Titular: Helio Fernandes

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Novos prefeitos: nem renovação nem esperança. "ACIDENTE PAVOROSO".

HELIO FERNANDES

A expectativa da eleição municipal era muito grande. Principalmente nas capitais e nas maiores cidades, com população acima de 200 mil habitantes. O interesse se concentrava em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, pela importância das cidades e o suposto futuro dos prefeitos eleitos. Mas a decepção se diluiu nas campanhas, e se tornou insuportável a partir da posse.

Em São Paulo se localizou um episodio importantíssimo, tendo como foco a sucessão presidencial de 2018. Alckmin, 4 vezes governador, e um dos mais certos concorrentes a presidente (a segunda candidatura), não ficou estático ou contemplativo. Participou da escolha do candidato do seu partido, o PSDB. Escolheu o milionário João Doria, preterindo todos os possíveis nomes da legenda. Não pertencia a nenhum partido, se filiou com a primeira afirmação espetacular: "Não sou político e sim gestor". 

Patrocinado abertamente pelo governador, eleito no primeiro turno, com grande vantagem. Surgiu então com a segunda resposta, a uma pergunta que ninguém lhe fez: "Não serei candidato á REELEIÇÃO".

Repetiu isso varias vezes entre a vitória e a posse. Surpresa em cima de surpresa. Na chegada efetiva ao poder, no primeiro dia deste 2017, que custou tanto a começar, repetiu o cansativo bordão. Ridiculamente vestido de gari, mal conseguia segurar a vassoura. Tentava repetir o Janio Quadros de 1950, embora só tivesse nascido  em 1968.

Haja o que houver, Doria jamais será um Janio Quadros. E ninguém repetirá a sua carreira arrasadora mas também mistificadora. Em 12 anos foi de vereador a Presidente da Republica. Vereador em 1948, deputado estadual, prefeito, governador, presidente da Republica. Tudo pelo voto direto. Se ligou aos generais ambiciosos. Que lhe propuseram governar com plenos poderes. E para sempre. Aceitou. Renunciou.

Desvairado pela bebida, começava a beber quando acordava. Ia dormir bêbado. Sem caráter e sem convicções, nada deu certo. Foi a grande vitima, desapareceu do mapa. Também foi o "pai e a mãe" do golpe de 64. Os generais ganharam  21 anos de governo atrabiliario, privilégios, direito á tortura, poder, perseguições, imunidade e impunidade).

O FUTURO DE DORIA.

Até onde se pode ver, sua carreira vai até o ultimo dia de 2020. Se for o grande "gestor" que apregoa, será aplaudido nas ruas. Receberá apelos para um novo mandato. Impossível, sua palavra terá que estar acima de desmentidos. O que pode fazer: se candidatar a governador em 2022. Mas em 6 anos acontece muita coisa. Se não conseguimos avaliar o que acontecerá, neste 2017 que demorou a começar, como fazer planos para um futuro tão distante.

Para Doria, que é "gestor "e não político, um caminho intermediário. Se não pode repetir Janio Quadros, pode imitar José Serra. Este se elegeu prefeito, se desincompatibilizou, se elegeu governador. Se tentar essa hipótese,dentro de 16 meses, Doria e Alckmin, se encontrarão novamente. Mas um contra o outro.

Alckmin terá que deixar o governo em abril de 2018, desincompatibilização obrigatória. Mas aí, as condições serão rigorosamente adversas pra o  gestor João Doria. A ambição não é boa conselheira.

NA CAMPANHA, CRIVELA SE ESCONDEU DE DEUS

Eleito senador, era o primeiro trampolim para o "projeto" do tio, o Bispo Macedo. Que pretendia ser presidente da Republica. Tinha tudo, faltava um cargo executivo. Candidato a prefeito do Rio, perdeu. Mais 2 anos, outra derrota, agora para governador. Poderoso e importante, Macedo percebeu que tinha muitas incompatibilidades, tirou seu nome do "projeto". Mas não desistiu, continuou, com o sobrinho como  substituto.

Já perdera muito tempo, mas faltava o cargo executivo. Crivela se lançou a prefeito pela segunda vez. Só que como nas outras, saía na frente, parava, passou a ser chamado de "cavalo paraguaio". Ouviu amigos, todos localizaram o mesmo equivoco:"Insistia que era Bispo, evangelico, hostilizado por todos os lados". Mudou de tatica e de estrategia.

