 1948, deputado estadual, prefeito,
governador, presidente da Republica. Tudo pelo voto direto. Se ligou aos
generais ambiciosos. Que lhe propuseram governar com plenos poderes. E para
sempre. Aceitou. Renunciou.
Desvairado
pela bebida, começava a beber quando acordava. Ia dormir bêbado. Sem caráter e
sem convicções, nada deu certo. Foi a grande vitima, desapareceu do mapa.
Também foi o "pai e a mãe" do golpe de 64. Os generais ganharam
21 anos de governo atrabiliario, privilégios, direito á tortura, poder,
perseguições, imunidade e impunidade).
O FUTURO DE DORIA.
Até onde
se pode ver, sua carreira vai até o ultimo dia de 2020. Se for o grande
"gestor" que apregoa, será aplaudido nas ruas. Receberá apelos para
um novo mandato. Impossível, sua palavra terá que estar acima de desmentidos. O
que pode fazer: se candidatar a governador em 2022. Mas em 6 anos acontece muita
coisa. Se não conseguimos avaliar o que acontecerá, neste 2017 que demorou a começar,
como fazer planos para um futuro tão distante.
Para Doria,
que é "gestor "e não político, um caminho intermediário. Se não pode
repetir Janio Quadros, pode imitar José Serra. Este se elegeu prefeito, se
desincompatibilizou, se elegeu governador. Se tentar essa hipótese,dentro de 16
meses, Doria e Alckmin, se encontrarão novamente. Mas um contra o outro.
Alckmin
terá que deixar o governo em abril de 2018, desincompatibilização obrigatória.
Mas aí, as condições serão rigorosamente adversas pra o gestor João
Doria. A ambição não é boa conselheira.
NA CAMPANHA, CRIVELA SE ESCONDEU DE DEUS
Eleito
senador, era o primeiro trampolim para o "projeto" do tio, o Bispo
Macedo. Que pretendia ser presidente da Republica. Tinha tudo, faltava um cargo
executivo. Candidato a prefeito do Rio, perdeu. Mais 2 anos, outra derrota,
agora para governador. Poderoso e importante, Macedo percebeu que tinha muitas
incompatibilidades, tirou seu nome do "projeto". Mas não desistiu,
continuou, com o sobrinho como substituto.
Já
perdera muito tempo, mas faltava o cargo executivo. Crivela se lançou a
prefeito pela segunda vez. Só que como nas outras, saía na frente, parava,
passou a ser chamado de "cavalo paraguaio". Ouviu amigos, todos
localizaram o mesmo equivoco:"Insistia que era Bispo, evangelico,
hostilizado por todos os lados". Mudou de tatica e de estrategia.
Abandonou
a religião ,esqueceu que era bispo, que sua fé era evangelica, pulou na
frente e não parou. Podia ter ganho no primeiro turno, eram muitos candidatos, mas
não correu nenhum risco. Entre a vitoria e a posse, tres dias de conversa com o
tio, um unico assunto na agenda: a presidencia da Republica.
Obstinação
de Macedo, nenhum protesto de Crivela. Advertencia de Macedo:"Prepare-se.
Pode haver eleição indireta pelo Congresso, não demora muito, ganharemos".
Crivela não ficou surpreso, Macedo continuou:"Se não for neste 2017, será
em 2018". Alertou:"Perdemos muito tempo, mas chegaremos lá".
Portanto, se convençam, já existe um candidato na praça.
O MINEIRO FALASTRÃO
Em Minas
todos já sabem. Para ganhar de Aecio e do PSDB, basta lançar um candidato.
Aconteceu na eleição para governador, se repetiu para prefeito. Só que perderam
para Kalil, ex-presidente do Atletico. Quando apareceu seu nome como candidato,
as arquibancadas explodiram. Gargalhadas, e repercussão negativa do
candidato.
Vencedor
com o lugar comum, "não sou politico", não parou mais de
falar."Belo Horizonte vai conhecer administração de verdade, e nova
realidade". Mais gargalhadas, e o desalento da população que vive na
capital. Mas o que fazer ?Mudar para outro lugar ?
OSASCO: O PREFEITO, DA PENITENCIARIA PARA A
POSSE
Uma das
mais importantes cidades da "grande" São Paulo, dessa vez
inteiramente desligada do PT. Rogerio Lins eleito, antes da posse foi de ferias
para a Disneylandia. Mal chegado lá, recebeu comunicação: havia um mandado de
prisão contra ele. Voltou imediatamente, se apresentou á policia.
Sem lenço
nem documentos, foi enviado diretamente para a penitenciaria de Tremembé. Os
fatos se sucederam. 1-Ficou 3 dias na penitenciaria. 2- Para sorte dele, ainda
não haviam começado as rebeliões, Manaus, Roraima, o que vier.3- Veio o fato
consumado: pagando fiança de 300 mil reais, estará livre para tomar posse. 4- O
pai pagou, foi libertado, tomou posse.5- Quem recebeu o dinheiro?.6- Quem
mandou prender, e mandou libertar?. 7- A comunidade, apavorada.
BARBARIE, MASSACRE, CHACINA, QUE
TEMER TRANSFORMA EM ACIDENTE PAVOROSO
O
problema das penitenciarias no Brasil, tem uma eternidade. E sempre com a
mesma origem e consequencia: excesso de presos, mistura de assassinos
vocacionais com reclusos circunstanciais. E isso de um tempo em que a droga não
era o fator principal ou fundamental. Ha mais de 50 anos, o grande mestre Evandro
Lins e Silva, revoltado, bradava: "È preciso acabar com a superlotação das
penitenciarias, criar penas alternativas".