Abandonou a religião ,esqueceu que era bispo, que sua  fé era evangelica, pulou na frente e não parou. Podia ter ganho no primeiro turno, eram muitos candidatos, mas não correu nenhum risco. Entre a vitoria e a posse, tres dias de conversa com o tio, um unico assunto na agenda: a presidencia da Republica.

Obstinação de Macedo, nenhum protesto de Crivela. Advertencia de Macedo:"Prepare-se. Pode haver eleição indireta pelo Congresso, não demora muito, ganharemos". Crivela não ficou surpreso, Macedo continuou:"Se não for neste 2017, será em 2018". Alertou:"Perdemos muito tempo, mas chegaremos lá". Portanto, se convençam, já existe um candidato na praça.

O MINEIRO FALASTRÃO

Em Minas todos já sabem. Para ganhar de Aecio e do PSDB, basta lançar um candidato. Aconteceu na eleição para governador, se repetiu para prefeito. Só que perderam para Kalil, ex-presidente do Atletico. Quando apareceu seu nome como candidato, as arquibancadas explodiram. Gargalhadas, e repercussão negativa do candidato. 

 Vencedor  com o lugar comum, "não sou politico", não parou mais de falar."Belo Horizonte vai conhecer administração de verdade, e nova realidade". Mais gargalhadas, e o desalento da população que vive na capital. Mas o que fazer ?Mudar para outro lugar ?

OSASCO: O PREFEITO, DA PENITENCIARIA PARA A POSSE

Uma das mais importantes cidades da "grande" São Paulo, dessa vez inteiramente desligada do PT. Rogerio Lins eleito, antes da posse foi de ferias para a Disneylandia. Mal chegado lá, recebeu comunicação: havia um mandado de prisão contra ele. Voltou imediatamente, se apresentou á policia.

Sem lenço nem documentos, foi enviado diretamente para a penitenciaria de Tremembé. Os fatos se sucederam. 1-Ficou 3 dias na penitenciaria. 2- Para sorte dele, ainda não haviam começado as rebeliões, Manaus, Roraima, o que vier.3- Veio o fato consumado: pagando fiança de 300 mil reais, estará livre para tomar posse. 4- O pai pagou, foi libertado, tomou posse.5- Quem recebeu o dinheiro?.6- Quem mandou prender, e mandou libertar?. 7- A comunidade, apavorada.

BARBARIE, MASSACRE, CHACINA, QUE
TEMER TRANSFORMA EM ACIDENTE PAVOROSO

O problema das penitenciarias no Brasil, tem  uma eternidade. E sempre com a mesma origem e consequencia: excesso de presos, mistura de assassinos vocacionais com reclusos circunstanciais. E isso de um tempo em que a droga não era o fator principal ou fundamental. Ha mais de 50 anos, o grande mestre Evandro Lins e Silva, revoltado, bradava: "È preciso acabar com a superlotação das penitenciarias, criar  penas alternativas".

Ministro do Supremo, quando veio 64, falaram logo na cassação dele e de outros 2 ministros. O bravo Ribeiro da Costa, presidente do Supremo, soube, telefonou para o "presidente" Castelo: "Se algum Ministro for cassado, fecho o tribunal, mando a chave para o senhor". Corajosos de papel pintado, os generais recuaram, aposentaram Evandro e mais 2 ministros.

Meu primeiro advogado, já antes do golpe, conversavamos muito, principalmente sobre esse assunto, que Evandro conhecia a fundo. E sobre a inutilidade e a desumanidade das penitenciarias compartilhadas.

 Agora, quando se acreditava que o problema era de segurança publica. Surge  a gravissima questão da SEGURANÇA NACIONAL. E  a possibilidade cada vez mais perto de haver a "mexicanização " ou transferencia para o Brasil do problema das Farcs. Com as quais, essas facções de Manaus e Roraima, têm ligações.

A situação é gravíssima, qualquer que seja o angulo da  analise. Para agravar as coisas, surgem as penitenciarias "privadas", que não existiam antes. Introduzindo a corrupção nas relações entre os governos e os criminosos. Nas penitenciarias de São Paulo, o governo gasta 1 mil e 300 reais por mês com cada preso. Em Manaus, a empresa particular recebe 5 mil reais por preso. 

E um  fato que não foi colocado nem explicado. A empresa assinou contrato com o governo para administrar um presídio com pouco mais de 3 mil presos.Como no momento os presos passam de 10 mil, a perguntinha inútíl, inócua e irrespondível: a empresa recebe pelo contrato ou pela realidade? 

(Quando assumiu, Obama encontrou 26 por cento das penitenciarias, privatizadas. Apesar da resistência dos republicanos, reduziu para 9 por cento. E deixou um relatório-libelo contra esse tipo de "administração").

O PRESIDENTE INDIRETO,
EXAGERA NOS EQUIVOCOS DIRETOS

Temer levou 4 dias para se manifestar sobre o assunto. Bastante provável que apesar dos 24 anos decorridos, sua memória tenha se voltado para Carandiru, os 111 assassinados e o crime do PMDB. O governador Fleury, era do partido. O secretario de segurança, enviado para procurar conciliação, o próprio Michel Temer, também do PMDB.

 Assim que resolveu falar, duas impropriedades. A primeira, enormidade em matéria de solução: "Vamos construir 5 penitenciarias federais, e mais uma penitenciaria em cada estado". Absurdo completo. O correto não é encher novas penitenciarias, e sim  esvaziar as que já existem. Mas para isso é preciso competência e independência.

A segunda excentricidade ou extravagância: abandonou as palavras utilizadas por quase todos, principalmente "tragédia anunciada". E tentou inovar,com essa impropriedade real, que chamou de ACIDENTE PAVOROSO. A repercussão negativa, total, criticadissmo. Foi  então aos dicionários do Aurélio e do Houaiss, voltou mostrando que não sabe nem ler ou se expressar.

Abusou  do desencontro ou da contradição, afirmando sem o menor constrangimento:" Acidente é o mesmo que chacina, massacre, barbárie". Confundiu um fato inesperado, com outros premeditados, Acidente pode nem ter vitimas, acontecido de forma "acidental". Ao contrario das outras palavras. Temer ainda agravou:"Todos são SINONIMOS".

O assunto vai se prolongar, e para infelicidade geral, tem no primeiro plano, o Ministro da Justiça, Alexandre Moraes. Estava sumido desde que foi rotulado de "chefete de policia". Reapareceu, não sai das manchetes dos jornais,personagem das TVS em todos os momentos.

Já devia ter sido demitido, "flagrado" em duas inverdades, sinônimo de mentira. A  primeira: "A governadora de Roraima PEDIU AJUDA, para a questão dos invasores da Venezuela". NEGOU.  Quando sugiram os documentos, ficou em situação insustentável.

A segunda leviandade: "A Força de Segurança não pode atuar no interior das penitenciarias". Tão absurdo, que foi desmentido oficialmente, não pôde nem se defender. Temer tem dito que fará "reforminha" ministerial,depois da vitoria de Rodrigo Maia. È possível que o Ministro da Justiça esteja na lista.

REDUÇÃO DOS JUROS 

Poucos jornalistas têm tratado com tanta insistência da questão dos juros quanto este repórter. Em fevereiro de 2015, com os juros em 14,25, escrevi que já  deveriam estar em 10 por cento. E lembrei: a própria Dilma, reeleita, já estivera com a Selic em 7 por cento.

Em fevereiro de 2016, ainda nos 14,25, mostrei como era fundamental e altamente necessária a redução. Continuou a displicência. 3 meses depois da posse de Temer, voltei a chamar a atenção para o assunto. 2 meses depois, duas reduções de 0,25 cada, ficamos em 13,75 e mais nada.

No inicio de dezembro de 2016, o presidente do Banco Central afirmou: "Na quarta feira, 11 de janeiro de 2017(amanhã) reduziremos a Selic". Não disse em quanto. Deixou que adivinhassem. Nas vésperas de Natal, tirando 15 dias de férias (estou voltando hoje),analisei:se o BC reduzir 0,50 por mês em 2017, serão 5 por cento, E consequentemente, a Selic estará em 8,75. Ainda é alto, mas é alguma coisa.

Só que o Presidente do BC, retificou: "Fecharemos 2017 em 10,75". Amanhã, na certa, a redução será de 0,50, podendo ser de 0,75. Mas isso é circunstancial, quando deveria ser convicção. Ou a certeza: sem a redução substancial dos juros, não chegaremos a lugar algum.











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