Ministro
do Supremo, quando veio 64, falaram logo na cassação dele e de outros 2
ministros. O bravo Ribeiro da Costa, presidente do Supremo, soube, telefonou
para o "presidente" Castelo: "Se algum Ministro for cassado,
fecho o tribunal, mando a chave para o senhor". Corajosos de papel
pintado, os generais recuaram, aposentaram Evandro e mais 2 ministros.
Meu
primeiro advogado, já antes do golpe, conversavamos muito, principalmente sobre
esse assunto, que Evandro conhecia a fundo. E sobre a inutilidade e a
desumanidade das penitenciarias compartilhadas.
Agora,
quando se acreditava que o problema era de segurança publica. Surge a
gravissima questão da SEGURANÇA NACIONAL. E a possibilidade cada vez mais
perto de haver a "mexicanização " ou transferencia para o Brasil do
problema das Farcs. Com as quais, essas facções de Manaus e Roraima, têm
ligações.
A
situação é gravíssima, qualquer que seja o angulo da analise. Para
agravar as coisas, surgem as penitenciarias "privadas", que não
existiam antes. Introduzindo a corrupção nas relações entre os
governos e os criminosos. Nas penitenciarias de São Paulo, o governo gasta 1 mil e 300
reais por mês com cada preso. Em Manaus, a empresa particular recebe 5 mil
reais por preso.
E um fato que não foi colocado nem explicado.
A empresa assinou contrato com o governo para administrar um presídio com pouco
mais de 3 mil presos.Como no momento os presos passam de 10 mil, a perguntinha
inútíl, inócua e irrespondível: a empresa recebe pelo contrato ou pela
realidade?
(Quando assumiu, Obama encontrou 26 por cento das
penitenciarias, privatizadas. Apesar da resistência dos republicanos, reduziu
para 9 por cento. E deixou um relatório-libelo contra esse tipo de
"administração").
O PRESIDENTE INDIRETO,
EXAGERA NOS EQUIVOCOS
DIRETOS
Temer levou 4 dias para se manifestar sobre o
assunto. Bastante provável que apesar dos 24 anos decorridos, sua memória tenha
se voltado para Carandiru, os 111 assassinados e o crime do PMDB. O governador
Fleury, era do partido. O secretario de segurança, enviado para procurar
conciliação, o próprio Michel Temer, também do PMDB.
Assim que resolveu falar, duas impropriedades.
A primeira, enormidade em matéria de solução: "Vamos construir 5
penitenciarias federais, e mais uma penitenciaria em cada estado". Absurdo
completo. O correto não é encher novas penitenciarias, e sim
esvaziar as que já existem. Mas para isso é preciso competência e
independência.
A segunda
excentricidade ou extravagância: abandonou as palavras utilizadas por quase
todos, principalmente "tragédia anunciada". E tentou inovar,com essa
impropriedade real, que chamou de ACIDENTE PAVOROSO. A repercussão negativa,
total, criticadissmo. Foi então aos dicionários do Aurélio e do Houaiss,
voltou mostrando que não sabe nem ler ou se expressar.
Abusou
do desencontro ou da contradição, afirmando sem o menor
constrangimento:" Acidente é o mesmo que chacina, massacre, barbárie".
Confundiu um fato inesperado, com outros premeditados, Acidente pode nem ter
vitimas, acontecido de forma "acidental". Ao contrario das outras
palavras. Temer ainda agravou:"Todos são SINONIMOS".
O assunto
vai se prolongar, e para infelicidade geral, tem no primeiro plano, o Ministro
da Justiça, Alexandre Moraes. Estava sumido desde que foi rotulado de
"chefete de policia". Reapareceu, não sai das manchetes dos
jornais,personagem das TVS em todos os momentos.
Já devia
ter sido demitido, "flagrado" em duas inverdades, sinônimo de mentira.
A primeira: "A governadora de Roraima PEDIU AJUDA, para a questão
dos invasores da Venezuela". NEGOU. Quando sugiram os documentos,
ficou em situação insustentável.
A segunda
leviandade: "A Força de Segurança não pode atuar no interior das
penitenciarias". Tão absurdo, que foi desmentido oficialmente, não pôde
nem se defender. Temer tem dito que fará "reforminha"
ministerial,depois da vitoria de Rodrigo Maia. È possível que o Ministro da
Justiça esteja na lista.
REDUÇÃO DOS JUROS
Poucos
jornalistas têm tratado com tanta insistência da questão dos juros quanto este repórter. Em fevereiro de 2015, com os juros em
14,25, escrevi que já deveriam estar em 10 por cento. E lembrei: a própria
Dilma, reeleita, já estivera com a Selic em 7 por cento.
Em
fevereiro de 2016, ainda nos 14,25, mostrei como era fundamental e altamente necessária
a redução. Continuou a displicência. 3 meses depois da posse de Temer, voltei a
chamar a atenção para o assunto. 2 meses depois, duas reduções de 0,25 cada,
ficamos em 13,75 e mais nada.
No
inicio de dezembro de 2016, o presidente do Banco Central afirmou: "Na
quarta feira, 11 de janeiro de 2017(amanhã) reduziremos a Selic". Não
disse em quanto. Deixou que adivinhassem. Nas vésperas de Natal, tirando 15
dias de férias (estou voltando hoje),analisei:se o BC reduzir 0,50 por mês em
2017, serão 5 por cento, E consequentemente, a Selic estará em 8,75. Ainda é
alto, mas é alguma coisa.
Só
que o Presidente do BC, retificou: "Fecharemos 2017 em 10,75".
Amanhã, na certa, a redução será de 0,50, podendo ser de 0,75. Mas isso é
circunstancial, quando deveria ser convicção. Ou a certeza: sem a redução
substancial dos juros, não chegaremos a lugar algum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário